Tantas pessoas vieram me perguntar sobre o que eu e Diego conversamos que parecia final de novela. Suellen, Giovanna, Sabrina e até Lana vieram fazer fofoca, apesar de eu ter sido bem evasiva com meus copos e mais copos de cerveja na mão. Marina foi a única que entendeu minha cara de bunda como um convite a conversarmos mais tarde.
Curiosamente, a única pessoa que me ouviu foi exatamente a que não me perguntou nada. Eu já tinha tomado aproximadamente setecentos copos de cerveja e uns mil e quinhentos de caipirinha quando Edson me encontrou me escorando para chegar ao banheiro feminino. Eu estava me sentindo duplamente péssima – pela minha vida pessoal arrasada, e por estar dando vexame no casamento de uma das minhas melhores amigas – mas agora era tarde demais, e se eu não chegasse ao banheiro a tempo, ia acabar piorando minha situação já bastante ruim.
Edson me encontrou completamente desnorteada, abrindo portas aleatórias e quase invadindo a cozinha. Eu me assustei quando ele chegou perto e me virei pronta para dar um tabefe em alguém, mas só conseguir girar sobre os calcanhares e despencar nos braços dele.
- Epa, epa, epa! – ele suportou meu peso e passou um dos meus braços sobre seus ombros – Parece que alguém bebeu demais.
- Só preciso do banheiro. – falei, daquele jeito incoerente e mole que bêbados fazem.
Edson me carregou até o banheiro, felizmente vazio, e me ajudou a sentar junto ao vaso. Coloquei meu braço sobre o assento e deitei a cabeça sobre o braço, e, percebendo que eu provavelmente não morreria, Edson me deixou ali, sentando no chão do lado de fora do boxe e mantendo a porta aberta só por segurança. A técnica foi ótima, porque comecei a vomitar em questão de segundos.
- Ah, Lolita, pra que você foi beber tudo isso? – ele disse, e apesar de parecer uma pergunta retórica, me vi na obrigação de me justificar.
- Por que o Diego tinha que aparecer? – rebati, as lágrimas até então presas se soltando e escorrendo pelo meu rosto.
- Isso tudo é por causa dele? – Edson riu, como se não pudesse acreditar – Meu deus do céu, Lolita, achei que você tivesse superado.
- Eu também. – falei, antes de vomitar novamente – Mas aí ele apareceu e eu não sei mais o que eu to superando entende?
- Não.
- Nem eu. – solucei de maneira ridícula, as lágrimas vertendo – Eu sempre acho que não gosto mais dele e aí ele aparece e eu esqueço de não gostar e a verdade é que eu nunca não gostei dele, até quando não achava que não gostava – olhei para Edson, que parecia mais confuso do que nunca – Você nunca sentiu isso por alguém?
- Já. – ele disse, e encarou as próprias mãos sobre o colo – Por você.
Se eu estivesse cem por cento sóbria, talvez tivesse dado a este comentário a importância que ele merecia. Contudo, como estava bêbada, a única coisa que consegui fazer foi me virar e vomitar de novo.
Ouvi a porta do banheiro se abrindo e alguém tomando um susto – se por minha causa ou de Edson, eu não saberia dizer. Então eu o ouvi se levantando e saindo, e o murmúrio indistinto de vozes do outro lado. Vomitar tinha me ajudado a clarear as ideias, mas não o suficiente; o mundo ainda parecia uma roda gigante fora de controle. Apoiei a cabeça na parede fria e fechei os olhos, desejando que tudo aquilo desaparecesse.
Edson voltou pouco depois com um copo de água tirado deus sabe de onde. Ele o entregou a mim, que bebi duvidosamente, me perguntando se aquilo iria parar por muito tempo no meu estômago. Ele se sentou de novo, e esperou enquanto eu bebia.
- Vou te levar pra casa. – ele disse, em tom de quem não deixa espaço para discussões – Já avisei a sua irmã, ela foi buscar sua bolsa pra mim e vai me passar o endereço.
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O Diário (nada) Secreto - vol.4
Teen FictionTUDO OU NADA Bem-vindos à vida dos jovens comuns de classe média. Lolita nos dá a visão panorâmica da vida de qualquer adolescente, repleta de ciúmes, festas, fofocas, amizades e sofrimento. No quarto e último volume da série, vemos a vida da...