Capítulo 8 - Entre Amigas

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Eu devia estar escrevendo.

Eu devia estar escrevendo. Eu estava devendo um capítulo novo pros meus leitores, e é óbvio que o fuzuê de comentários me cobrando já tinha começado. Mas a única coisa que conseguia fazer era pensar sobre o enorme plot twist que a minha vida tinha se tornado.

Se alguém me parasse na rua a um mês atrás e me dissesse que meu grande amor do passado voltaria pra minha vida e que uma editora viria me procurar, interessada em publicar os livros que passei meses da minha vida escrevendo, tudo numa única semana, eu riria da cara dessa pessoa. Eu diria "você está louca, querida" e andaria sem olhar para trás. Porque, sabe, esse tipo de coisa não acontece. Em livros, talvez, mas não na vida real. Não na minha vida.

É claro que isso pedia por uma reunião de emergência com as minhas melhores amigas. Então acionei o WhatsApp de todo mundo e convoquei Marina, Lana e Suellen para um almoço onde eu poderia falar sobre pelo menos uma parte dos meus problemas.

Gente, SOS! Todo mundo livre pra um almoço amanhã?

Suellen

Hm, posso, mas tem que ser cedo.

Bernardo sai da escola 12h50

Lana

Ih, amiga, amanhã dou aula em duas escolas, fica muito corrido.

Não pode ser depois de amanhã?

Marina

SOS? O que houve?

Conto tudo no almoço

Vamos fechar depois de amanhã, 11h30?

Marina

Quem diabos almoça 11h30?

Se não for assim, a Su não consegue ir!

Lana

Por mim tá ok.

Suellen

Isso, 11h30!

Marina

Ah, tá bom, vai.

Obrigada!

No mesmo de sempre?

No dia marcado, cheguei pontualmente às 11h30 e encontrei todas elas me esperando. Era engraçado como a vida podia mudar e os anos podiam passar, mas aquelas três permaneciam constantes na minha vida, independentemente da situação em que nos encontrássemos. Lana recém-casada, Suellen mãe, Marina praticamente noiva e eu na minha loucura sem rumo, mas continuávamos amigas.

O ponto de encontro era um restaurante que já a algum tempo tinha se tornado o nosso point. Ele ficava mais ou menos no meio do caminho entre o trabalho da Marina e uma das escolas onde a Lana mencionava, e acessível o suficiente pra eu conseguir ir pra livraria sem muito transtorno. Suellen era a única que reclamava da localização, mas como nossos almoços em conjunto eram praticamente um evento, ela tentava não resmungar muito.

Apesar do comentário de Marina, claramente muita gente almoçava às 11h30, já que o restaurante estava bastante cheio. Elas já tinham assegurado uma mesa próxima à janela, e acenaram quando me viram entrar. Cumprimentei todas elas e passamos os minutos seguintes falando sobre amenidades, escolhendo nossos pratos e perguntando a Lana sobre a lua de mel rápida demais – cinco dias tinha sido tudo que ela conseguiu, por conta do trabalho.

Depois de um rápido resumo da viagem, caímos em silêncio e todos os olhos se voltaram para mim. Senti o rosto corar antes mesmo que elas perguntassem, e acho que a minha cara denunciou o que eu estava para falar sem que eu precisasse abrir a boca.

O Diário (nada) Secreto - vol.4Onde histórias criam vida. Descubra agora