Chapter VIII

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TALK TALK

Harry

Aquilo tinha sido angustiante, eu consegui trazê-lo para cá 20 segundos antes que a polícia recebesse o alerta de invasão em minha prisão domiciliar. Esse canto escuro do quintal era o único lugar da casa que não tinha, digamos assim, sinal? Eu não sei direito o que acontece, afinal, não sou nenhum fissurado em cibernética, eu só sei que a luzinha azul, que monitora a minha permanência em um perímetro de 400 metros, apaga. Até então eu não precisei usá-lo, afinal, nunca deixei que ninguém entrasse aqui. Parece que os planos mudaram.

Olhei para ele e me foquei em seus olhos, aquele azul piscina visto assim tão de perto me causou um arrepio intenso na espinha. Ele era tão lindo. Seu nariz arrebitado e delicado combinava perfeitamente com seus lábios bem desenhados. Tratei logo de afastar esses pensamentos, afinal, nessas circunstâncias, o mínimo de envolvimento com pessoas é a melhor escolha, infelizmente.

Passou-se alguns minutos até que eu pudesse, enfim, falar alguma coisa, perguntar aquilo que já estava entalado em minha garganta.

— Qual é o seu nome? - perguntei e ele pareceu se assustar com a minha voz. Eu e essa mania de assustar as pessoas.

— Louis. - respondeu somente.

Louis combina com ele. Definitivamente.

— E o seu? - falou com com brilho no olhar, um pouco receoso.

— Harry. - falei.

Ficamos em silêncio por no mínimo uns 2 minutos.

Ta, isso já está ficando muito embaraçoso, eu já o vi se masturbar, uma barreira praticamente quebrada, não devia existir tamanha receosidade não?

Foi aí que, com um suspiro sem paciência, Louis finalmente corta aquele silêncio sepulcral instalado no local.

— Então Harry, vai me explicar ou não o porquê de você ter me trazido correndo pra cá? Sabe, eu até gosto de natureza, mas já está ficando frio aqui fora e eu realmente preferiria um sofá confortável. - eu ri de seu comentário. Se eu pudesse levá-lo para minha casa...

— É uma longa história, você não vai querer saber... - falo e ele prontamente rebate:

— Eu tenho todo o tempo do mundo, Harry. - fala e cruza os braços esperando que eu conte a longa história que eu lhe disse.

— O que te faz pensar que eu contaria a minha longa história para um completo desconhecido que invadiu a minha casa duas vezes? - digo e ele arregala os olhos com um olhar de indignação.

— Auto lá! Eu não invadi a sua casa, eu só estava querendo me comunicar com o meu vizinho e atravessei o limite do portão, nada de mais, e além disso, você me viu me masturbar pela janela da minha casa, parece que não sou só eu que anda invadindo a privacidade alheia não acha? - termina de falar e eu abro a boca em total incredulidade. Ele vai realmente tocar nesse assunto?

— Aquilo foi um acidente, eu estava na frente da minha casa enquanto você se tocava em plena luz do dia e com a janela completamente escancarada, para qualquer um olhar. A culpa foi única e exclusivamente sua. - termino de falar e vejo que Louis ficou vermelho de raiva.

— Olha aqui seu vizinho tarado, eu não vim aqui discutir minhas intimidades...

— Foi você que começou com esse assunto. - o cortei, deixando-o com mais raiva ainda.

— Tudo bem Harry, eu comecei o assunto mas agora eu quero encerrá-lo! Eu vim aqui para tratar de negócios, e, como nós não podemos tratá-los em uma mesa confortável, vai ser aqui mesmo, no meio do mato, eu queria saber se você aceitaria um jardineiro para tomar conta do seu jardim que está precisando, urgentemente, de alguns ajustes e cuidados.

O quê? Ele veio até aqui me pedir emprego? Ele só pode ser louco.

— Quem disse que eu preciso de alguém para cuidar dele? Olha Louis, eu realmente aprecio sua preocupação, mas não vai rolar. Isso está fora de cogitação.

— Olha, eu não queria ter que implorar mas eu realmente preciso do dinheiro e aqui nessa cidade não existe muitas opções de emprego, esse seria o trabalho perfeito, eu amo flores e...

Parei de escutá-lo quando eu noto que a luzinha que monitora a minha tornozeleira tinha acendido novamente e eu não havia percebido. Puta que pariu. Há quanto tempo será que ela está acesa? Conversando com Louis eu nem percebi que nós tínhamos nos movido. Pouco, mas foi o suficiente para o sinal da tornozeleira voltar. Eu precisava tirá-lo daqui, e, aquilo, de alguma forma, me machucava profundamente. Eu gostava de sua presença.

— Você precisa sair agora. - falei na esperança de ele atender meu pedido prontamente, não queria ter que arrastá-lo novamente.

— O quê? Mas... - foi aí que ele seguiu meu olhar para a tornozeleira e arregalou os olhos parecendo entender a situação. Logo ele estava atravessando o portão.

— Obrigado. - falei fechando o portão e checando a luz da tornozeleira que voltou a ficar azul dando sinal de legitimação.

— Harry, eu não sabia que ninguém podia entrar... Me desculpa, eu não queria causar nenhuma confusão. - Louis começou se desculpando e eu logo o cortei:

— Você não tem culpa, eu não lhe avisei da tornozeleira, não tinha como você adivinhar. - falei e ele começou a me analisar, olhava fundo em meus olhos parecendo enxergar cada rachadura em minha quebrada alma, cada fraqueza. Aquilo era intenso demais. Tratei logo de desviar meu olhar, não conseguia mais olhá-lo. Não com seu olhar sobre mim. Ele deve achar que eu sou um delinquente e está com certo medo de mim ou, deve achar que eu sou um coitado e está com pena de mim. Foi aí que a sua frase seguinte me surpreendeu completamente:

— Você é inocente, Harry. Seja lá o que aconteceu em seu passado, eu acredito em você.

°☆°☆°☆°

Mais um capítulo larries!!! Demorou um pouquinho mas chegou, espero que tenham gostado. Não esqueçam de comentar e votar se gostaram do capítulo viu?

Beijos até a próxima ;) xx

I Believe You | l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora