Chapter XII

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REVELATIONS

Harry

Como ele sabia que no passado eu fazia filme pornô? Isso é inconcebível! Essa caótica parte da minha vida devia estar guardada a sete chaves sem que ninguém pudesse ter a audácia de abrir.

Eu comecei a ganhar a vida através da pornografia quando eu saí de casa em razão da minha querida mãe que me obrigou, por live e espontânea pressão, a casar-me com Beatrice, uma mulher mesquinha e burguesa que nunca se contentava com nada que possuía, aquela clássica elite sem cérebro. Então, minha mãe declarou que, se eu não me casasse com Beatrice, ela me deserdaria.

Não pensei duas vezes, afinal, eu era gay, e ela sabia disso. Saí de casa no dia seguinte ao seu decreto. Sem saber para onde ir, decidi-me por arranjar algum emprego em que incluísse moradia no pacote.

Porém, a batalha não foi fácil, eu tive que passar por muitos empecilhos para conseguir de fato algum trabalho. Passei fome e tive que conviver com moradores de rua, esses sim eram exemplos para sociedade, emprestavam-me cobertores e me davam comida mesmo não tendo nem mesmo o suficiente para eles mesmos.

Foi em uma noite estrelada e relativamente fria que um homem alto usando um terno negro me fez uma proposta no mínimo indecente: fazer parte de um elenco para um filme pornô.

No começo recusei, obviamente, mas quando ele mostrou-me a remuneração proveniente do salário do filme eu, verdadeiramente, reconsiderei a proposta. Esse dinheiro iria ajudar muito em meu futuro, meu sonho de verdade era ser músico, mas minha família nunca ao menos considerou essa hipótese, não, jamais, eu tinha que seguir o legado deixado pelo meu pai na empresa Styles. Que piada. Porém, agora que eu tinha minha autonomia e livre arbítrio para fazer o que eu bem entendesse, decidi por aceitar a proposta. Seria a partir dai uma longa e conturbada parte da minha vida. Foi aí que eu conheci Connor. Foi aí também onde tudo aconteceu.

Voltando meus pensamentos aos olhos azuis a minha frente a raiva apossou-se sobre mim. Como ele sabia disso? Seria ele um detetive disfarçado para tentar arrancar de mim uma confissão do crime?

— Como você sabe disso? - pergunto e respiro forte tentando controlar a raiva que insistia em me tirar do sério. Eu sabia que eu não devia confiar em ninguém. Viver sozinho é e sempre será a melhor escolha.

— Eu vi você atuando pela televisão da minha casa um dia desses. - fala como se fosse algo extremamente rotineiro - No começo eu não tinha certeza se era você, mas, no dia seguinte, eu confirmei minhas desconfianças. - termina de falar e fixa seu olhar em minha tatuagem de rosa.

Então ele tinha me visto atuando. A vergonha tomou instantaneamente o lugar da raiva. Que merda Louis. O que será que ele fez quando viu meu film... Espera ai? Será que...

— Louis, que dia exatamente você viu meu filme? - pergunto e o vejo engolir em seco e empalidecer-se. Eu não acredito que aquele dia quando eu vislumbrei a cena íntima dele em frente a minha casa ele estava assistindo ao meu filme. Louis se masturbou pensando em mim! Puta que pariu.

— Eu não acredito nisso! - falo e ele logo se defende:

— Eu estava carente, afinal, eu estou há um bom tempo ser me relacionar com ninguém, quer saber, vamos fazer um acordo aqui, eu não te julgo e você não me julga, okay? - termina de falar e levanta seu dedo mindinho no intuito de selar nosso acordo. Eu não resisto a uma gargalhada.

— Você está realmente propondo que nós façamos uma promessa para não julgarmos um ao outro? - falo com um sorriso no rosto. Ele não existe!

— É exatamente isso que eu estou propondo Harry, é pegar ou largar, olha que eu tenho uma série de julgamentos sobre você que estão loucos para serem ditos. - fala e me lança um olhar desafiador.

Sem outra saída aparente, decido por fim cruzar meu dedo em seu mindinho e selar a promessa.

— Pronto, agora vamos mudar de assunto. - falo e ele logo me interrompe:

— Nada disso! Eu falei sem julgamentos e não questionamentos, o intuito disso tudo aqui não era nos conhecermos? Então vamos começar por ai, por que você começou a fazer esse tipo de filme?

Respirei derrotado, seria perda de tempo tentar convencê-lo a não tocar nesse assunto. Conto-lhe toda a história, quer dizer, até a parte do homem que me fez a proposta. Ninguém precisa saber da parte do Connor.

— Uau, sua mãe é durona não? E seu pai? - questiona e eu estremeço, não gostava de falar sobre ele, a sua ausência diária me fazia muita falta.

— Ele faleceu quando eu tinha 10 anos. - falo somente com a esperança de que Louis compreendesse que eu não queria tocar nessa ferida.

— Perdoa-me, eu não sabia. - fala e eu lhe entrego um sorriso fraco em resposta. Percebo também que ele fica triste, seus olhos forçam um brilho que vai sumindo aos poucos. Ele se identificou com isso. Quem será que ele perdeu? Devo perguntar-lhe?

— Está tudo bem. - decido por somente acalmá-lo.

Ficamos em silêncio por outros bons minutos e agora foi a minha vez de quebrá-lo.

— Você poderia colocar aquele disco do Nirvana agora? - ele vira seu rosto para mim e exibe um sorriso maravilhoso.

— Já estava na hora de você me pedir, Harry. - fala e vai em direção a estante saturada de discos dos mais variados estilos.

— Droga! - ele fala e passa as mãos pelo cabelo. - Esqueci de pegar o toca discos.

— Sua inteligência me comove, Louis - falo e ele me olha com um olhar extremamente debochado.

— Ah então é assim? - ele me lança um olhar desafiador e vai andando de costas para a área em que o sinal da minha tornozeleira funciona. Logo, meu olhar antes animado se transforma em extrema tensão. Eu irei matá-lo um dia!

— Louis, isso não tem a menor graça, é assunto sério. - falo e dou uma olhada na tornozeleira que não para de piscar!

— Retire o que você disse e eu saio rapidinho daqui. - fala com um olhar presunçoso, me sinto sua cobaia, extremamente impotente perante a sua ameaça.

— Deixa de brincadeira Louis, você está mexendo com coisa séria e eu não gosto disso...

— 1 minuto e 24 segundos... - EU O ODEIO!

— Tudo bem, eu retiro o que eu disse, você é a pessoa mais inteligente desse mundo e só esqueceu o toca discos por puro descuido, agora sai da porra desse lugar e vem para cá imediatamente! - falo e o vejo, lentamente, vir para a área segura, livre do sinal.

— Viu, nem foi tão difícil assim Harry, estou sentindo que chantagem irá ser uma das minhas maiores armas contra essa sua cautela em dizer as coisas sobre seu passado. - fala e me lança uma feição brincalhona.

— Nem nos seus sonhos você irá conseguir me manipular de novo, nem que eu tenha que amarrar você nessa cama. - falo e ele, sem vergonha diz:

— Não seria uma má ideia. - eu estou fodido.

°☆°☆°☆°

Mais um capítulo fresquinho pra vocês!!! Me digam o que estão achando, quero sugestões e opiniões viu, deixem sempre seu comentário e estrelinha, significa muito pra mim :)

É isso, fiquem bem e até a próxima xx :)

I Believe You | l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora