Jeff Kinney sempre foi inteligente tão quanto Alaric. Ele era um homem que agora seria muito diferente do que na época passada. O cabelo era liso, bem penteado e castanho-claro. Usava óculos grandes de armação negra e por trás das lentes arredondadas estavam seus olhos verde-claros que sempre chamara atenção de qualquer garota.
A pele era bem clara, era alto, magro, porém um pouco menor que Alaric e usava uma camisa vermelha, um tom que era tão vivo como sangue fresco que começara a escorrer de uma área danificada do corpo.
Elise cumprimentou-se, mas não reconheceu Jeff tanto como achou que seria. Ela viu as diferenças evidentes em suas características físicas. Contudo, não se deixou abalar pelas mudanças do tempo, o que era pra ser dito seria mais importante.
— É você mesmo? — Ele perguntou.
— Sim, sou eu. Não está me reconhecendo?
— Desculpe, mas não. — Ele riu. — Nossa, você está...
— Diferente?
— Muito gata.
— Obrigada. — Agora ela riu. — Confesso que também não o reconheci quando o vi, você está bem diferente.
— O tempo parece ajudar alguns e atrapalhar outros.
— Ah que isso Jeff, você está ótimo! Eu quis dizer que você está melhor agora. Não que você não estivesse antes, mas... Ai, me atrapalhei.
— Tudo bem, eu entendi. Por favor, sente-se. Gostaria de uma xícara de café?
— Ah não, obrigada. Eu estou com um pouco de pressa.
Elise e Jeff se sentaram no mesmo sofá, prostrando-se um de frente para o outro. Jeff estava com um olhar de mistério e um semblante de preocupado, pensara que a conversa seria longa. Elise estava terrivelmente preocupada, uma expressão de tristeza e talvez indignação. Embora não quisesse contar a ninguém, não tinha escolha. Precisava de algumas explicações.
De início, ela contava sobre a época que estudava, ora elogiando ora odiando alguns de seus professores. No seu relato, adicionava o marido, o irmão e até o próprio Jeff à sua história, ambos estudaram juntos. Chegara à parte do casamento e depois dissera sobre o fantasma. O semblante de Jeff mudara drasticamente para a incredulidade, provavelmente ele não estivera acreditando muito, mas ouvia com atenção. Por fim, Elise chegara ao ponto crucial de sua visita àquela hora da noite.
— Jeff, eu sei que você foi o melhor amigo do irmão do meu marido. Por favor, me fale qualquer coisa que você souber sobre ele desde aquela época. Você precisa me ajudar.
— Espera, amigo de quem?
— Amigo do Arkin!
— Arkin?
— Sim.
— Elise, acho que você confundiu os gêmeos. Eu sempre fui amigo do Alaric, nunca falei muito com o Arkin. Afinal, o Arkin sempre foi um idiota.
— É, eu concordo. Mas não pode ser, Alaric é o meu marido. Foi Arkin quem desapareceu. Naquela época, você andava com ele sempre nos intervalos.
— Eu andava com o Alaric. Como eu te disse, eu não falava com o Arkin. Você lembra como ele era.
— Claro. Mas eu ainda não compreendo...
— Você sabia identificar quem era quem?
— Bem, depois de você me dizer que era amigo do Alaric e não do Arkin, agora eu acho que não sabia dizer quem era quem. Se não me engano, Arkin tinha duas cicatrizes...
— Uma no braço e outra um pouco abaixo do joelho?
— Isso.
— Era o Alaric.
— Mas e o cabelo?
— Arkin tinha cabelo grande e Alaric sempre cortava.
— Isso é muito estranho. Nunca vi uma cicatriz no Alaric e ele tinha cabelo grande.
— Então parece que temos um problema.