Capítulo 1

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Acordei com a luz que vinha da janela batendo em meu rosto. Quando me virei tinha uma menina do meu lado, me lembro dela de ontem na festa que teve aqui na faculdade para comemorar o começo de mais um ano letivo. Nunca tinha visto a mesma por aqui, ela devia ser amiga de alguma estudante e por isso estava presente na festa, melhor assim já que não teria que esbarrar com ela em nenhum lugar, causando assim uma situação bem constrangedora.

Ela começou a abrir os olhos e me vi na obrigação de falar alguma coisa.

-Bom dia- disse dando o melhor dos meus sorrisos.

-Bom dia- ela sorriu de volta, mas o mesmo se desmanchou em segundos- Meu Deus, bom dia, não! Que horas são?

-Nove horas- disse olhando no relógio.

-Ah não, estou muito atrasada!- disse se levantando e vestindo a roupa apressadamente.

-Humm- eu não sabia o que dizer- atrasada para o que?

-Meu irmão vai me matar!- foi tudo o que ela disse, só faltava ela ser irmã de algum menino da faculdade, ou para piorar de algum amigo meu.

-Seu irmão estuda aqui?

Tudo o que recebi foi uma virada de costas e uma batida da porta, bem no fundo pude ouvir um tchau apressado. Me levantei rapidamente, precisava descobrir quem era o irmão dessa garota, e o principal seu nome.

Estava descendo rapidamente as escadas quando tropecei em algo, não tive tempo de raciocinar direto enquanto pegava aquele sapato que quase fez eu cair da escada. Ouvi a batida da porta da frente. Comecei a correr abri a porta e gritei.

-Espere!- antes que eu terminasse a frase lá já tinha entrado no elevador- você esqueceu o par do seu sapato!

Fechei a porta irritado por não conseguir a resposta para a pergunta que eu precisava. Coloquei o sapato no móvel perto da porta. Quase me assustei quando virei e lá estava Francesca me encarando.

-Meio clichê não?- ela apontou para o par do sapato, que agora enfeitava o apartamento.- esquecer o par do sapatinho para o príncipe encontrar depois.

-Não enche Fran, hoje meu dia não começou muito bem, como você pode perceber.

-Então sinto piorar seu dia, mas seu pai ligou!

-Ah não! O que ele quer?

-Falar com o senhor.

-Podia ter deixado o recado com você, afinal cuida muito bem de mim.

-É o mínimo que posso fazer por esse bebezinho lindo.

Revirei os olhos, Fran adorava me chamar de bebezinho.

-Não é porque você cuidou de mim quando bebê, que irá me chamar assim pelo resto da vida Fran, já sou um homem!

-Hahahaha, tudo bem, homenzinho- ela ama diminutivos- você está atrasado para seu primeiro dia de aula do novo ano, melhor ir se arrumar, o café já está quase pronto.

-Muito obrigado Fran- me aproximei dela e dei um beijo estalado em sua bochecha- Quem disse que só princesas tem fada madrinha...

-Hahahahaha, devo questionar você quanto um assunto já que sou a sua fada madrinha.

-Pode mandar!

-Como o senhor irá encontrar sua Cinderela?

-Hum, irei pegar meu cavalo e experimentar o sapato em cada bela donzela dessa universidade, até encontrar minha princesa- disse de maneira bem formal, o que arrancou boas risadas de Fran.

-Só você mesmo Henry...

Fui até o móvel e peguei o sapato.

-Não sei como, mas sinto que a dona vira até mim! Agora vou me arrumar estou atrasado!

Subi a escada correndo mas pude ouvir o grito de Francesca.

-Não esqueça de ligar para seu pai!

Eu não queria ligar para meu pai, todas as vezes que nos falamos nesses quatro anos foram mais por conta de emergências, ou coisas muito importantes, não nos vemos desde que vim para a faculdade a quatro anos atrás. Falo mais com meus irmãos, já que sempre fomos muito conectados. Anne vi pela última vez a dois anos, antes de ela viajar para tentar se encontrar e Harry vinho natal, quando fui lá para aproveitar e visitar minhas tão esperadas sobrinhas, tinha dois sobrinhos mas o sonho de Harry e Hayley era uma menina, como se o destino quisesse recompensar mandou duas vezes meninas lindas que são a cara de nossa mãe, loirinha e dos olhos claros. Depois dessa visita lembro de ter chegado em casa e chorado de saudade de mamãe.

Desde que descobrimos toda a verdade sobre o acidente, pensei que as coisas ficariam mais fáceis mas não é bem assim, muitas vezes tenho pesadelos e tinha inúmeras crises de raiva, que diminuíram após muita terapia, mas aconteciam às vezes porque eu nunca aceitei o fato de não terem encontrado os assassinos que até hoje estão foragidos.

Comecei a me arrumar fazendo as mais diversas suposições sobre o que meu pai queria, tinha certeza de que seja lá o que fosse não me deixaria feliz e por isso decidi que ligaria para o mesmo apenas mais tarde. Sentia que não tinha coisa boa vindo por aí.

Depois de tomar um banho, fui vestir minhas roupas e então vi aquele sapatinho delicado deslocado entre minhas coisas. Peguei ele e comecei a me lembrar de sua dona e da noite anterior.

Lembro que estava bebendo quando aquela garota chegou no bar da festa e pediu um drink também, achei o olhar dela encantador e por isso me ofereci para pagar uma. Passamos o restante da noite conversando sobre as coisas mais aleatórias possíveis, como por exemplo os programas idiotas que passam na TV e mesmo assim tem um monte de ibope. Quando o som ficou muito alto, e já tínhamos bebido bastante fomos caminhar um pouco pelo campus e acabamos nos beijando quando ela tropeçou e eu a segurei. O clima esquentou e fomos para meu apartamento já que ele estava bem próximo. Tivemos uma noite incrível, e depois dormimos abraçados até que acordamos hoje daquele jeito.

Ri quando me dei conta que nem nossos nomes tínhamos falado. Como era possível? Falamos tanto e não esclarecemos o mais importante: nossos nomes. Tínhamos tanto para dizer que nos esquecemos dos mais mínimo detalhe.

-Grande idiota você Henry, leva uma garota para cama sem nem sequer saber seu nome!- coloquei o sapato de volta no lugar em que estava e terminei de me arrumar correndo já que estava muito atrasado.

Primeiro capítulo do nosso segundo livro publicado! Uhullll. Quando será que Henry irá encontrar a dona do sapato esquecido na escada? Me digam nos comentários o que acharam do primeiro capítulo❤️

Música do capítulo: Edward Sharpe & The Magnetic Zeros- Home

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