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Katherine Willians

Londres

Hoje


Acho que nunca me senti tão nervosa em toda minha vida! O que faria agora? Esperaria até Maggie chegar ou o quê?! Ligar para uma ambulância?!

Estou nervosa. Muito nervosa. Sinto minhas veias saltando e meus braços doendo. Christopher é bem mais pesado do que imaginei, preciso deitá-lo antes que eu o derrube.

Com dificuldade, arrasto o corpo até a cama e o deito tomando o máximo de cuidado. Se bem que esse termo "o corpo" lembra bastante cadáveres... Que horror!

Certo, Maggie deve ter falado algo sobre o que fazer em situações assim, tenho certeza.

Pense, Kate, pense.

No meu primeiro dia... Na agenda telefônica... Carter alguma coisa.

Corro até a sala e folheio até encontrar a letras "C" naquela imensidão digitalizada.

Carter Adams

Carter A.

Carter Brooke

Carter Benson

Carter Brousse

Carter Collins

Ah, quantos Carter's essa família conhece?! Isso não vai dar certo, tenho que lembrar... Carter He... Carter Hay... Carter Hayes! Isso, esse é o nome!

Pulo direto para onde seu nome estava enquanto saco o celular no bolso e digito rapidamente o número que ali estava, apertando o botão verde para chamar. Poucos "bip" depois, a voz grossa e rouca de homem dá sinal de vida. Falo o que aconteceu e logo sou instruída sobre o que fazer.

* * *

Ok, está tudo bem. Christopher está respirando, vivo e adormecido como um urso em época de hibernação, ótimo. Passei horas colocando panos úmidos em sua testa tentando regular sua temperatura, liguei para Maggie e disse o que havia acontecido, agora só esperar ele acordar para ver o que mais posso fazer.

Foi um alívio descobrir que foi apenas um mal estar, o que não tem relativamente nada haver com seu problema visual. Deve ser horrível precisar de alguém e não ter ninguém por perto. Pobre homem. Lembro que a irmã falou sobre sua vida antes do problema. Bom, não falou exatamente, mas disse que ele não era assim. Por incrível que pareça, não consigo imaginar Christopher Harris com um sorriso no rosto. Será que ele possui dentes?

Rio dos meus próprios pensamentos idiotas, largo tudo e sento na poltrona no canto do quarto. Vou esperar ele acordar, é o melhor a se fazer.

* * *

- Quem está ai? – hm? – Tem alguém ai?!

Quê?

- Estou te perguntando! Quem está ai? – sua voz saiu tão alta que juro q meu tímpano tremeu.

- Sou eu. – respondi, esfregando os olhos.

Uau. Quanto tempo se passou exatamente? Eu dormi. Dormi em serviço. Estou louca e pedindo para morrer, só pode! Como pude deixar isso aconteceu?! Olho para meu relógio de pulso. Já passou das dez, e ainda estou aqui! Oh, Deus.

- Você está bem? – perguntei.

- Que horas são? – mas é claro que ele me ignoraria.

- Passou-se das dez, Senhor.

- E o que está fazendo aqui ainda? Esqueceu que possui casa? – bom, tecnicamente eu não tenho, aquilo está mais para um quarto do que literalmente uma casa...

- Só queria me certificar de que estaria bem quando acordasse.

Christopher está um caco. Sentado na cama, com as mãos apoiadas no colchão aparentemente superconfortável e de cabeça baixa, enrugando o nariz todo o tempo.

- Estou bem, pode ir embora.

- Mas o senhor...

- Eu já disse para ir embora. Vá antes que eu tenha que tomar medidas extremas. Está dispensada.

- Christopher...

- Não me chame assim, apenas vá!

Seria mesmo uma boa ideia deixar ele sozinho aqui? E se acontecesse algo como uma queda de pressão ou tontura? Ah, que agonia! Por que todo homem tem que ser tão teimoso? A casa está mais silenciosa do que nunca, os funcionários devem ter ido para suas camas ou casas, não sei. Mas que droga!

- Você escutou o que já falei e repeti várias vezes, Senhorita Willians?

- Escutei e já estou indo, só quero saber se está bem.

- Eu já falei que estou. – Opa, esse tom de voz é novo. Baixo e sinistro. Senhor Harris daria um ótimo protagonista de séries de terror, senti até calafrios na espinha.

Tudo bem, se é isso que ele quer o que posso fazer?

Poucos segundos depois, caminhei até minha bolsa, tirei alguns analgésicos que carrego para emergências – bom, isso é uma emergência – e os coloquei encima do criado-mudo escuro ao lado de sua cama.

- Se sentir dor... – cochichei, recebendo apenas silencio em resposta.

Gentil como sempre.

Prendi a bolça no ombro e sai finalmente daquela casa, o final de semana estava chegando e domingo eu poderia fazer o que mais gosto: nada.

* * *

Tudo bem, vamos recapitular o dia de hoje. Levei o almoço dele, o desafiei, insinuei que seu corpo era de um cadáver – em meus pensamentos, graças aos céus -, dei meus comprimidos que nem sei se ele poderia ingerir e o deixei sozinho doente. Espero ainda ter meu emprego amanhã.

Madame Doerr está inquieta esta noite. Não para de miar e balançar seu corpo graciosamente de um lado para o outro.

Despejei o resto de comida que tinha no saco de ração e completei sua tigela de água. Pronto, isso seria o suficiente para ela se acalmar, preciso comprar mais comida sem falta amanhã.


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Oi amores, desculpem a falta de capítulo, estava em provas como disse anteriormente. Resolvi fazer esse um pouco diferente com o ponto de vista da Kate. Comentem o que estão achando e se preferem os próximos capítulos em primeira ou terceira pessoa, por favor. rsrsrs. Obrigada por lerem <3 Amo vocês e desculpem por qualquer erro.

xoxo

Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora