Borboleta no vale da morte.

O rei. (2)

Naquela época, um baile de cortejo foi organizado no grandioso palácio dos juízes, que era o local onde reis de todas as partes daquele mundo, se encontravam em vários eventos importantes, desde festas de paz a encontros para declarar guerra.

Quando Abiner soube que vários reis estariam lá atrás de uma princesa para casar. Aqueles que nasciam guardiões, só podiam se casar com outros que nasceram iguais, ou não poderia. continuar governando.

Abiner tratou de preparar Daniel com os melhores adornos que restavam em Erisene, vestiu os mais belos vestidos de Angelina, e com muita pressa foram, em uma carruagem, para o palácio dos juízes com ele.

- Acha mesmo que isso vai dar certo... Não aguento mais usar este vestido. -Daniel nunca considerou a idéia boa, enquanto reclama tentava arrumar o tecido branco e azul escuro no seu corpo magro.

- Mesmo que não funcione, já estamos todos mortos, pelo menos vamos tentar salvar as pessoas que restam vivas em Erisene.

Abiner era esperto, não tinha limites quando se tratava de ajudar o reino, mesmo não sendo muito experiente, seu pai já era um conselheiro e passou o ofício para o filho, se tivesse algum animal guardião, com certeza seria um raposa. Daniel queria manter as esperanças e confiar no plano de Abiner, mas diante de tudo estava difícil, não era apenas o vestido longo que o incomodava.

Após uma longa e cansativa viajem, eles chegaram ao palácio, haviam muitas pessoas no local, Daniel entrou e começou a chamar muita atenção de todos, que estavam curiosos para saber se a princesa Angelina era tão linda quanto os boatos, afinal era raro uma princesa nascer com animais delicados e quando isso acontecia, era comum os reis disputarem pela tal.

Boa parte das princesas, nasciam com animais que as deixavam desfavorecidas, então as que nasciam com animais como os de Daniel, eram disputadas a todo custo.

Logo alguns reis se aproximaram, inclusive Diogo, que era um jovem rei, muito bondoso, com idéias revolucionárias que estavam tornando seu reino um dos maiores de todos, seu animal guardião eram os leões, por isso sua posse de líder era notada a distância,

Uma dança deu início, cada um tratou de conseguir seu par, mesmo que alguns ainda olhassem para Daniel e pensando ser a Angelina, se detinham em se aproximar, com medo da possível rejeição da bela princesa.

- A bela dama me daria a honra de conceder está dança? -perguntou Diogo a Angelina, que na verdade era Daniel, pegando em sua mãe e o encarando fixamente, os olhos do jovem rei brilhavam de encanto com a beleza da princesa, sem saber de sua verdadeira identidade.

- Sim... -Daniel estava morrendo de medo e encarava Abiner, enquanto Diogo o conduzia na dança, ele mantinha a cabeça baixa, se fosse descoberto seria seu fim.

- Alguém de tamanha beleza não deve manter a cabeça baixa. -comentou fixando o olhar ainda mais nele.

- Desculpe, não gosto muito de multidão... -ele levantou a cabeça e viu o sorriso de Diogo, era lindo, a barba por fazer, os olhos castanhos claros, o cabelo não muito liso que ia até perto do ombro, sua postura e o corpo de alguém muito forte.

- Eu também não... se importa se eu lhe levar para dar um passeio ao redor do palácio, assim posso conhecer a princesa melhor. -sugeriu interrompendo a dança, Daniel voltou a encarar Abiner que fez sinal para ele se mover.

- Pode... -o rei sorriu pela forma tímida que sua companhia aceitou o convite.

- Posso saber do que a bela dama gosta? -perguntou a pegando pelo braço e indo em direção ao jardim.

- Correr, lutar, andar a cavalo... -Daniel se esqueceu que deveria fingir ser sua irmã, não era muito comum uma princesa gostar de tais coisas, o rei se interessou e a encarou. - Quer dizer... não é comum princesas gostarem disso... -Diogo riu do comentário.

- Você pode gostar do que quiser, não é por ser uma princesa que precisa gostar do que as outras gostam, aliás, isso é uma grande qualidade sua! -eles continuaram andando. - Eu... sinto muito pela morte do seu irmão... -o rei parecia comovido.

- Infelizmente... ele não resistiu.

- É uma pena, quando era criança encontrei ele uma vez. -Daniel não se lembrava direito disso. - Queria ter mantido a amizade, mas nossos pais cortaram laços, seu irmão era incrível, corria feito louco pelo jardim, parecia uma borboleta livre...

Dizia o jovem rei com nostalgia, até mesmo com uma certa admiração em sua fala e dando ligeiros sorrisos, Daniel acabou se lembrando daquilo, quando ainda era pequeno o príncipe Diogo passou alguns dias em Erisene, durante esses dias se tornou amigo de Daniel, eles até chegaram a fugir do castelo para brincar na cidade.

- Como você mudou... -disse Daniel impressionado com a mudança de Diogo, já que na época o rapaz era magro e tinha uma postura totalmente diferente.

- Mudei? não me lembro de ter visto a princesa nessa época...

- Ah... é que meu irmão falou de você para mim, está bem diferente do que ele contou... -Daniel ficou vermelho tentando disfarçar sua confusão.

- Como não posso mais o ver, pelo menos tenho a oportunidade de conhecer melhor a gêmea dele. -Diogo parou e pegou nas mãos dele.