Herdeira I

❤ Fiel escudeira ❤

Esse adorador já
amanhece adorando 🎶🏵

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Me arrumei para ir ao projeto, ainda falta dois meses para o término. Estou quase descobrindo o que quero para o futuro.
A depressão continua em mim, eu sinto. Choro todas as noites sem motivos, sinto um vazio tão grande, passa filmes em minha mente de como eu poderia ser feliz ao lado de Taylor, mas rapidamente balanço a cabeça e digo para mim mesma: "Isso nunca vai dar certo, ele só sente admiração por você."

Sentimento não correspondido. Como eu pude me apaixonar por ele sendo que não acredito no amor? Final feliz só em contos de fadas, tenho que me conscientizar de que na minha vida nunca vai existir a felicidade.
Uso uma máscara todos os dias para esconder essa tristeza que não sai junto com as lágrimas.
Tenho que suportar essa nuvem de sufoco que vive em volta da minha cabeça, essa colisão entre o cérebro e o coração.

Desci do ônibus e caminhei em direção a faculdade. Tinha um homem encostado no portão. Comecei a soar frio, lembranças rodaram minha mente, apressei meus passos antes que ele me visse. Sinto alguém puxar meu braço com muita força.

– Você está bem? – pergunta Keyser franzindo o cenho.

– Acho que sim. – respondo assustada.

– Eu acho que não. – cruza os braços. – Está muito pálida, viu o fantasma por acaso?

– Quase isso. – reviro os olhos. – Vamos para sala, lá dentro eu te conto.

Agora que criei uma grande aproximidade com Keyser, posso desabafar tudo aquilo que sinto. Ainda não é o suficiente, pois ela não pode resolver nada. Entretanto, encontrei alguém que eu possa confiar.

– Aquele homem do passado que mencionei a você. – sento-me.

– Tem o que?! – arregala os olhos e senta-se ao meu lado.

– Eu tenho a impressão de ter visto o mesmo no portão da faculdade. – explico. A mesma coloca as mãos na boca em sinal de preocupação.

– Meu Deus! – suspira. – Será que ele está te seguindo?

– Não! Ele nem deve lembrar de mim.

O sinal toca e os alunos vão entrando. Giovana passa me olhando estranhamente. O que eu fiz? Ela só vive me perguntando do que Taylor gosta, do que não gosta, se ele é solteiro, entre outras coisas. Sempre respondo: "não sei, porque não estamos sempre juntos".

Keyser me contou que a patricinha da escola foi envergonhada na frente das "amigas" por Taylor. Engraçado. Ele nem me contou isso. O nome da tal "popular" é Medsen Bittencourt. É loira e elegante, rodeada de amigos.

– Por que ela te olhou desse jeito? – pergunta Keyser com cara de nojo.

– Nem sei. – dei os ombros.

– Olá gatinhas! – chega Bruno, empolgado. Ele se senta atrás de mim.

– Hum, a noite foi boa hein? – brinca Keyser.

– Foi sim. Dessa vez sonhei com uma mulher me chamando de coração. – fala.

Eu e Keyser nos encaramos por cinco segundos, depois disso foi uma longa gargalhada. Minha barriga já estava doendo, e o fôlego? Quase faltando.

– Eu não entendo o motivo da graça. – indaga. – Eu sonho mesmo, sem brincadeira.

– Cara... – Keyser tenta dizer algo, mas o riso atrapalha. – Você está precisando de uma mulher urgente e louca também. – recupera o fôlego. – Imagina você namorando: ela "- Oi meu amor?", você: "- Oi minha vida!", ela "-sonhei contigo, nesse sonho você me chamava de chocolate e eu chamava você de bombonzinho" – gargalhamos novamente.

(...)

Taylor fez uma aula diferente. Adoro quando ele programa esses passatempos em sala. Os alunos interagem super bem, prestam bastante atenção, riem.
É todo mundo feliz, menos eu.

Marquei de ir a casa da Keyser pela tarde.
Meu pai estava carregando algumas caixas junto com meu irmão. Deve ser a mudança. Entrei sem dar importância aos dois.

– Oi Mel?! – diz Daniela espontânea.

– Feliz? – pergunto.

– Um pouco. Gosto muito da minha cidade natal, mas como eu amo muito seu irmão... – morde os lábios.

– Isso vai fazer bem a todos nós. – interrompo. – Obrigada mesmo por aceitar.

– Por nada. – solta um sorriso contagiante.

🌼

Duas horas depois...

Caminhei por minutos até a casa de Keyser. É um ambiente muito aconchegante, simples e bonito. Seus pais foram muito simpáticos comigo. Subimos as escadas que dava ao seu quarto. Me deparei com algo muito anormal: ela é tem um estilo punk, mas seu quarto é todo branco, com decorações super fofas. Em cima do criado-mudo havia uma foto sua sem aquela maquiagem bizarra! Cara, ela é muito linda!

– Não consigo compreender. – digo olhando em volta.

– Nem eu. – morde os lábios e senta na beira da cama.

– Por que mente para as pessoas? Por que usa máscara? Por que não é você mesma? – pergunto.

– Longa história. – diz sem dar importância. – Quando você souber, aposto que vai retirar todas estas perguntas que criou nesse exato momento.

– Então me explica. – sento-se ao seu lado.

– Não é bom relembrar o passado, mas já que encontrei minha amiga verdadeira posso abrir uma exceção. – rimos. – Eu tinha doze anos, eu era uma menina inocente, gostava muito de brincar e criar histórias em minha mente reproduzindo através das Barbies. – sorriu. – Tudo pra mim era tão fácil, tão livre...até que um dia me tornei prisioneira de um sentimento calado, do qual não pude gritar para que alguém viesse me socorrer: um homem ao qual minha mãe se apaixonou. Era natal, estávamos na casa de uma das amigas dela, meu padrasto estava bêbado. Entrei na sala para procurar algo que não me recordo agora. Ele me chamou e eu fui. Na minha incrível inocência, sentei-me ao seu colo e ele começou a mexer em minhas partes. – suspirou. – Para mim era algo mais normal do mundo. Eu não sei...minha consciência estava limpa. Na verdade, não sabia o que estava acontecendo, naquele momento ele abusou de mim. – lágrimas desciam sobre sua face, não consegui ser forte e me emocionei. – Vim entender que aquilo era uma abuso depois de quatro anos, eu já estava acostumada. Ele sempre dizia: "não conte pra sua mãe, viu?". – soluça. – Nojento! Nojento! Eu odeio ele! Pedi a Deus força para contar a minha mãe, mas não tive coragem. Até que eles brigaram e se separaram. Dois anos depois, a mesma voltou com meu pai e hoje... – suspira. – nenhum deles sabem.

– E por que optou usar esse estilo? – pergunto abraçando-a.

– Não sei, se por acaso ele aparecer e fazer algo comigo? – chora. – Prefiro me esconder, não importa se as pessoas me critiquem, não interessa se me olham com constrangimento.

Naquele momento meu mundo desabou. Não é somente eu que chora pelas consequências da vida, existem pessoas quem tem traumas piores, que ainda clamam por socorro e não podem ser ouvidas.

– Você sofre de depressão? – pergunto em meio as lágrimas.

– Já sofri, cheguei a cortar meus pulsos, a beber centenas de remédios, a querer me jogar de um prédio abandonado, mas Deus enviou um anjo ao meu lado; minha vó. – suspira. – Sabe o que ela me disse? Que felizes são aqueles que ainda não nasceram.

– Por que? – enxugo as lágrimas.

– Porque não viram a maldade que existe na terra. Quando ela falou isso, não compreendi. Perguntei-me: "O que isso tem a ver?". Não obtive respostas Melissa, mas entendi que aquilo era mais do que a verdade. A partir deste momento que lembro daquele lindo versículo que diz: "Por que morrer antes da hora? Enfrente cada problema que aparecer, e se você temer a Deus pode esperar que ele vai abençoá-lo. É muito importante ler a bíblia Melissa, ela é um remédio para a alma, cura qualquer ferida, preenche qualquer vazio. Confie nesta palavra, será sempre sua Fiel escudeira.

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