Lembranças do passado

62 8 3
                                    

Meu pai retornou para a sala e ajudou tio Alex com as malas de Eliza. Por sorte, havia dois quartos livres na casa, e eu não precisaria conviver no mesmo que ela.

Cecília: Prazer, Eliza. - imitei ela se apresentando enquanto estava deitada na cama ao lado de Miguel outra vez. 

Ele riu.

Cecília: Será que se eu colocar uma blusa justa meus seios vão realçar e ganharei olhares?! - me levantei e parei ao lado da cama dobrando um pouco minha blusa para ficar mais curta.

Miguel: Ta louca?! Não quero moleque nenhum olhando pra você.

Cecília:A questão não é essa, eu não seria idiota de fazer uma coisa dessas.

Miguel: Qual o problema então?

Cecília: Acha que não notei você olhando pro decote dela?! 

Miguel: Que? Eu nem desci os olhos, só fiquei olhando o rosto dela.

Cecília: Ah claro, e imaginando como seria maravilhoso beijar aqueles lábios carnudos. 

Miguel: Se ta querendo me mandar embora é só dizer que eu volto pra minha casa agora.

Cecília: Vai então - cruzei os braços.

Miguel: Sério?! - arregalou os olhos.

Fiquei quieta e caminhei até janela. Ele levantou-se na cama, se aproximou de mim e me abraçou por trás.

Miguel: Você não precisa de lábios carnudos, decotes mostrando os seios, roupas justas e batons avermelhados pra mostrar sua beleza ou pra chamar atenção de alguém, só seu sorriso, esse seus olhos azuis e sua sinceridade nas palavras e olhar, já são o suficiente pra conquistar alguém, já foi suficiente pra me conquistar. E tendo você, eu não preciso de mais ninguém, não se preocupe com isso - me deu um beijo na bochecha. 

Cecília: Hum.

Miguel: Para com isso vai.

Permaneci quieta.

Miguel: Ta bom - respirou fundo - quando quiser conversar me liga - caminhou até a porta.

Cecília: Não, espera - disse antes que ele saísse - desculpa, deixei o ciúmes falar mais alto..

Miguel: É, deixou..E não quero que isso aconteça mais uma vez, porque eu não te trocaria por nada nesse mundo.

Sorri de lado.

Miguel: Posso ficar? - fechou a porta.

Cecília: Claro - estendi os braços para que ele me abraçasse.

Passamos o restante da tarde deitados na cama abraçados e jogando conversa fora, mas estava anoitecendo e ele precisava ir até o restaurante ver se conseguiria aquela vaga de emprego. As 18 horas ele retornou para casa, pra tomar um banho, vestir-se e ir no Le Houten (o restaurante), enquanto isso, desci para a cozinha, jantar com todos, mamãe me chamou a 10 minutos e depois de muitos "já vou" vindo de minha parte, finalmente desci. Eles estavam começando a se servir, infelizmente havia uma cadeira vaga na frente de Eliza, tive que me sentar ali. 

Lucy: Por que não convidou Miguel para jantar conosco?

Cecília: Ele teve um compromisso, fica pra outro dia.

Lucy: Okay - sorriu.

Cecília: Vão ficar por quanto tempo? - olhei tio Alex ao lado de Eliza.

Lucy: Cecília!

Cecília: Não que eu esteja mandando vocês embora - ri envergonhada - é que só quero saber quanto tempo vamos ter esse momento único de família reunida - ri - mentira, só quero saber quanto tempo vou ter que aguentar olhar pra cara nojenta dessa sua filha Tio Alex... - foi o que eu queria dizer, mas não disse. 

Alex: Família é sempre bom ter por perto e acho que Eliza esta precisando disso, estive conversando com sua tia e quando ela chegar, iremos procurar uma casa por aqui. Talvez fiquemos alguns meses, talvez anos, mas não é certeza que por um bom tempo, já que gostamos muito de viajar e frequentar novos lugares..

Eliza: Preciso de roupas novas isso sim - rolou os olhos.

Justin: E enquanto isso, seu tio e Eliza ficaram aqui em casa - complementou.

Cecília: Ata - dei um sorriso amarelo.

Eliza: Não acho que seja uma boa ideia deixar meu pai aqui no mesmo teto que sua esposa tio Justin, todos nós sabemos o que aconteceu uma vez e o que claro, pode repetir de novo. Não que eu esteja duvidando da lealdade de você tia Lucy, mas o problema é o meu pai, sabe disso - sorriu.

Alex: ELIZA! - gritou a encarando.

Papai e mamãe se entre olharam e engoliram seco, apenas fiquei mexendo o talher no prato e olhando Eliza, minha vontade era de enfiar esse garfo na garganta dela pra calar a boca e parar de gerar intriga do passado. Mas como sou diferente dela, fiquei quieta, apenas me controlando.

Eliza: Com licença.. - se retirou da mesa e subiu as escadas pro quarto de hóspedes.

Alex: Desculpa - olhou Justin.

Justin: Não tem problema, adolescente são assim mesmo, acabam falando bobagem e agindo impulsivamente. 

Alex: Mas ela passa dos limites..

Lucy: É fase, ela vai mudar.

Alex: Eu espero...

Terminei a refeição e subi pro meu quarto, mas levei um susto ao me deparar com com Eliza deitada na minha cama, minha vontade naquele momento era jogar ela pela janela.

Cecília: Confundiu o quarto? - parei na porta.

Eliza: Não sou tão tola assim.

Cecília: É o que parece.

Eliza: O que disse? - me encarou.

Cecília: Nada..

Eliza: Podia deixar eu dormir aqui né? Aquela cama do quarto de hóspede é boa, mas nem tanto quanto essa.

Cecília: Quando estiver na sua casa você fica com a cama que deseja - me aproximei.

Eliza: Ui - riu - estressadinha.

Cecília: Não sou eu que to gerando intriga na família.

Eliza: Eu não gerei intriga, simplesmente falei o que penso, simplesmente falei a verdade. Vai dizer que não é bom seu pai ficar de olho no meu pai no mesmo teto que sua mãe?

Cecília: As coisas mudaram, isso é passado, e passado a gente esquece. Minha mãe não trairia meu pai com tio Alex, deixa de ser idiota.

Eliza: A única idiota aqui é você pensado desse jeito. Não que sua mãe queira trair, mas se ela já caiu no papo mole do meu pai na adolescência, acha que não é capaz de cair agora? - riu.

Cecília: Qual é o seu problema em? Quer criar confusão e brigas pra poder voltar pra sua casa? 

Eliza: Pode ser, mas acho que nem assim meu pai mudaria de ideia e sairmos desse inferno de cidade.

Cecília: Só se tornou um inferno porque você chegou.

Ela riu.

Eliza levantou-se da minha cama, olhou ao redor do meu quarto e notou uma outra camisa de Miguel em cima da cômoda, pegou, levou-a ao rosto e cheirou, deu um sorriso de lado e me olhou.

Cecília: Larga isso.

Eliza: É a camisa dele? Bem cheiroso - sorriu.

Cecília: Já chega, sai do meu quarto agora! - aumentei o tom de voz.

Eliza: Acho que achei seu ponto fraco - riu largando a camisa em cima da cama - gostei de você, prima - caminhou até a porta.

Cecília: Sai agora! 

Ela sorriu e caminhou para o quarto dela.

Cecília: Insuportável! - tranquei a porta.

Eliza: Ainda não viu nada.. 







O diário de Cecília..Onde histórias criam vida. Descubra agora