Katherine Willians
"Katy, o que acha de passar o natal conosco na Suíça?", foram as primeiras palavras de Meg do dia, e pude ver o quão Christopher ficou tenso debaixo do terno com aquilo. Bom, se me fizessem essa pergunta quando cheguei aqui, provavelmente diria um grande e claro não, mas de acordo com a situação atual e toda aquela trégua bem-vinda, passar minha data comemorativa favorita com eles não parece ser das piores coisas, então aceitei. Mas por que Christopher ficara tão incomodado?
Ah, isso não é da minha conta.
Abro a porta dupla a tempo de ver o cara bem vestido sentado na cadeira da escrivanhinha. Aproximo-me, observando sua caligrafia rústica e alinhada, como se pudesse ver onde as linhas estivessem.
-Posso ajudar, Senhorita Willians? - Dou um pulo com o susto.
-Você... Escreve?
-Já enxerguei um dia, arlequim. - Respondeu simplesmente, sem se importar em escontar a angústia. Não queria o botar para baixo...
-Desculpe.
-Pelo o quê? - E finalmente ele soltou a caneta tinteiro fina. Acho melhor não tocar mais no assunto...
-Esqueça. O que está fazendo?
Depois do discurso de mínimas palavras sobre escrever uma carta para alguém, Christopher levantou-se e fomos beber chá na varanda. Mais horas de silêncio.
*
-Vamos, Kate! - Meg socou a porta velha do meu quarto, sem se preocupar se eu estivesse dormindo ou algo assim. Ela sabe que não estaria.
Enviei uma mensagem para Sarah ontem a noite, avisando que viajaria e não poderia ir para a primeira prova do meu vestido de madrinha, nem colocar comida para Madame Doerr, o que seria sua função durante o feriado.
Não sei se agradeço por isso, ou louvo a Deus. Tudo o que eu menos quero agora é esperimentar um vestido cafona em pleno natal.
Abro a porta para a garota, ela logo invade o quarto com um brutamontes e ele leva minha única mala para o que espero ser o carro.
-Vamos, menina! Está na hora!
Ok.
Celular? Confere.
Documentos? Confere.
Pagar esse mês ao hotel. Hm... Vejo isso quando voltar.
Entramos no carro e partimos rumo ao aeroporto, onde Christopher nos espera impaciente. Todo aquele ar leve que tinhamos dentro da casa havia sumido, sendo substituido pelo péssimo peso da irritação contagiosa dele. Éramos quatro, eu, Chris, Meg, e Rock, o namorado da garota.
*
Certo, a casa é enorme, chega a ser maior do que a de Londres. Cheia de grandes janelas e belas vigas amadeiradas.
Na varanda, todos estão sentados nos sofás, até eu, completamente agasalhada, é claro. Conheci muitas pessoas e a cada segundo que passo respirando o mesmo ar que elas sinto o quão nossos mundos são diferentes. Peige, filha de Maile, outra filha dos Harris, é definitivamente a criança mais amável e sorridente que já conheci. Christopher está sentado com ela no colo, agarrando sua cintura firme, enquanto a menina balança as perninhas cobertas pela meia-calça.
-E então, Katherine, como anda a familia? - Perguntou um senhor educado.
-Bem, obrigada.
Aqui todos ficam calados, mexendo em seus celulares e essas coisas, o que eu acho totalmente ridículo. Pelo amor de Deus, é quase natal! Cadê toda aquela felicidade que se vê nas propagandas natalinas de refrigerante?
O silêncio pairava no ar e se não fosse pelos gritinhos de Meg quando viu o baralho encima da estante, passariamos o resto do dia ali sem se mover.
-Vamos jogar! - A garota embaralhou agilmente, distribuindos os bolinhos de cartas entre as pessoas que aceitaram jogar. - Sabe jogar, Kate? - Concordei.
Segundos depois iniciaram-se as várias partidas de pôquer. Quando começaram a falar em apostas, fiquei nervosa. Sei jogar, mas não o suficiete para jogar dinheiro fora, sorte minha que Meg interviu. No final, ficamos no "quem perder, teria que cozinhar para todos". Christopher havia entrado com Peige e Maile, sobrando apenas um rosto conhecido, o de Meg.
Acabou que Rock, o namorado de Megan, teria que cozinhar a próxima refeição, o café da manhã.
Levanto, invadindo casa a dentro.
Se tem algo que estou sentindo nesse exato momento é surpresa e uma grande onda fria percorrendo minha barriga.
Christopher está com a garotinha nos braço, sussurrando palavras inaudíveis em seu ouvido, enquanto encostava a bochecha em seus cabelos.
Sim, ele é encantador. Extremamente encantador. Mesmo depois de alguns dias descobrindo míseras coisas a seu respeito, sei que não o conheço. Posso contar nos dedos as informações que consegui arrancar. Sua comida favorita, vinho predileto e o que costuma ouvir. Apenas, tudo porque o observei tempo suficuente. Ele é um cara fechado, e isso não é segredo para ninguém.
-Certo, vamos dividir os quartos. Temos quatro no andar inferior e dois no superior. Os mais velhos e a grávida ficam enbaixo, ocupando todos, e o resto lá encima.
O quê? Onde eu dormiria? Pelas minhas contas... quatro casais ocupam os quartos de baixo, um encima, Christopher, e eu? Onde fico?
Meg pareceu perceber também, e ficou envergonhada ao pronunciar as palavras "Poderia dormir no mesmo quarto que meu irmão hoje? Amanhã prometo providenciar um quarto."
Não era uma das piores ideias, mas chegava a ser absurda, já que eu sou mulher e ele um homem...
No que está pensando, Kate?! Claro que não vai acontecer nada!
-Certo.
Preciso de água e um lanche. Minha barriga está gritando como um animal.
Passo para a cozinha americana, observando Christopher passando Peige para mãe e subidno as escadas. Ok, vou comer uma besteirinha qualquer e subo para dormir.
Coloco bolachas na boca, sem me preocupar em ser pega. Estou cansada demais para me preocupar. Viro o copo na boca, engolindo cada gotícula do líquido transparente.
Ok. Hora de dormir.
Após subir as escadas, entro na primeira porta a direita, já que a outra está com uma calcinha rosa pendurada na maçaneta de cristal. Só espero conseguir dormir.
A escuridão invade meu campo de visão e sou obrigada a tatear a parede a procura do interruptor trabalhado, idêntico ao da varanda.
Christopher deve ter ido dar uma volta, não tem ninguém aqui... Vou aproveitar para tomar um banho quente e relaxar, poltronas de avião não são muito confortáveis de dormir... Ou talvez fosse pela minha posição... Enfim, vou tomar banho.
Agarro a barra da camisa e puxo-a para cima, jogando o tecido vermelho de qualquer jeito no chão do quarto, enquanto abro a porta a tempo de ver uma sombra no meio daquilo tudo.
-Senhorita Willians?
Era Christopher. De costas. Completamente nu, com seu corpo esculpido exposto... Merda! Eu não deveria ter esse tipo de pensamentos com meu chefe, não mesmo, mas é inevitável. As elevações em suas costas são uma verdadeira tentação e... Deus, me ajude a passar a noite ao lado desse homem, principalmente sabendo que ele estaria a míseros metros de mim.
*-*-*-*-*
Hey! Mais um! Desculpem pelos errinhos e comentem! E..... sobre Christopher no banheiro...... Nada a declarar..... KKKK
BEIJINHOS E ATÉ O PRÓXIMO! ❤️
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Para Sempre
RomanceQuando um acidente destrói a vida de Christopher Harris, tudo vira de cabeça para baixo. Aprendeu da forma mais dolorosa possível como fechar-se para si mesmo, ignorando qualquer tipo de sentimento que uma pessoa normal poderia ter. Anos mais tarde...