Prazer, Eliza.

66 10 1
                                    

No final de semana, Miguel e eu passamos o sábado todo procurando pela internet algum emprego para ele poder pagar a divida, já que a mãe dele insistia em negar o dinheiro para a compra do skate, que na verdade não era para o skate. Eu disse a Miguel que eu poderia trabalhar na sorveteria do bairro, para ajuda-lo, mas ele não gostou da ideia e disse que esse era um problema dele e ele deveria se esforçar para resolve-lo sozinho. Não insisti muito, ele já estava irritado com as diversas ligações de Brad, o cobrador das dividas.

Cecília: Tem uma vaga para garçom em um restaurante aqui perto - disse quando vi ele retornando para o quarto após ir ao banheiro.

Miguel: O que diz ai? - sentou-se na beirada da cama.

Cecília: Não é um emprego fixo, eles precisam de um garçom por duas semanas enquanto o outro esta de férias.

Miguel: Quanto pagam?

Cecília: Aqui não diz, tem que ir conversar pessoalmente ou ligar nesse número.

Miguel: Acho que vou lá hoje a noite.

Cecília: Eu vou com você.

Miguel: Eu posso ir sozinho.

Cecília: E deixar que você suma por uma noite outra vez?

Miguel: Eu disse que ia tentar não fazer isso de novo, não disse?

Cecília: Disse, mas...

Miguel: Então você tem que confiar em mim.

Cecília: Tudo bem - respirei fundo.

Miguel: Não se preocupe, eu não vou sumir - me deu um beijo na testa.

Olhei para ele e sorri.

Miguel: E agora que já encontramos o que estávamos procurando, o que acha de darmos uma volta no parque?

Cecília: Que tal vermos série?

Miguel: Com direito a mãos bobas por debaixo das cobertas?

Olhei séria para ele.

Miguel: To brincando - riu - mas se quiser pode ser verdade.

Cecília: Babaca - ri - com direito a isso também - dei um selinho nele e me levantei para ligar a tv do meu quarto.

Miguel: Onde seus pais estão?

Cecília: Foram buscar meu tio Alex no aeroporto.

Miguel: Hmm - ajeitou-se na cama - temo um bom tempo sozinho então - sorri.

Cecília: Uhum - ri.

Peguei o controle da tv, dei um pulo na cama e me aconcheguei ao lado dele, que envolveu seus braços em mim e acariciou lentamente minha pele com os polegares.

Terminamos de ver aquele episódio da série que estávamos assistindo e fomos para a melhor parte de estarmos sozinho em casa, empurramos as cobertas e deitei no colo de Miguel, aproveitamos aquele momento para beijos e mãos bobas, como o combinado a 40 minutos atrás. Ele estava sem camisa e pude notar em seu peitoral algumas cicatrizes do acidente de carro, não eram tão grandes e nem chamativas, por sorte, visíveis apenas de perto, bem perto.

Foi impossível não ficar as olhando e ele acabou notando isso.

Miguel: São do acidente, eu tenho outras na perna que ficou presa..

Cecília: Dói?

Miguel: Não mais que a dor de não ter meu irmão aqui..

Cecília: Me fala sobre ele? Se não quiser, não precisa ta?

O diário de Cecília..Onde histórias criam vida. Descubra agora