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Katherine Willians

Exausta. Eu estava exausta.

Meg me puxara hoje cedo até a cozinha, falando o quão esteve preocupada, para avisar quando saisse, e sobre Christopher. Não era exatamente o tipo de conversa que eu queria ter no momento, já que meu objetivo era esquece-lo, mas não pude fazer nada já que o assunto era trabalho.

Subimos as escadas, deixando Christopher na cozinha. Admito que não olhei para trás, nem me preocupei muito em checar se ele estava bem, por incrível que pareça. Meg me levou até uma outra porta, ao lado da que passei alguns minutos com ele, mostrando-me todo o quarto.

Era pequeno comparado aos outros. Menor do que eu ocupara na noite anterior, e maior do que eu costumava ter no hotel. As paredes eram brancas, com algums móveis espalhados e um grande tapete creme estirado no chão.

-Aqui, pode ficar com ele. Era o escritório até alguns minutos atrás, mas pedi para os rapazes arrumarem.

Acho que nunca ninguém se importou tanto comigo.

-Obrigada.

-Só não suma de novo, Kate. - Meg sorriu, abraçando-me forte e pronunciando as últimas palavras que imaginei: - Só não esqueça do preservativo.

Oh, meu Deus! Como ela sabia? Fiz tanto barulho assim?! Onde posso me esconder?

Caramba, que vergonha...

Megan sai gargalhando, rebolando o quadril até as escadas.

Oh, Deus.

Ok, já tenho meu quarto, minha cama, e paz. Agora tudo que tenho que fazer é aguentar até amanhã, a noite de natal, pedir demissão e voltar para minha vidinha de merda.

-Desculpe, mãe, por não dar o que vocês merecem. - Sussurrei, indo até o outro quarto para pegar minhas coisas.

Estava tudo do jeito que deixei anteriormente. A porta do banheiro aberta, os lençois mais ou menos no lugar, e nossas roupas - minhas e de Christopher - pousadas em uma cadeira.

Agarro minha blusa e calça, as livrando do ninho de ratos que as vestimentas pareciam formar, jogando-a dentro da mochila para leva-la até o outro quarto. E quando guardei meu sutiã, a porta foi aberta, liberando passagem ao meu ex-colega-de-quarto.

-O que está fazendo?

-Levando minhas coisas para meu quarto.

-Por que? - Perguntou, parado, sem mover um músculo.

-Precisa de algo, Senhor Harris? - Não, eu não me envolveria mais do que estava envolvida de jeito nenhum.

-Preciso saber por que está mudando de quarto. - Ele caminhou até a cama sentou no colchão, e puxou os cabelos para trás, como um típico sinal de irritação.

Não aguentando evitar a noite anterior, joguei o resto de roupas na mochila, pouco me importando em selecionar as peças.

-Me responde! - Gritou impaciente.

-Porque preciso de privacidade, Christopher. - Seu rosto parecia aflito.

-Você... É por que sou cego, não é? A porra de um cego! - O quê?!

O ar escapou de meus pulmões em um piscar de olhos e minha maior vontade foi de rir. Rir como ninguém nunca rira antes.

-Do que está falando? - Muito bem, Senhor Harris, interpretou tudo tão perfeitamente quanto a droga de um idoso iludido por uma vigarista de quinta!

-Esqueça e vá embora. Preciso de paz.

-Não mesmo, você vai me dizer.

-Esqueça, Katherine, esqueça.

Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora