Herdeira I

❤ Uma Hadassa ❤

🌷🌷

Melissa

Eu sei que me amas, porém, não compreendo a barreira que o mesmo põe entre nós. Como é impressionante que em tão pouco tempo me apaixonei, não sei explicar, mas ele tem algo que me atrai.

Talvez seja pelo simples fato de ser cristão, de eu poder ver a face de Deus na vida dele.

– Eu sei, mas você me chama atenção. Não consigo explicar... – procuro palavras. Ele sorri de lado e me puxa para um confortável abraço. Tive uma leve impressão de que a partir de hoje, um novo amor florescerá, mesmo com lutas e dificuldades.
Mas essa não sou eu! Nem tenho tanta coragem de me declarar pra alguém desse jeito.

– Quer ir a praia? – sugere.

– Nada mal. – sorrio.

(...)

Ele me contava coisas de Deus, sobre seus pais, seus amigos da outra cidade, suas paixões, entre outras coisas. Acabei descobrindo que me interessei mais pela sua trajetória na Igreja, o quanto se sente livre, o quanto Deus mexe com ele, confesso que senti sim, uma vontade de me entregar a Jesus através daquele testemunho.

– Contando assim, parece que não sente dor alguma. – comentei.

– Servir a Deus é um mar de rosas. – diz. – Mas não é tão fácil assim, vivemos para renunciar, sacrificar o nosso eu, carregar nossa cruz, sempre convictos de que diante dessas etapas Ele estará ao nosso lado. – Senta-se na areia e faço o mesmo. – Nasci num berço evangélico, mas nunca dei tanta importância a Igreja, eu era uma criança muito preocupada com coisas materiais. Aceitei Jesus com quatorze anos e juro...aquilo foi a melhor sensação do mundo! – gesticula.

Seus olhos brilhavam ao ponto de me fazer enxergar o quanto eu poderia sentir o mesmo. Tenho tudo para aceitar Jesus, porém coloco barreiras e dificuldades na minha frente.
Minha mãe sempre diz que Deus fala com todos, até aqueles que não servem. Toda via Ele nunca falou comigo, são tantas pessoas e junto com elas, tantos problemas. Deus é muito ocupado.

– Queria poder te levar na Igreja hoje, haverá uma concentração de jovens, tenho certeza de que iria gostar. – comenta. – Quando vai voltar pra casa de Lucy?

– Não sei. – minto. Nem quero que saiba que talvez nunca mais pisarei meus pés naquela casa.

– Tenta aparecer o mais breve possível! – segura em minhas mãos e sorri. – Está perdendo muitas coisas naquela igreja mocinha, inclusive, o pastor anda perguntando por você.

– Ok. – sorrio e encosto minha cabeça em seu ombro. – O que você acha de mim?

– Acho você muito linda, acho que Deus tem grandes planos para sua vida e sabe de uma coisa muito edificante de se ver? – sua voz demonstrava alegria.

– O que? – ergo as sombrancelhas.

– Você sendo uma verdadeira serva do Deus Altíssimo, uma Hadassa, uma...

– Hadassa? – o encaro, franzindo o cenho. Ele solta um gargalhada fofa com minha suposta reação.

– Significa "mirto" ou "murta" em português. A murta é um arbusto que nasce no deserto, e as suas folhas exalam uma fragrância agradável quando são trituradas. Esses arbustos eram usados pelo povo judaico para cobrirem as tendas durante a Festa dos Tabernáculos. – explica.

– Eu já ouvi essa pronúncia, mas pensei que tinha algo a ver com uma personagem bíblica. – comento.

– Também mocinha! A personagem Ester no velho testamento. – sorri.

– Então quer dizer que "exalo uma fragrância agradável". – gesticulo.

– Sim. – Gargalhamos.

(...) 🌼

Cheguei em casa e encontrei meu pai no sofá, lendo jornal. Não dei tanta importância.

– Por onde andava? – pergunta.

– Por aí. – ando em direção a cozinha e abro a geladeira.

– Esse lugar não tem nome? E por que esse homem tem que estar ao seu lado todos os dias?! – diz com um olhar bravo. Meu coração gelou. Ai meu Deus, será que ele sabe alguma coisa de Taylor? Fiquei imóvel. – Não vai me responder?! – grita.

– Não sei do que está falando. – engoli o seco. Subi as escadas correndo e me tranquei no quarto.

Que tarde maravilhosa. Taylor é uma das pessoas mais incrível deste mundo, eu consegui perceber o quão confiante era estar ao seu lado. Ganhou meu respeito em menos de dois meses.

– Mana? – ouço a voz de Jonas.

Meu Deus! Como pude esquecer meu irmão desta forma?

– Só um minuto! – destranco a porta.

– Tudo bem? – ergue as sombrancelhas. – Aparenta estar...hum... apaixonada.

– Não! Você está louco?!

– Sei! – franziu o cenho.

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Um mês depois...

As coisas não mudaram por aqui.
Na faculdade tudo anda muito bem, tenho criando uma intimidade tão grande com Keyser, ela tem me passado confiança. Victória só vive grudada com o namorado e se esqueceu de mim. Bruno como sempre, muito engraçadinho, suas piadas são as melhores. Taylor quando me via com ele sozinha ficava todo estranho. Meu pai nunca mais bateu em minha mãe, justamente pelo fato de meu irmão ter se mudado para junto de nós. Isso vai me ajudar muito, agora vou poder ver Taylor na casa de Lucy, vamos poder sair, vou a Igreja.

A sensação de aparentar estar livre da depressão é incrível! Nunca mais tive aqueles sonhos horríveis, somente tristezas profundas dentro do meu quarto. Lágrimas de sangue rolavam sobre minha face e eu não entendia o porquê.

Acho normal chorar por nada.

Uma vez, de relance, capturei uma sombra branca passando na parede. Os sonhos com a voz daquele homem ainda aconteciam, mas não sei quem é. Também, de vez em quando, ouço alguém me chamar.
Deve ser coisas de minha cabeça.

– Está feliz não é? – entra minha mãe no quarto.

– Sim, e a senhora também deveria estar. – indago. – Não sei como aceita que um homem machuque você desta forma. Eu penso no seu bem mãe, olha pelo lado bom, meu irmão e eu estaremos aqui pra te proteger.

Ela suspirou e disse: – Tudo bem, mas ele ainda me ameaça a noite. Não pense que as coisas andam bem, é muito pelo contrário. Nunca mais fui a Igreja, tenho orado, porém sinto falta daquela comunhão complexa, de ouvir a voz do meu Amigo.

– O que te impede? – franzi o cenho. A mesma ficou calada procurando uma resposta que me convencesse.

– Não sei. – suspira.

– A partir de hoje a senhora vai voltar a ir e ninguém vai impedir. Não se preocupe. – abraço-a.

– Obrigada filha.

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