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Seguro a sacolinha transparente com a foto de um cachorrinho peludo bem ao lado da logo do petshop do shopping.

Droga.

Me sinto horrível.

Ah, só quero chegar em casa, dar o que comer para a minha gata preguiçosa e dormir como nunca!

***

Merda. São oito da noite e adivinha... Meu celular que nunca toca resolveu ir contra as leis do universo e berrar essa musiquinha irritante!

Agarro o aparelho e vejo "Sarah" escrito na tela.

O que ela quer agora? Fazem-se exatamente oito meses que não me dar notícias...

-Alô.

-Uh... Parece que alguém caiu da cama quando foi levantar

-Não, Sarah, eu definitivamente não cai, você me derrubou.

-Kat, credo, que mau humor!

-Desculpa, eu... só estou cansada dessa merda toda, sabe? Consegui um emprego que paga super bem, mas o cara... ele é... muito chato! - Esfrego os olhos, sentindo Madame Doerr se aconchegando em meu colo.

-Hm... Por que a gente não sai para tomar uma cerveja? Preciso te falar uma coisa, ai aproveitamos para falar do seu cara chato. O que acha?

-Primeiro, está tarde; Segundo, ele não é "meu cara chato". Ah, e terceiro, você não me ver nem dar noticias a meses!

-Vai ser legal, Kat, eu prometo! Te pago uma cerveja e qualquer aperitivo do cardápio. E sobre o meu abandono, te explico tudinho quando estivermos lá.

Pensando bem... Meu Deus, que fome!

-Tanto faz.

-Eba! Passo para te pegar daqui a trinta minutos, esteja pronta! - antes de conseguir argumentar ou inventar qualquer desculpa, Sarah tacou o telefone na minha cara, como sempre faz.

Agora tenho que sair do conforto dessa cama desconfortável e ir beber.

Talvez álcool não seja uma má ideia agora.

Passo as mãos pelo rosto.

Não sei por quê diabos me senti ofendida por Christopher ter me feito provar metade daquela loja para comprar um vestido para a tal Abby... Além do mais, sou só uma funcionária, não é? É praticamente meu papel ali.

Levanto, lavo o rosto e reviro a cômoda atrás do vestido velho que tenho á muitos anos.

Preto, solto e simples. Talvez - com toda certeza -, ou ele encolheu, ou fiquei mais gorda. A cintura está estourando... Merda! Não tenho outro, vai ser esse mesmo.

Calço as sapatilhas e passo o gloss diário nos lábios, colocando-o dentro da bolsa em seguida.

Já está mais que bom.

Guardo o celular.

Faltam exatos doze minutos. Espero que não seja como as outras vezes que Sarah demorou para caramba.

***

Música alta, pessoas suadas barroando umas nas outras, e bebidas alcoólicas rondando o lugar. Eu realmente achei que fosse um barzinho simples, daqueles que poucas pessoas vão, do tipo que você senta perto da bancada vazia e pede a cerveja mais barata que tiver.

Sarah anda sobre seus saltos com tanta confiança que me acho um bocado desleixada. O vestido roxo simples até que combinou com os cabelos louros semi-platinados.

-Vamos lá, Kate! - minha mão foi puxada com tanta força que, se não estivesse deslocada da primeira vez que fez isso para me arrastar até a calçada, dessa vez o osso sem dúvidas saiu do lugar. - O que vai querer?

Sarah apoiou-se no balcão, gritando por cima da música o nome de duas bebidas que acho melhor não saber do que são feitas.

Dois barmans misturavam liquidos transparentes agilmente e com uma facilidade incrível, que qualquer um ficaria de boca aberta se deixassem de prestar atenção no corpo alheio. Duas mulheres conversavam animadamente encostadas no balcão, cada uma usando seus minúsculos vestidos e saltos tão altos quanto aqueles arranha-céus. São bonitas...

-Vou ao banheiro.

-Tudo bem, vou te esperar aqui.

Ok, vamos á batalha.

Sigo o caminho de plaquinhas com bonequinhos desenhados, tentando não derrubar ninguém, nem ser derrubada.

Estou ficando muito enjoada com esse cheiro forte... Ah, como detesto isso. É como se água estivesse entrando em meus pulmões no lugar de oxigênio. Sufocante até demais.

Chego finalmente na porta negra e pesada, empurrando-a sem mais nem menos.

Aqui dentro a música fica abafada... Mas isso é muito melhor do que aquele ar pesado.

Abro a torneira, faço conchas com as mãos e jogo o máximo de água no rosto.

Amém á maquiagem a prova d'água.

Estou exausta, faminta e com muita, muita falta de ar. Sei que já dei um exemplo do quão agoniada me encontro, mas agora parece que tem alguém apertando meu pescoço... Argh!

Eu odeio não poder ver minha família, eu odeio não estar lá para o que eles precisarem e eu odeio, mais do que tudo, o fato de que a imagem daquele homem dormindo não sai da minha cabeça! Aqueles fios castanhos sobre a testa, os olhos fechados, e o peito subindo e descendo bem lentamente... Definitivamente, se Christopher não fosse quem tem meu trabalho em mãos e nem arrogante como é, poderia achá-lo bonito de todas as formas. Mas sim, Christopher Harris é bonito. Muito bonito.

Eu nem bebi ainda e já estou pensando besteira, pf.

Pense no que ele te faz, Kate...

Chega de banheiros por hoje. Vou até o balcão, pegar minha babida e jogar ela garganta abaixo, sem mais nem menos! Hojé é meu dia de folga, pelo amor de Deus, que tipo de pessoa fica triste em dias assim?

Saio do cubículo no exato momento que uma morena alta entra quase vomitando em si própria.

Nota mental: Não beber demais.

Caminho a passos largos e firmes até onde Sarah está com nossas bebidas, mas o som de um copo sendo quebrado me faz dar meia volta.

Cabelos castanhos, óculos escuros e maxilar travado.

O que ele está fazendo aqui?

* * * * *
Hey! Tentarei trazer mais este final de semana! Deixem a estrelinha e seu comentário ❤️ Beijos e até logo!

Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora