Conhecendo a sogra. (9)

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  O dia amanheceu em Ladriel, os pássaros cantavam, ouviasse rugidos de leões do lado de fora e Daniel acordava com vontade de nunca mais sair da cama confortável e macia, ele se revirou todo, até que ouviu batidas na porta.

- Princesa Angelina, o rei Diogo lhe espera para tomar o café da manhã. -disse a voz de algum serviçal.

- Quem diabos é... -ele já ia gritar, mas se lembrou que estava interpretando o papel de um princesa delicada, sem voz de macho louco. - Bom dia, já vou...

  Daniel ainda ficou enrolando na cama, depois se levantou e começou a vestir os diversos adornos de uma princesa, ao terminar a arrumação que demorou, foi até a porta, onde uma serva o esperava para fazer o que ele mandasse.

- Bom dia princesa, o rei me mandou para lhe ajudar no que fosse necessário, como posso servir minha princesa? -perguntou de cabeça baixa e tentando não expressar nenhum sentimento.

- Bom dia, como vai? -perguntou tirando um ligeiro sorriso da mulher simpática.

- Bem, obrigado por perguntar.

- Ótimo, poderia por favor me levar ao café da manhã, estou faminta e não fasso a menor idéia de para onde ir nesse lugar enorme.

- Com prazer minha senhora, me siga por favor. -a mulher começou a andar.

- Desculpe, mas como é seu nome mesmo?

- Aldeti senhora.

- O meu é Angelina, não precisa me chamar de senhora, não gosto de me sentir superior a alguém só porque uso uma coroa.

- Como quiser Angelina, se me permite dizer, fasso muito gosto de a ter como nova rainha.

- Obrigado.

  Aldeti levou Daniel até uma grande sala, onde um café da manhã completo estava sendo servido, na ponta da grande mesa o rei Diogo estava sentado encarando Daniel sorridente, haviam dois leões atrás dele e ao seu lado havia uma cadeira vazia e do outro uma mulher segurando uma cobra.

- Bom dia princesa! -disse o rei empolgado, Daniel sentou na cadeira ao lado de Diogo.

- Bom dia.

- Vejam só ela realmente é muito bela! -afirmou a mulher que segurava a cobra, ela tinha cabelo escuro e longos, olhos amarelos parecendo de uma serpente, a cobra em seus ombros era de um amarelo não muito intenso e encarava Daniel.

- Angelina, esta é minha tia Catarina e a cobra nos braços dela é minha mãe, Elena. -Daniel engoliu seco, percebendo que sua futura sogra, era uma cobra.

- Prazer em conhece-las... -ele não sabia se deveria estender a mão, então simplesmente baixou um pouco a cabeça em sinal de respeito.

- Acho que Elena gostou dela! -afirmou Catarina.

- Quem não gosta de alguém tão sublime?!

  Perguntou Diogo erguendo seu copo, eles tomaram café da manhã juntos, Catarina não falava muito, mas sorria o tempo inteiro, ela era deslumbrante apesar da idade, quando ficou de pé, Daniel pode ver pelo rasgo do vestido que a pele dela na cocha era como a das cobras.

  Depois do café o rei Diogo foi resolver alguns problemas, em relação a nova aliança com Erisene. Quando boa parte das coisas estavam resolvidas, Diogo foi para a biblioteca do castelo com Daniel, ele falou de algumas coisas, mas não parecia animado em ficar conversando.

- Tem algo que a princesa gostaria de fazer? -perguntou esperando que Daniel sugerisse algo bobo.

- Posso ir até a cidade sem escolta?

- Claro que não, viu o que aconteceu na viagem.

- Posso dizer a verdade?

- Seria bom. -afirmou com um sorriso malicioso e esperando insistência.

- Se não me deixar ir, vou acabar fugindo sozinha... -disse rindo, Diogo revirou os olhos tentando fingir que não se interessou pela proposta.

- Ok, mas como vamos passar pelos guardas sem perceberem que a princesa e o rei estão fugindo?

- Simples, vamos colocar os trapos mais velhos que encontrarmos e pular o muro.

- Acho que tem alguns aqui mesmo, mas e o que faremos quando chegarmos a cidade?

- Isso vamos decidir quando chegarmos lá!

  Diogo pegou algumas roupas velhas que estavam guardadas em um baú, Daniel colocou elas bem rápido atrás das cortinas, Diogo tentou não olhar, mas começou a rir pensando se outros reis já tiveram tamanha ousadia com suas futuras rainhas.

  Já prontos, saíram pela janela da biblioteca, Diogo o guiou por um atalho no meio do jardim, até o grande portão, que eles pularam com dificuldade, Daniel foi primeiro, já que era mais leve, em seguida puxando o rei que não parava de rir da situação, afinal, não era nada comum um rei fugindo do castelo para se divertir.

Borboleta no vale da morte. Onde histórias criam vida. Descubra agora