Capítulo 2 - Despedida de Solteira

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- Por favor, me diga que vocês não vão me levar no Clube das Mulheres! – Lana implorou – Não tem nada mais ridículo que isso!

- Eu não vou te falar absolutamente nada. – eu disse, categoricamente – Agora vem cá e deixa eu colocar a venda em você.

- Isso é mesmo necessário?

- Anda logo, Lana.

Estávamos na casa dela naquela noite de feriado, nos preparando para a noitada. Era inacreditável que uma das minhas melhores amigas fosse se casar em uma semana! Mas lá estávamos nós, como se tivéssemos 17 anos de novo, nos arrumando no quarto dela, que permanecia basicamente o mesmo desde sempre, só que mais vazio agora – Lana já tinha começado a mudança pro apartamento que dividiria com o novo marido, e em breve nada mais ali teria a sua cara.

Vendei os olhos dela com uma bandana preta que tinha roubado do antigo quarto do Edson, irmão mais velho dela e meu ex-namorado. Edson agora morava no interior do estado, onde trabalhava fazendo deus sabe o que, mas traços do seu antigo eu ainda estavam no quarto que ele costumava ocupar ali. O que tinha sobrado eram basicamente pôsteres de bandas de rock e alguns itens de moda decididamente vergonhosos, como bandanas e munhequeiras.

Dei uma última checada no espelho antes de sair. Ambas estávamos de preto dos pés à cabeça – eu com uma combinação de saia e cropped, e Lana com um vestido tubinho – e ambas com saltos tão altos que eu já podia sentir o arrependimento chegando. Então ajudei Lana a descer as escadas, me perguntando subitamente porque não tinha sido menos idiota e simplesmente vendado os olhos dela depois que já estivéssemos no carro. Mas antes que pudesse pensar muito no assunto, a buzina da nossa carona já soava do lado de fora.

Fui o mais rápido que deu arrastando uma amiga cega e encontrei Marina do lado de fora, esperando ao volante de um carro sedan preto maravilhoso. Já citei que Marina tinha um namorido rico? Pois então. Uma vez sortuda...

- Ah, vocês estão tão gatas! – ela gritou, animadíssima.

- Obrigada! – respondi. Ajudei Lana a entrar no bando de trás e me dirigi ao banco do carona – Temos que buscar mais alguém?

- Só a Suellen. – ela disse, e usou o retrovisor para checar a maquiagem – Prontas?

- Sempre!

O caminho da minha casa até o apartamento de Suellen era curto, pouco mais de cinco minutos de carro. Fizemos o trajeto cantando e ignorando o fato de que Lana – aquela que, você sabe, devia estar comemorando – estava parecendo bastante irritada. Mandei uma mensagem pra Su assim que estacionamos e em poucos minutos ela já estava lá, entrando no carro e batendo a porta com força.

- Pelo amor de deus, vamos logo, antes que eu mude de ideia! – disse, alto e histérica.

- Brigaram de novo? – Marina indagou, olhando-a pelo retrovisor.

- Só dirige, Marina!

Dito e feito, Marina seguiu viagem. Me virei no banco para conseguir encarar minha amiga. Suellen estava muito bonita; o cabelo, que ela vinha mantendo ruivo há mais de um ano, estava preso num rabo de cavalo e ela estava bem maquiada e arrumada. Ela era só alguns meses mais velha do que eu, mas dado tudo que já tinha acontecido – gravidez na adolescência, casamento precoce – eu às vezes achava que Suellen era tipo dez anos mais velha do que eu.

- O que aconteceu? – perguntei, com um sorriso que, esperava, passasse pra ela alguma confiança.

- Posso tirar essa droga dessa venda? – Lana interrompeu, emburrada – Eu juro que coloco de volta quando vocês mandarem.

O Diário (nada) Secreto - vol.4Onde histórias criam vida. Descubra agora