Borboleta no vale da morte.

Borboletas. (1)

  Erisene já havia sido um reino muito próspero e cheio de vida, mas com o tempo o local foi decaindo, muitas foram as guerras perdidas, as importações e exportações do lugar praticamente não existiam mais, as pessoas estavam cada vez mais pobres e miseráveis, até os nobres sofriam com isso.

  O rei e rainha haviam morrido a algum tempo, deixando seus dois filhos gêmeos, Angelina e Daniel órfãos, os dois eram gêmeos idênticos, porém Angelina era mais frágil, sempre ficava doente com facilidade, alguns dias após a morte de seus pais ela tornou a adoecer, a bela moça de cabelos brancos com algumas mexas roxas e de olhos claros mal podia se levantar, o que trazia muito desespero a Daniel que amava muito sua doce irmã.

  Naquele mundo, cada reino era dominado pela família dos chamados "guardiões da terra" eram pessoas que tinham dons relacionados a algum animal, eles eram considerados puros, alguns reis tinham como animal guardião feras, mas que os seguiam fielmente e com obediência, outros tinham animais menos ferozes, mas isso não os tornava menos fortes.

  Angelina e Daniel tinha como animal guardião as borboletas, por isso seus cabelos era brancos com manchas rochas e azuis, além disso em suas costas haviam um desenho muito parecido com o que existe nas asas das mais belas borboletas, desenho que nasceu com eles e se modificava a cada ano.

  A fraqueza que tomava conta do corpo de Angelina deixava Daniel desesperado, tinha apenas a irmã, o que faria após a morte dela?

- Desculpe, mas acho que terei de te deixar sozinho... -dizia a bela Angelina para seu irmão, os olhos da moça brilhavam apesar de estarem caídos.

- Não diga isso, você vai melhorar, não pode me deixar. -ele chorava vendo que sua irmã estava apenas esperando o fim, Daniel parecia estar se olhando no espelho enquanto estava na frente da irmã.

- Daniel, não desista, mesmo que não me veja, sempre estarei por perto...

 
  Angelina deu seu último suspiro, Daniel só conseguia se lembrar dos bons tempos que viveu na infância, quando ficava no jardim com Angelina, observando as belas borboletas. Daniel chorou e lamentou a morte de sua irmã durante toda a noite, sobre o corpo de sua amada irmã.

- Senhor, não a tempo para se lamentar, sinto muito pela perda,  todos amávamos a princesa, mas precisamos conversar. -disse Abiner, ele era o conselheiro do rei e havia ficado praticamente no comando, já que nenhum dos irmãos estavam em condições de governar.

- Eu sei... me de apenas mais alguns minutos, depois prometo que lhe procuro. -Daniel fez como disse, enxugou as lágrimas e foi falar com Abiner. - Diga o que quer...

- Como sabe o reino está em total declínio, não temos dinheiro, ou tropas, eu pretendia casar sua irmã com algum rei rico, para nos poupar de um fim trágico, mas infelizmente ela se foi, porém ainda temos um opção... -Abiner parecia apreensivo em dizer o que queria.

- Me diga! Farei qualquer coisa para salvar esse lugar, daria minha vida para ver o lugar onde eu e minha irmã crescemos revivido. -Daniel estava desesperado.

- Você se parece muito com Angelina... e se dissermos que quem morreu foi na verdade você?

- Não entendo, explique melhor.

- Vários reis ricos estão atrás de uma noiva, vão até dar uma festa no grande palácio dos juízes, para procurar em noivas puras, quero que se case com um deles como se fosse Angelina, será fácil, considerando que são poucas as noivas a disposição.

- Ficou maluco Abiner?! Se descobrirem me matam, seria inútil.

- Escute meu plano inteiro, lhe vestimos de princesa, você conquista algum rei, se casa com ele, na lua de mel oferece uma bebida que o fará dormir e depois forjamos sua morte, assim ele será obrigado a cuidar deste reino e você sai vivo, é pelo bem de todos, a escolha é sua, mas se recusar todos vamos acabar morrendo na miséria, ou alguém irá nos atacar e matar todos os habitantes de Erisene,  sem dó ou piedade! -Daniel ficou confuso com a proposta de Abiner, mas antes de qualquer coisa, ele queria o bem de Erisene.

- Eu... eu aceito, afinal já perdi tudo o que mais amava mesmo...

  Abiner ficou contente com a decisão do rapaz, porém Daniel pensou que estava cavando sua própria cova, Angelina acabou sendo enterrada como Daniel, todos ficaram chocados, não esperavam que logo o príncipe fosse morrer, afinal era a princesa que vivia doente. Enquanto isso Abiner tratava de deixar Daniel o mais parecido possível com a princesa, o que não foi tão difícil, pela própria natureza o príncipe já era idêntico a Angelina.

- Príncipe Daniel, creio que esse vestido não seja tão difícil de se colocar. -Abiner esperava impaciente Daniel sair do quarto. - Saia logo daí! -pediu ansioso para saber o resultado final.

- Perdoe a demora, não sei como minha irmã conseguia usar isso... -Abiner paralisou ao ver o quão parecido Daniel havia ficado de Angelina, o rapaz tinha um cintura perfeita, os cabelos brancos batendo no ombro, aqueles claros olhos azul, ele era lindo. - O que foi Abiner?

- Não imaginava que ficaria tão parecido...