Chapter III

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ANKLE MONITOR

Harry

Saí do chuveiro e peguei uma toalha para secar-me. Entrando no quarto fui em direção ao armário e optei por usar uma calça de moletom, não usaria camisa, apesar do clima frio e álgido lá fora, eu detesto usar camisas para dormir, irei espantar o frio com milhares de cobertores e lençóis.

Secando meu cabelo com a toalha me pego olhando em direção à casa oposta à minha. O tal garoto de olhos azuis. Rio comigo mesmo lembrando dos acontecimentos do dia anterior. Ele ficou assustado, tenho que parar de assustar as pessoas assim. Porém, assim era melhor, quanto menor o envolvimento com pessoas, melhor seria aceitar a minha posição.

Com esse pensamento olho em direção ao meu tornozelo, aquele acessório de cor negra enfeitando minha pele, a luzinha azul indicando "legitimação" ou "fora de perigo". Aquilo era ridículo. Eu passei a usar a tornozeleira eletrônica quando eu saí da prisão depois de 4 anos. Ela era uma espécie de algema bondosa, sendo permitido a estadia somente em um perímetro de 400 metros, ou seja, até o limite do portão da minha casa. Um inferno!

Você deve estar se perguntando do porquê disso tudo não?

Dou esse mérito a minha mãe, ela me tirou da cadeia por simples e insensível fato de "aparências", ela não me tirou da prisão por acreditar em minha inocência, não. Anne Styles não tinha coração. Devo ter herdado isso dela.

Quando tudo aconteceu à 5 anos atrás, todos, eu digo deveras todos, ficaram contra mim. Pude ali perceber realmente quem eram aquelas pessoas que anteriormente me diziam "se precisar de alguma coisa, estarei sempre aqui". Papo furado. Eu fui um idiota por acreditar nisso. Nem de minha família eu recebi apoio. Eu devo ser um estúpido por um dia sequer ter me importado com eles.

Na prisão eu tive um advogado que me informava toda a investigação do crime, desde pistas à falsos rumores. Eu precisava achar o culpado do assassinato de Connor, meu Connor. Lembranças atormentam minha mente e eu trato logo de esvair meus pensamentos.

Bom, continuando, depois de 4 anos preso, meu advogado conseguiu uma liminar que comprovasse minha "inocência provisória". Não foi de fato meu advogado que conseguiu isso. Depois de sair da cadeia ele me contou que quem arrumou um jeito para eu sair daquele inferno foi a minha mãe. Ela nada mais fez que oferecer alguns milhões de libras à algum sargento da polícia para dar-me uma prisão domiciliar provisória, visto que não existiam provas concretas que me condenassem, porém, também, não existiam álibis que comprovassem minha inocência. Resumindo, eu tenho que ficar nessa casa 24 horas por dia, até que achem o verdadeiro culpado pelo crime. Eu sou uma espécie de dúvida para os investigadores. Que piada.

Depois que a minha mãe ajudou-me a sair da cadeia, quando eu pensei existir algum ínfimo afeto partido dela, ela me menospreza mais uma vez, lembro-me perfeitamente daquele dia.

Flashback on

— Você acha que eu fiz isso por você Harry? - falou dando uma risada malévola - Eu fiz isso porque a cidade já estava toda comentando sobre você, eu já estava perdendo contatos importantes por ser taxada de "a mãe do assassino". Eu precisei fazer alguma coisa por mim, não por você. Agora saia da minha casa, seu bastardo malfeitor!

Tentei engolir o choro e não deixar a teimosa lágrima cair sobre meu rosto. Não pisaria naquela casa nem mais um segundo.

Enquanto passava pela porta luxuosa da casa escuto-a falar:

E tente não matar mais ninguém por aí, tenho assuntos mais importantes para tratar do que ficar tirando moleque inconsequente da cadeia.

Dito isso não me atrevi a olhar para ela, as lágrimas já rolavam soltas pela minha face.

Flashback off

Tentei afastar essas dolorosas lembranças da minha mente e tentar dormir. Logo o jeito desastrado do meu vizinho perdurou meus pensamentos, um sorriso apossou-se do meu rosto mas logo a tristeza toma lugar a expressão de felicidade quando lembro-me que, eu não consigo sair da minha casa, assim como, ninguém consegue entrar. Esses 5 minutos de tolerância judicial são os únicos minutos que eu posso passar perto de alguém, perto dele, antes que a polícia chegue e me prenda novamente. Eu estou, verdadeiramente, só.

°☆°☆°☆°

Terceiro capítulo prontinho! Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar e votar viu, quero saber o que estão achando da história!

Beijos e até a próxima meus amores xx :)

I Believe You | l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora