Rude

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Então parei para pensar, sim, eu o odiava, e o faria me odiar também, assim como ele planejou fazer todas aquelas coisas só pra mim odiá-lo. Peguei uma caneta, abri o diário e na primeira página, comecei a escrever.

"Querido diário, é assim que se começa não é? Enfim, ontem e hoje tive dias incríveis, passei toda a parte do tempo com Thomaz, fomos assaltar uma loja, sim, foi divertido, por incrível que pareça. Depois fomos grafitar alguns muros, aprendi a pixar. Encontramos duas crianças famintas, Thomaz foi um anjo e lhes deu a comida que havíamos roubado. Fomos para a casa dele depois, ou melhor, para a cama. Foi muito bom. Mas só hoje já vomitei umas cinco vezes, estou com medo..."

Parei ali e reli aquele trecho que acabará de escrever. Levantei-me rapidamente largando tudo ali e corri para pegar meu celular em cima da cômoda. Precisava falar com alguém, mas quem? Jackson me odeia, e eu também o odeio. Austin deveria estar ocupado, e nem me atenderia, ando o evitando, o mesmo para Anna, eu estava a ignorando, droga eu estava afastando todos, eu não tinha mais ninguém. Respeitei fundo e liguei para Anna mesmo assim.

Cecília: Anna?
Anna: O que foi?
Cecília: Esta ocupada?
Anna: Poupe-me do mimimi e me eiga logo o que você quer.
Cecília: Escuta, me desculpa ta? Eu tenho sido uma idiota em te tratar mal e te ignorar, você é a única pessoa que eu tenho agora, desde que Miguel se foi...
Anna: Qual o problema?
Cecília: Pode vir aqui em casa? Preciso de companhia, preciso de alguém pra conversar.
Anna: Chego ai em 10 minutos - desligou.

Larguei o celular ali e fiquei andando de um lado para o outro no quarto, a espera dela.

Anna: Agora me diz qual o problema - pronunciou-se entrando no quarto.
Cecília: Aquele diário, leia - apontei para ele em cima da cama e tranquei a porta
Anna: Diários são secretos, eu não deveria ler.
Cecília: É meu, leia - cruze os braços e parei na frente dela.
Anna: Tá bom.

Ela pegou o diario, colocou-o em seu colo e começou a ler atentamente. Mas interrompeu a leitura.

Anna: Você assaltou uma loja?! - arregalou os olhos.
Cecília: Dane-se isso, lê o restante!
Anna: Meu Deus estou diante de uma criminosa - respirou fundo e voltou a leitura - e pixou muros?! Agora você virou um vândalo?
Cecília: Jesus Cristo! Continua a leitura!
Anna: Está bem, está bem...

Ela que estava de cabeça baixa, quando terminou de ler, levantou apenas o olhar para mim, em seguida levantou o rosto.

Cecília: Leu?
Anna: Eu diria que você está grávida mas se transaram ontem, impossível os efeitos surgerem hoje. A não ser que seja um bebê vampiro, porque né..
Cecília: A primeira vez que fiquei com ele já vai completar duas semanas.
Anna: Bom, agora isso é um baita problema!
Cecília: Eu estava escrevendo apenas para provocar Miguel, ele me deu esse diário e pediu que eu escrevesse tudo ali, então escrevi sobre Miguel e só depois para ler e reler e então percebi, trasa, vômito... Cara eu estou com medo.
Anna: Meu Deus..
Cecília: Eu te chamei aqui pra me ajudar, o que eu faço?
Anna: Fala pra ele, ele é mais velho, com certeza já engravidou outras garotas antes.
Cecília: Não esta ajudando!
Anna: Não mesmo - riu - desculpa.
Cecília: Acha que devo mesmo falar com ele?
Anna: Creio que sim, se falar pros ses pais você morre, e que eu saiba não tem mais niguém pra que você possa falar disso além de mim, e eu não posso te ajudar, fala pra Thomaz.
Cecília: Vou na casa dele hoje a noite e conto.
Anna: Depois me conta tudo.
Cecília: Claro.
Anna: Bom, eu preciso ir.
Cecília: Tudo bem.
Anna: Então... Tchau - caminhou até a porta.
Cecília: Anna espera.
Anna: O que?
Cecília: Não conte pra ninguém nada o que está escrito no diário, assalto, pixação, casa do Thomaz..
Anna: Eu não ia dizer, não se preocupe.
Cecília: Obrigada - sorri - e...Me desculpa por estar sendo uma idiota.
Anna: Todo mundo é idiota as vezes.

Sorrimos e ela foi embora
Mais tarde liguei para Thomaz, nem precisei me oferecer para ir na casa dos pais dele, ele mesmo me convidou. Ás 18 hrs ele passou para me buscar, avisei meus pais e sai antes que eles pudessem me contrariar.

Thomaz: Fica a vontade - disse quando entramos na casa.

Eu não sabia como contar a ele, nunca tive tanto medo quanto estava sentindo agora.

Thomaz: Você tá bem? Não disse nada o caminho todo. E tá com uma cara estranha...
Cecília: Tô bem, não se preocupe.
Thomaz: Que bom.

Nos sentamos no sofá, ele dobrou uma perna e se virou para mim.

Thomaz: Olha..Eu quero te pedir desculpas por hoje, eu fui um idiota, te tratei mal, fui ignorante... Você tava passando mal e eu simplesmente ignorei isso te expulsando daqui.
Cecília: Ta tudo bem, não se preocupe com isso.
Thomaz: Tudo certo entre a gente então amor? Não quero ficar brigado contigo.
Cecília: Tudo - sorri - eu também.
Thomaz: Que ótimo - agora vem cá que eu senti sua falta o dia todo.

Ele se aproximou e me beijou, deitou-me no sofá e desabotoou minha calça, colocou a mão dentro e desceu os beijos pro meu pescoço. Respirei fundo e segurei sua mão.

Cecília: Eu preciso te dizer uma coisa
Thomaz: Depois você fala bebê - subiu as mãos para debaixo da minha blusa,preparado para desabotoar meu sutiã.

Cecília: Acho que to grávida.

Ele parou na hora, afastou o rosto e me olhou nos olhos.

Thomaz: O que disse?
Cecília: Que acho que to grávida.
Thomaz: É impossível - riu - você dormiu aqui ontem, é impossível!
Cecília: Desde a sua festa já se faz duas semanas. E a segunda vez que vim aqui, uma semana e alguns dias..
Thomaz: Não estava tomando remédio? Não usei camisinha porque ache que você estivesse se apavorante.
Cecília: Está colocando a culpa em mim? Nós dois somos responsáveis por isso! Eu era virgem, não tinha porque estar tomano remédio!
Thomaz: Eu sei que era, mas isso não é desculpa - se levantou.

Ele levou as mãos a cabeça e respirou fundo, seu olhar estava fixo em mim, era apavorante.

Cecília: O que nós vamos fazer?
Thomaz: Não existe "nós". Quero que pegue suas coisas e vai embora. Tipo, suma da minha vida.
Cecília: É sério isso?
Thomaz: Sério, e leve isso com você - jogou um pacote - não me serve mais.
Cecília: O que é isso?
Thomaz: Não importa, apenas dê o fora daqui.

Abri o pacote e ali estava diversas fotos minhas iguais, fotos minhas dormindo apenas de lingerie.

Cecília: Por que tirou essas fotos? O que ia fazer com elas?
Thomaz: Eu disse que não importa - se aproximou.

Ele me pegou pelo braço e arrastou-me até a porta, abriu-a e me empurrou para fora da casa.

Thomaz: Nunca mais apareça aqui, esqueça que existo bebê - fechou a porta.

Caída ali a frente de sua casa, com varias fotos minhas espalhadas pelo chão, comecei a chorar.
Sequei as lágrimas, recolhi as fotos, guardei-as e caminhei sozinha de volta para casa, estava com um semblante horrível, e estava pensando em tudo que eu fizera por esses dias, as merdas que falei, que fiz, pessoas que afastei, coisas das quais me arrependo, eu fui uma completa idiota... Eu não fui eu mesma...

O diário de Cecília..Onde histórias criam vida. Descubra agora