O diário de Cecília..

Sumiço

Lucy: Vocês estão juntos? - disse mamãe enquanto entravamos dentro de casa.

Cecília: Não.

Justin: Tem certeza?

Cecília: Tenho, será que podemos mudar de assunto? - os olhei.

Justin: Por quê?

Cecília: Porque eu não quero falar sobre isso.

Justin: Tudo bem..

Lucy: Por que esta assim? - me olhou dos pés a cabeça toda molhada.

Cecília: Festa na piscina,lembra? - subi as escadas.

Tomei banho e passei o resto da tarde no quarto, fiquei esperando a ligação de Miguel mas acho que o clima ficaria estranho e ele provavelmente estava envergonhado, portanto, não ligou. Mamãe apareceu no quarto as 18:15, após terminar a janta.

Lucy: Posso entrar?

Cecília: Pode - desliguei o celular e me ajeitei na cama.

Lucy: Vai participar do almoço amanhã?

Cecília: Sim.

Lucy: Seu pai e eu convidamos Cristopher e Melissa para virem almoçar conosco, e é claro, Miguel também vira.

Cecília: Por que os convidou?

Lucy: Melissa esta me ajudando bastante com a questão do emprego, estamos pensando em montar um comércio juntas, esta se tornando uma grande amiga. Achei bacana convidar ela e sua família para virem almoçar com a gente.

Cecília: Entendi.

Lucy: Você esta bem meu anjo?

Cecília: Só com um pouco de dor de cabeça.

Mentira, não estava com dor nenhuma, apenas não queria conversar.

Lucy: Bom, vim avisar isso e que a janta esta pronta.

Cecília: To sem fome, acho que já vou dormir.

Lucy: Tudo bem, você que sabe. Se quiser conversar, estarei lá em baixo.

Cecília: Ta - sorri - obrigada.

Passei a noite toda com o celular do lado, era idiotice estar esperando ele ligar mas eu esperei mesmo assim, levantei-me as 23:00 horas quando não conseguia dormir e fui até a janela, a cortina do quarto dele estava fechada então não deu pra ver nada, voltei para cama e fiquei até as 3 da manhã tentando dormir, não consegui, meus pensamentos estavam confusos, não tirava a nossa conversa de hoje cedo da cabeça, as coisas que eu disse e o beijo que aconteceria, mas que infelizmente, não aconteceu.

Mamãe começou a preparar o almoço de domingo as 10:30 da manhã, não tinha nada para fazer então fui ajuda-la, enquanto isso, papai movia a mesa que estava guardada no porão para o jardim e arrumava a casa. 

12:30 o telefone tocou, sugeri que eu fosse atender mas mamãe insistiu que ela mesma fosse.

- Alô?..Oi - sorriu - vamos sim...Sério? Nossa, tudo bem, não se preocupe..Não não, magina Melissa, não se preocupe...Eu entendo...Claro mande noticias depois...Boa sorte, qualquer coisa me chame...Pode deixar...Beijo, fica com Deus - desligou.

Papai parou na porta e mamãe retornou a cozinha.

Cecília: Quem era? - a olhei.

Lucy: Melissa.

Justin: O que ela queria amor?

Lucy: Avisar que não vai poder vir almoçar com a gente, pediu desculpas mas que aconteceu um imprevisto.

Cecília: Qual? 

Mamãe respirou fundo.

Cecília: Mãe o que aconteceu?

Lucy: Ela me disse que Miguel saiu ontem em torno das 16:30 e ainda não voltou, ela e o marido estão procurando por ele desde a madrugada quando notaram que ele não havia voltado.

Cecília: Por isso ele não me ligou... - falei baixo para mim mesma.

Justin: Chamaram a polícia?!

Lucy: Ela disse que foi na delegacia mas que eles só fazem o boletim de ocorrência e ajudam nas buscas depois de 48 horas de sumiço. Eu sinto muito querida, vamos torcer para que ele apareça logo - me olhou.

Cecília: Será que eu posso ir pro meu quarto? 

Lucy: Claro meu anjo, vai lá eu termino as coisas por aqui.

Cecília: Obrigada - olhei para os dois e fui para o andar de cima.

Tranquei a porta do quarto e tirei o celular do bolso, disquei o número de Miguel e liguei para ele, talvez se ele visse que era eu ligando, atendesse o celular.

Tentei diversas vezes, nenhuma delas fui atendida, mandei diversas mensagens mas nenhuma chegou a enviar, respirei fundo e fiquei parada na janela olhando o quarto dele.

Anna me ligou poucos minutos depois, atendi e ela percebeu que eu não estava bem, contei a ela o que minha mãe dissera, ela me chamou para ir até a casa dela, me esperaria na esquina já que eu não sabia onde exatamente ela morava. Aceitei o convite, troquei de roupa rapidamente e desci para a sala.

Cecília: Mãe, Anna me chamou para ir na casa dela, vou dar um pulo lá rapidinho, ta? 

Lucy: Filha mas e o almoço? Já esta pronto, só estamos colocando a comida lá na mesa de fora.

Cecília: Eu to sem fome mesmo, me desculpe - sai.

Lucy: Mas..

Justin: Deixa ela, conversamos com ela mais tarde.

Lucy: Tudo bem - disse me olhando fechar a porta.

Encontrei com Anna no lugar marcado, fomos caminhando quietas até a casa dela, quando finalmente fomos para seu quarto e nos sentamos que eu me pronunciei sobre o acontecimento.

Cecília: Eu estou tão preocupada..

Anna: Ele não atendeu suas ligações?

Cecília: Não, nem respondeu as mensagens, quer dizer, nem chegou a receber.

Anna: O celular dele deve estar desligado.

Cecília: Provavelmente.

Anna: O que vamos fazer?

Cecília: Não temos nada pra fazer a não ser esperar, eu mal conheço essa cidade, não sei onde ele poderia estar.

Anna: Mas eu conheço, podemos dar uma volta e tentar a sorte de encontra-lo.

Cecília: E se ele não quiser ser encontrado?

Anna: Como assim?

Cecília: Eu já vi ele saindo de casa as pressas um dia a noite, ouvi um barulho muito forte, corri para o quarto de minha mãe e pela janela vi ele saindo. Ele voltou bem tarde. Talvez ele saia e queira um tempo só pra ele e então não queira ser encontrado.

Anna: Ele voltou poucas horas depois, nesse caso é diferente, ele saiu de tarde e não voltou até agora, da outra vez ele dormiu em casa, dessa vez não. 

Cecília: Talvez seja minha culpa - abaixei o rosto e levei as mãos a cabeça.

Anna: Por que talvez seja sua culpa?

Cecília: Ontem eu disse a ele umas coisas, nós quase nos beijamos mas fomos interrompidos pelo meu pai buzinando. Talvez ele não tenha gostado do que eu falei, talvez ele tenha se arrependido de quase ter me beijado e saiu pra pensar e acabou acontecendo algo com ele.

Anna: Meu Deus quanta paranoia - se levantou - para com isso, você não tem culpa. Eu vejo o jeito que ele te olha e não é de alguém que se arrependa por querer te beijar.

Fiquei quieta.

Anna: Vem, vamos dar uma volta, talvez encontremos ele - me puxou.