A chave reserva

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Não demorou muito para que minha crise de medo começasse, por todo o tempo que estive ali, tentei manter os olhos fechados, para não ver o local que eu estava, mas era quase impossível já que eu estava agitada querendo sair dali logo. Após 20 minutos presa, comecei a ter os sintomas, suor, tremor, vista embaçada e paredes se encurtando, agora eu estava mais apavorada ainda porque não tinha ninguém por perto para me ajudar, e as chances de alguém aparecer ali eram de 1 em um milhão, praticamente impossíveis. Tentei gritar e bater na porta, mas nada adiantou, o barulho da música estava alto, ninguém me ouviria. Depois de várias tentativas, fiquei sentada ali no chão mesmo, cada vez mais apavorada pelas paredes que pareciam estar ficando estreitas. 

Mais uma vez aquela maldita sensação de ter algo impedindo a passagem do ar, levei as mãos a garganta e tentei manter a respiração firme, mas estava ofegante, com coração acelerado e agora com falta de ar, tentei me lembrar das dicas de Miguel, sobre pensar em coisas boas e esquecer os sintomas e todo o meu medo, mas não deu certo, eu tentei manter meus pensamentos os mais positivos possíveis mas tudo que conseguia pensar é que eu estava presa ali e as chances eram poucas de sair antes da festa acabar. Pra falar a verdade, o que me manteve calma naquele dia presa na sala de Ed. Física, nem foram as dicas de Miguel, eu nem si quer ousei parar  pra pensar em algo bom, o olhar dele fixo aos meus, suas mãos tocando minha pele e a calma que ele mantinha, foram suficientes para tirar todo aquele meu medo, inclusive o tom doce da voz que pronunciava, mesmo com o grave de sua voz.

Cinco minutos de sofrimento, esse foi meu tempo que consegui ficar consciente com toda aquela dor e falta de ar, meus últimos sintomas foram luzes piscando e tudo se escurecendo, meus olhos foram fechando lentamente, fui perdendo a força do corpo e desmaiei no chão do banheiro.

Austin: Vou pegar uma bebida para nós dois, esta bem?

Anna: Claro, vai lá, vou esperar aqui - sorriu.

Austin: Certo - caminhou até a mesa de bebidas.

Anna: Procurando alguém? - pronunciou-se ao notar Miguel olhando para todos os lados, parecendo estar perdido.

Miguel: Oi, é..? -  tentou lembrar o nome.

Anna: Anna.

Miguel: Isso, oi Anna.

Anna: Olá - riu - esta perdido?

Miguel: Procurando por Cecília, fiquei sabendo que ela viria a festa..Vocês são amigas né?

Anna: Sim, somos.

Miguel: Então, onde ela esta?

Anna: Ali - apontou para mesa em que estávamos, mas agora, vazia - ué.

Miguel: O que foi?

Anna: Ela estava ali quando eu vim dançar com Austin.

Miguel: Hmm, okay, vou procura-la mais um pouco então, obrigado.

Anna: Se encontra-la me avise.

Miguel: Ta - se afastou.

Depois dez minutos procurando, Miguel retornou ao jardim, onde Anna estava, se aproximou e interrompeu a dança dela com Austin.

Miguel: Com licença - pronunciou-se envergonhado pela interrupção.

Austin: Eai Miguel, que bom que veio cara - o cumprimentou.

Miguel: Pois é, não poderia perder essa festa - sorriu.

Austin: Com certeza, tenho que te apresentar umas garotas, ouvi elas falarem sobre você, ta arrasando corações em.

Miguel: Que nada - riu.

Anna: Encontrou?

Miguel: Não - desviou o olhar para ela - tem certeza de que ela estava ali? Eu procurei em todos os cantos e nada dela, talvez tenha ido embora.

O diário de Cecília..Onde histórias criam vida. Descubra agora