• 14 • ESPECIAL

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SURPRESA!!!!! Olha eu aqui de novo! Nem demorei tanto, não é? 

Bom, quando completou os 5k de leituras, pensei "Nossa, vou fazer um especial" e só estava esperando o momento exato para ressurgir! Sim, estou animada pra caramba! Então, deixem seus votos e comentários, ficarei muito feliz. Enfim, boa leitura!

* * * * *

Christopher Harris


Não!

Foi um verdadeiro soco no estômago. De todas as vezes que a mandei ir embora, nenhuma fora naquele sentido, apenas queria ficar sozinho.

Porra! Como sempre, o fodido que não exerga tinha que estraga a vida das pessoas, já não havia bastado a própria!

Fui até a merda da casa daquela mulher, entregar-lhe um presente e tudo que recebo é um "Desculpe, não posso aceitar", com uma batida de porta como brinde. E agora isso. Simplesmente uma demissão ridícula, por um motivo banal.

Katherine Willians sempre me surpreendendo com suas ações. O que vai ser a próxima? Um explosivo?

Sei que não fui a pessoa mais amigável desde quando ela chegou aqui, para falar a verdade fui - e sou - um tremendo filho da puta. Todas as grosserias, xingamentos internos e a droga daquele beijo que... Eu só queria que ela se calasse um pouco.

Nunca vi seu rosto, assim como o de nenhuma mulher que fiquei nos últimos anos - que deram para contar nos dedos -, mas sei que pode ser minimamente atrente de acordo com o que meus dedos conseguiram captar. Pele lisa, lábios macios e cabelo não tão curtos, mas também não longos. Não posso falar a cor dos fios, nem o tom dos olhos e muito menos a roupa que ela está usando, mas algo me diz que é bonita. Bonita e diferente

Como dizem, quando se perde um sentido, os outros melhoram.

Quando minha vida foi arruinada, Abby foi a primeira a me virar as costas. Tudo bem, eu entendo, quem em sua sã consciência quer passar o resto da vida com um cara cego? Depois foram os outros idiotas que eu julgava colegas. Até que só sobrou minha irmã ao meu lado. Então a garota sorridente e aparentemente desesperada por dinheiro caiu no meu inferno particular de paraquedas, o que me deixou desconfortável o suficiente para a querer o mais longe possível.

Mas, inexplicavelmente, quando a Senhorita Willians pronunciou tais palavras de forma ríspida - "estou me demitindo" -, não senti o mesmo alívio como fora com as outras. Senti-me hipócrita, sujo e o pior ser humano do universo. Talvez eu fosse, mas não quero que ninguem se prejudique por minha causa. Não entendo seus motivos de continuar aqui, e creio que nunca entenderei, só que sinto sua necessidade em continuar como se sua vida dependesse disso, então, de uma hora para a outra, pronuncia a frase.

Não. Não é isso que eu quero.

- Senhorita Willians

- Ah, não me venha com essa. Já basta ter jogado a droga daquele beijo na minha cara - sinto sua voz vacilar durante um milésimo de segundo e sei que se arrependeu de ter tocado no assunto. Então o problema estava ali. - Creio que não adianta me rebaixar, Senhor Harris. Fico grata pela experiência. Passar bem.

E de novo sou atingido pela onda de arrependimento e angústia. Tateio o ar á procura de seu corpo magro.

- Espere. Você não precisa fazer isso, eu... - Um suspiro escapa de seus lábios, atingindo levemente meu rosto. Levanto-me. - Me desculpe. Creio que não a tratei da forma correta e acabamos começando com o pé esquerdo. - Posiciono meu corpo á frente do seu e estico a mão, sem ter certeza absoluta do que estou fazendo. - Vamos começar novamente. Sou Christopher Harris, completamente cego e problemático.

Alguns segundos se passaram e só soube que ela continuava ali quando retribuiu-me um aperto de mão.

- Katherine Willians, a moça contratada para ser seu bobo da corte. É um prazer, vossa magestade.

Irônica como sempre.

- O prazer é todo meu, arlequim. - E então, indo contra todas as leis da natureza, sinto um sorrindo vindo em minha direção. Algo que não recebo á muitos anos - tirando os de Meg.

Quando deu o horário, Katherine parou de me fazer companhia e afirmou ter um compromisso, alegando que voltaria amanhã.

É incrível como sua animação não se esgota com o passar das horas. Sempre falando de tudo. Como as plantas sao bem moldadas no lado de fora, como Meg pode ser bonita e sorridente - completamente diferente de mim -, como a casa é silenciosa, ... E, durante as longas horas que passei apenas ouvindo seus discursos, me senti bem pela primeira vez em anos, como se a bolha que me prende pudesse ser estourada e mais alguém conseguisse ler o que penso.

Ah, se tem algo que não gosto em Katherine Willians, é a forma intensa que ela me encara, enxergando o quão podre sou por dentro. Eu sinto isso.

Deixo o copo de água para trás, abrindo minha companheira e andando rumo á bela varanda rústica da casa.

Sinto falta do ar que meus móveis modernos me proporcionavam respirar, das comidas caseiras que apenas Joy conseguia fazer, da cor azulada que o céu tinha da janela do meu quarto, e principalmente da bela vista que me possibilitava ver toda Nova York com apenas um par de olhos.

Argh! Não posso me lembrar daquela época. Eu iria me martilizar mais, e creio que Dr. Angnel não gostaria nada disso. Muito menos Meg.

E, como quem fala do demônio, minha irmãzinha passa pelas portas pesadas da casa, rebolando o traseiro exageradamente até mim.

- Kate já foi? - Assinto. - Tudo bem. - Ela se vira na direção no corredor, mas para bruscamente como quem lembra de algo importante - Chris, por favor, der um desconta á menina, ela não tem culpa do que aqueles imbecís fizeram com você. Nem todo mundo é igual.

Ah, eu sei disso, e como sei.

***

Senhorita Willians está atrasada pela primeira vez que me preocupo em perguntar as horas para alguém que estava limpando a casa. Por um momento senti a surpresa e espanto da Sra. Wells, mas foram logo neutralizados com a pronuncia dos números do relógio.

Sentado aqui na poltrona na sala de estar, sinto as horas passarem como ninguém, até que um corpo diferente se faz presente no lugar.

- Olá. Desculpe a demora, perdi o ônibus. - Assinto de forma lenta. - O que quer fazer hoje, Christopher?

Christopher. É impressionante a maneira como ela pronuncia meu nome.

Dou de ombros.

- Tudo bem, o que acha de... - Sua pausa foi mais demorada do que nós dois esperávamos. Eu sei o que ela está pensando. O que poderia fazer com um cara cego. - Me deixar ler para você?

Meus músculos tencionaram. Eu não sou a merda de uma criança, consigo fazer minhas coisas sozinho. Sei andar, falar, ler em braile, sentir sabores e ouvir tudo que se passa ao meu redor como ninguém.

Mas algo no fundo do meu crânio martela como se fosse burrice negar, então pronuncio as últimas palavras que me imaginei direcionando á Senhorita Willians:

- Como preferir, arlequim.


* * * * *

Está resolvido: Eu odeio todo mundo que fez o pobre Christopher se sentir horrível assim. 

Bom, voltando para o propósito desse capítulo: Sei que já tinha aberto um espaço para o 1k de leitura, então pensei em postar um especial para vocês! 

Obrigada de coração pelos 5k, eu jamais esperaria chegar onde estou hoje e Para Sempre não seria nada sem vocês, leitores maravilhosos!

Eu sou terrível com palavras, então aproveitem o capítulo com o ponto de vista do nosso amado Christopher, deixem seus votos, comentem, e mais uma vez, obrigada! Sou imensamente grata!

Beijos, e até o próximo!


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