Capítulo 16 - Tudo ou Nada

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Um ano depois

— Lolita, levanta! Tá na hora!

Acordei com um susto, sem me lembrar que horas eram, qual o meu nome ou onde eu estava. Pra ser bem sincera, eu sequer me lembrava de ter dormido. Eu tinha passado tantas horas em claro, tentando não entrar em pânico, que acho que meu cérebro se transformou em gelatina em algum momento da noite e apenas desligou antes que eu pudesse fazer alguma coisa estúpida, tipo ligar pra moça do buffet e pedir pra ela trocar todo o jantar por minhocas.

— Lolita! — a porta se abriu de repente, e minha mãe entrou — Você tem hora marcada, sabia? Essa coisa de noiva chegar atrasada não é chique não, levanta.

Demorei um segundo para entender o que minha mãe estava fazendo na minha casa. Na verdade, eu é que estava na casa dela. Mais precisamente, no meu antigo quarto. Eu tinha vindo passar a noite ali porque o Diego estava na casa dos pais dele, e eu não conseguia nem começar a processar a ideia de passar aquela noite sozinha. Corri pra saia da minha mãe na primeira oportunidade.

Levantei devagar, esfregando os olhos. Passei pela porta e fui em direção ao banheiro. O apartamento minúsculo cheirava a café, e só de sentir o cheiro, já fiquei nauseada. Nada de comida pra mim agora — nem nas próximas 24 horas, eu imaginava, já que meu nervosismo só devia passar depois que eu estivesse casada.

Casada. Dali a algumas horas, eu estaria casada, com aliança no dedo, jurando fidelidade na frente do padre e tudo. Carlota Rodrigues Diniz, uma mulher casada. Não parecia real.

Entrei no banheiro e fechei a porta. Meu reflexo estava horrível, com o cabelo embaraçado e a cara de quem não sabe o que é dormir há anos. Tentei não dar trela pra ansiedade me dizendo que eu ficaria pavorosa nas fotos do casamento, e entrei no chuveiro.

Seria um longo dia.

~*~

A primeira coisa que eu descobri sobre casamentos é que eles são difíceis de se planejar.

A segunda é que eles custam uma fortuna.

Tudo custa muito dinheiro. Você quer uma banda pra tocar aquela música que estava tocando no seu primeiro beijo? Desembolse alguns milhares de reais. Quer uma máquina de fotografias instantâneas? O aluguel custa mais alguns mil. O melhor bem-casado não sai por menos de tanto. O vestido, por mais algumas notas. No fim do dia, depois de ter escolhido meia dúzia de itens pra festa, você já gastou mais do que consegue pagar com o seu salário.

Mas aí, vem a terceira descoberta, e a melhor delas, na minha opinião:

Cada centavo vale muito a pena.

Então é claro que eu não economizei em nada daquilo que eu considerava importante. Motivo pelo qual, quando a Giovanna me passou o contato do cabeleireiro incrível que havia feito o dia da noiva dela, onze anos antes, eu topei na hora. Se eu só ia casar uma vez na vida — e, pelo amor de Deus, que fosse mesmo só uma vez — então eu ia ficar absolutamente deslumbrante nesse único dia. Não importava o preço.

E, bem, a Nana tinha se oferecido pra pagar a conta, então tem uma vantagem nesse negócio aí.

Entrei no carro com a minha mãe sem conseguir se bocejava de sono ou tremia de ansiedade, então meu corpo optou por fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Balançava meus pés toda hora, sentindo aquela energia inesgotável de quem quer que o tempo passe depressa, então é óbvio que caímos em um engarrafamento infinito em pleno sábado. Talvez só pra me acalmar, minha mãe disse:

O Diário (nada) Secreto - vol.4Onde histórias criam vida. Descubra agora