WAKE UP!
Harry
"A respiração cortante devido ao frio e a adrenalina pulsando forte em minhas veias se misturam às gotas de suor que escorrem livre pela minha pele. Eu terminava de cheirar a última carreira do pó branco auto destrutivo a minha frente. A intensa euforia e o deleitoso prazer sacodem meu corpo e eu me perco a pensamentos. Isso é real? O que não é realidade?
Olho em volta à procura de Connor e o encontro encostado na cama de casal velha do local, sentado no gélido chão de assoalho, com os olhos abertos aproveitando as mesma sensações das quais eu sentia.
Após algum tempo, quando o efeito da droga começa a dissipar-se feito cinzas jogadas ao vento, o sentimento de intensa depressão, tensão e avidez por mais droga se torna presente. Eu sabia que os "efeitos colaterais" da cocaína não eram nada agradáveis. Eu sabia também que estava viciado. Mas eu não me importo. Eu estou com ele.
— Hey, Connor, você tem mais disso guardado? - perguntei a ele esperançoso, eu precisava de mais droga.
— Eu não tenho mais, Harry. Nós já acabamos com o estoque do mês seguinte. Estamos na merda. - termina de falar e suspira derrotado.
— Connor, nós temos que conseguir mais, eu estou fodido, a minha mãe fica importunando-me sempre, e insiste na ideia de casamento com a patricinha metida a besta, também tem o Charles, ele está prestes a demitir-me, decretou que se eu não aceitasse fazer as "obrigações contratuais" para o novo filme pornô ele me colocaria na rua. - eu disse respirando fundo e tentando não me perder nos meus próprios problemas. - As minhas únicas alegrias, se é que posso chamar assim, são essa porcaria de cocaína e você, Connor - falo e me arrasto para perto dele, encostando minha mão em seu cabelo loiro dourado.
— Eu sei, Harry - ele fala e seu tom me parece um pouco receoso e suspeitoso.
Viro-me para olhar seus olhos e tenho a resposta cruel: ele está escondendo alguma coisa de mim.
— O que é, Connor? O que está escondendo de mim? - falo agora tirando minhas mãos de seus fios dourados e o encaro ansioso e temeroso. Seu olhar não me parece contente.
— Lembra daquele traficante de quem nós comprávamos cocaína? - assenti. - Então, ele veio me cobrar esses dias umas dívidas ai que eu tinha com ele...
— Mas que dívidas, Connor? Nós já não tínhamos sanado todas elas? Eu te dei a porra do dinheiro! - levantei-me cambaleante devido à droga e passei as mãos pelos cabelos em uma tentativa de amenizar a raiva eminente em meu corpo.
— Eu sei, Harry, perdoa-me - o vejo respirar fundo e fechar os olhos, me parece para tomar coragem para dizer as palavras seguintes. - Eu utilizei o dinheiro para comprar mais droga, eu estava exausto das crises de abstinência e quando você me deu aquela quantia descomunal eu não pude conter-me. Perdoa-me, por favor. - diz e movimenta dois passos para mais perto de mim e eu os distancio novamente.
— Você não pode estar falando sério! Eu fiz aquela porra de filme pornô para podermos nos desvencilhar de problemas com traficantes e você faz o que? Isso mesmo, aumenta mais ainda essa porra de problema. Meu Deus, Connor! Você sabe que esses caras não convivem com mal pagadores não é? Se você não paga, você morre! Morre, Connor. Você é muito estúpido! - falo e bato com toda a minha força na parede do quarto antigo e pútrido, causando um rombo na fraca estrutura da casa.
Connor deu um pulo para trás consequente ao susto e arregalou os olhos imaginando o que ele já havia presenciado meses atrás. Transtorno explosivo intermitente (TEI). Uma incapacidade de gerenciar seus impulsos agressivos. Sim, esse sou eu. Um merda.
Eu tento controlar minha respiração, não queria machucá-lo... de novo. Mas a raiva explode meus pensamentos e qualquer tentativa do meu coração em tentar afastá-la de meu cérebro é falha. A partir daí eu só escuto um barulho ensurdecedor e um grito apavorado, que eu não tenho certeza se foi causado por mim, por um agente externo ou por alguma força da natureza, porque essas memórias foram simplesmente deletadas da minha consciência."
Acordei assustado levantando rapidamente meu torso e ficando sentado na cama. Tentei normalizar minha respiração e extinguir essas memórias da minha mente, tentativa essa que não obteve sucesso. Olho ao meu redor e vejo meus lençóis molhados pelo suor preveniente do sonho-pesadelo que acabava de ter. Aquilo era caótico!
Tratei logo de levantar da cama, trocar os lençóis e tomar um banho para espantar a crescente insegurança em meu peito. Eu tinha mesmo matado o amor da minha vida? Eu não lembro de nada que aconteceu no instante seguinte àquele grito e estrondo. Eu só sei que eu acordei no outro dia ao som das sirenes dos carros de polícia e ambulâncias. O lapso de memória foi dado como uma desculpa esfarrapada para o delegado do caso e cá estou eu, preso a essa tornozeleira que me impede de ser e estar livre.
No banho eu tento ao máximo relaxar e afrouxar o nó em minha garganta permitindo que as lágrimas rolassem soltas pelo meu rosto. Esse pranto estava preso há muito tempo, eu precisava colocar para fora toda a angústia e desespero que vinha aos poucos me corroendo, essa incerteza do passado esmaga meu coração. Não ter certeza absoluta se você assassinou ou não seu namorado não é um sentimento que eu recomendo, nem para o meu pior inimigo.
Enquanto me ensaboava, a água doce do chuveiro e a salgada das lágrimas misturam-se e a tensão antes sentida começa a esvair-se como vapor pelo banheiro. A calmaria dá a graça de sua visita e eu me permito, finalmente, relaxar.
***
Depois de arrumado e de ter comido um bom café da manha (lê-se: pão com manteiga e um copo de leite; Miranda ainda não trouxe as compras renovadas, mas não a cobro, ela já fez muito por mim), eu pude descansar, precisava de uma distração e, como não tinha televisão, - nem nenhum aparelho eletrônico na casa - eu lembrei do cantinho que o Louis fez para nós. É só lembrar-me dele que o insistente sorriso aparece. Ele era incrível.
Segui para fora da casa e tive uma surpresa. Ele já estava lá!
Fui em sua direção sorrindo feito bobo.
— Olá, Louis! - falo e ele me encara com um olhar assustado e desconfiado. Seu azul brilhoso característico deu lugar a um azul acinzentado, lotado de... angústia? - O que aconteceu? - pergunto já preocupado.
O vejo respirar fundo e falar:
— Harry, eu preciso de motivos para acreditar realmente na sua inocência, por isso, se você quer continuar com isso que nós construímos até agora, prove.
°☆°☆°☆°
Um capítulo um pouco maior pra vocês. Muitas revelações não? Hahaha
E aí, o que vocês acham, Harry é ou não é inocente?
Espero que tenham gostado, amores! Não esqueçam de votar e deixar seu comentário, significa muito pra mim.
Beijos e até a próxima ;) xx
VOCÊ ESTÁ LENDO
I Believe You | l.s.
FanficApós 4 anos encarcerado, Harry Styles é liberto das paredes imundas da cadeia para viver isolado em um casarão. Sem amigos ou familiares, Harry finda raízes cada vez mais fundas em sua própria dor, afinal, ele estava sozinho. Mas não por muito tempo...