- Então quando perdemos o jipe de vista tentamos ir de apé. O deserto estava quente e nossas botas mal protegiam nossos pés, não é querido? Tivemos que andar trinta quilômetros de apé! Trinta quilômetros!- Dona Vivian não parava de nos dizer como foi viver no Egito. Seus olhos brilhavam quando falava e uma parte de mim queria mesmo escutar tudo o que ela tinha para dizer. Mas enquanto isso, a outra parte olhava para os lábios de Octávia Lancaster incessantemente - ... Faltavam apenas minutos para o sol se por e nós ainda estávamos dentro da pirâmide tirando fotos! Já pensou se nos perdêssemos? Teríamos que passar a noite nos sarcófagos!
- Isso é emocionante mamãe... - Octávia olhava para seu prato de macarrão, deve estar sendo difícil para ela ouvir a própria mãe falar sobre pirâmides e escaravelhos quando deixou a própria filha sem notícias por um ano e meio.
Olho para o restaurante e tento me concentrar num dos quadros me preparando para o que vier em seguida. Dona Vivian é uma pessoa um pouco difícil de se lidar.
- Pois parece que para você não é. - Ela faz uma careta de reprovação enquanto seu marido, Richard tenta achar palavras que possam mudar a situação - Oh Octávia! Sente-se direito! Tire os cotovelos da mesa, quantas vezes tenho que te explicar que...
- Eu já entendi mamãe! Foi ótimo te ouvir falar sobre sua maravilhosa aventura! Seria ótimo também ter notícias suas de vez em quando! - O joga o guardanapo em cima da mesa pronta para ir embora.
Eu encaro Richard que me encara também, é melhor ficarmos quietos e não causar mais estragos. Talvez possamos voltar a comer e...
- Eu pedi para que você fosse ao Egito no ano passado! Ou você não se lembra?! - Vivian disparou tão alto que várias outras pessoas nas outras mesas também começaram a acompanhar a discussão.
- Isso mamãe! ANO PASSADO! Essa foi a última vez que falei com você! - Agora O tenta se recuperar sem chorar, sua expressão suaviza e se transforma em plena tristeza - Você sabia que eu não iria, mesmo que tudo dependesse disso - Ela olha para mim e eu sinto meu corpo borbulhar, quero abraçá-la e lhe dizer que não precisa de preocupar -, eu teria que deixar tudo para trás mamãe. Theo é mais minha família do que vocês dois.
Agora ela apontou para o seu pai encolhido no canto.
- Você também tem culpa disso e sabe muito bem do que eu estou falando! - Ela desafia mais alguém a falar e quando isso não acontece assente para si mesma e como um furacão some pelas portas do restaurante.
Vivian permanece onde está e eu tento não me encolher igual ao Richard. Deve doer ouvir essas palavras vindas da O, mas era a verdade e cá entre nós ela precisava ser dita.
- Ela... - Começo a dizer e vejo os dois me encararem - Ela sempre esperou por vocês. Um eu sinto muito ou um estava com saudades a faria chorar de felicidade e não de tristeza. Me desculpem, mas eu preciso ir agora.
Saio do restaurante antes que me digam algo, eu saberia me controlar até certo ponto. Eu também sei o que a O passou nesse último ano, eles não tem o direito de dizer o que ela deve ou não fazer. Pelo menos agora não.
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Ando até minha antiga casa e noto que o jardim não é mais o mesmo. A grama está alta e as flores despencam para os lados sem terem aonde se apoiar. As janelas fechadas escondem o interior vazio e solitário. Nada mais é igual, não depois que mamãe se foi.
Hoje é a ultima vez que entro aqui. Fiz essa promessa para mim mesmo a um tempo atrás. Eu sei que ela entenderia a minha situação. Talvez de onde quer que esteja, ela me apoie. Eu preciso seguir em frente.
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Rumo ao Topo
Teen FictionLIVRO 2- Artistique-se Ser uma simples aluna nunca foi o sonho de Octavia, não quando suas mãos clamavam por tintas e pincéis. Sua boina vermelha muitas vezes pendia para os lados ameaçando cair do seu cabelo negro escorrido. Ela até que tinha vont...