Os sentimentos do rei, são verdadeiros? (5)

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A noite do cortejo foi muito proveitosa, para os reis que procuravam noivas, passava da meia noite, quando cada integrante da realeza estava indo a seus aposentos reservados, Daniel foi o último a ir aos seus, Abiner foi atrás dele.

- Você foi ótimo hoje! -afirmou entrando sem pedir licença.

- Que tortura, não sei quanto tempo vou aguentar isso Abiner! -Daniel se jogou na cama soltando a cinta que prendia sua cintura, que já era fina por natureza.

- Seja forte príncipe, já temos meio caminho andado, o rei Diogo está louco por você, é só continuar enganando ele até o casamento!

- Abiner, outra coisa me preocupa, quando pessoas que sao guardiões se casam, elas participam de um ritual que une suas almas... E se no meio desse ritual o sacerdote sentir que não estou casando de puro coração!

- Daniel, como você é inocente... -Abiner sentou ao lado dele. - Os sacerdotes não passam de velhos caducos, sabe quantos casamentos sem amor eles já fizeram?

- Mas...

- Nada de mas, já começamos, agora vamos terminar! -Abiner ficou mais rígido e sério. - Acha que é só você que está sofrendo, trate de deixar os pensamentos para mim, descanse, amanhã vamos para Ladriel com o rei Diogo, você conhece o reino, convence ele que é a noiva perfeita, se casa e assim salvaremos Erisene!

Ele saiu andando sem dizer mais nada, bateu a porta do quarto bem forte e a trancou, Daniel terminou de tirar as partes da roupa que incomodavam seu corpo, apenas a parte leve do vestido ficou, deitou na cama e começou a chorar sem parar.

Minutos depois ouviu uma batida, foi até a porta e abriu, Diogo estava de pé, com uma espécie de pijama dourado.

- Desculpe lhe perturbar a essa hora, sei que isso é muito indevido, mas não consigo dormir, precisava lhe ver de novo! -Daniel o encarou com espanto, enquanto tentava se esconder atrás da porta, afinal a roupa que estava, não escondia totalmente seus traços masculinos. - Me desculpe... eu não queria ser atrevido, só precisava olhar em seus olhos de novo... estava chorando? -perguntou se aproximando.

- Sim... -respondeu abaixando a cabeça e pegando um casaco na poltrona.

- Por que?

- Não quero lhe importunar com meus problemas... -Daniel se enfiou no casaco e voltou a encarar o rei.

- Como não? Nós vamos nos casar, seremos um só corpo, uma só alma, seu sofrimento será o meu sofrimento, portanto não deixe de me contar sobre eles, pois assim não poderei nos ajudar! -Daniel se admirou com as palavras do rei, mas mesmo assim não poderia dizer a verdade. - É indevido conversarmos em seu quarto enquanto ainda não somos casados, mas por favor vamos nos sentar em algum banco do corredor e conversar. -ele estendeu a mão, Daniel deu um leve sorriso e foi com ele, eles se sentaram no primeiro banco que encontraram no corredor, alguns guardas passavam as vezes.

- Desculpe pelo inconveniente...

- Tudo bem minha futura rainha, agora pode me dizer seus problemas e angústias.

- Bem... para começar a morte da minha... quer dizer do meu irmão, dói muito ainda, além disso, Erisene está caindo aos poucos, o jardim onde eu e... Daniel costumávamos brincar, esta destruído... -Daniel chorava por ter que falar como se ele estivesse morto, mas a morte de Angelina também lhe doía muito ainda.

- Não se preocupe com Erisene, quando nos casarmos, eu cuidarei de o reerguer, claro que seu reino deverá seguir as leis do meu para isso, mas o importante é que voltará a ser um lugar próspero... quanto a seu irmão, não posso fazer nada além de tentar lhe confortar e oferecer um abraço. -Diogo abriu os braços, só então Daniel percebeu que o pijama que ele usava era ridículo, o que o fez rir. - O que foi?

- Nada... -Daniel o abraçou, aquilo lhe deu um certo conforto que não sentia algum tempo, de alguma forma Diogo parecia sincero quanto a seus sentimentos e intenções.

- Posso contar um segredo para minha futura rainha? -perguntou saindo do abraço. - Precisa prometer que não vai contar a ninguem, promete?

- Eu... prometo... -afirmou meio desconfiado.

- Sabe que nós guardiões temos desenhos nas costas relacionados a nossos animais certo?

- Sim... -Diogo se virou de costas.

- Quando eu era criança uma bruxa jogou uma maldição em mim e em meus pais, porquê minha mãe mentiu para essa mulher... -Diogo levantou a blusa do pijama, um leão enjaulado estava no nas costas dele.

- Nossa, o que aconteceu com seu animal?! -perguntou espantado.

- Calma, ele ainda esta aqui, esse é o problema...

Borboleta no vale da morte. Onde histórias criam vida. Descubra agora