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Katherine Willians


Não era comum o bom humor de Jack e tão pouco a aliança em seu dedo. Os dentes levemente tortos pareciam maiores nesta manhã, além da blusa limpa que o mesmo usara. As panquecas voavam quando arremessadas e aterrissavam perfeitamente no contorno da frigideira. No total eram cinco. Cinco panquecas redondinhas, cobertas com chantilly e algumas frutas cortadas, depostas em um prato branco, alguns com pequenos pedaços faltando. Antes eu não aguentaria assistir essa cena sem babar tudo, mas agora... Comidas gostosas são as menores de minhas preocupações.

Fazia-se exato um mês que minha vida havia sido virada de ponta cabeça e tudo que consigo fazer é trabalhar para afogar as mágoas. Pelo menos ganho dinheiro com isso. Christopher não havia voltado para pegar suas coisas naquela noite, o que rendeu longas horas de lágrimas, encaixotamento e F.R.I.E.N.D.S. com soverte, sempre acompanhada por Lena e mamãe.

Talvez eu devesse ter o escutado quando tentou se explicar, ou o batido a pondo de seus parafusos voltarem para o lugar.

Tentei ligar para Megan pouco tempo depois, mas sempre caia na caixa postal, assim como da vez que telefonei para o Sr. Harris, atrás de explicações.

É incrível como depois de todo esse tempo eu ainda me importo... Visivelmente o sinal da idiotice mergulhada na calda de não-amor-próprio que eu cozinhava todos os dias na panela da trouxisse.

Gina invadiu o salão da lanchonete pouco depois que terminei de limpar as vidraças. Naquele horário deveria estar tudo um caos, mas estava estranhamente calmo, apenas com um casal no canto e o Sr. Hills acomodado em sua cadeira de sempre, lendo um jornal e apreciando o amargo café sem açúcar.

- Katherine! Que bom que chegou! – A mulher de terceira idade envolveu seus braços em torno do meu pescoço, quase impedindo a passagem do ar para meus pulmões. – Você trabalha tanto... Deveria tirar umas férias.

- Obrigada, Nonna, mas preciso colocar comida em casa.

E para falar a verdade, eu me sentia gorda. Talvez com todo o esforço que ando fazendo eu consiga perder uns quilinhos.

- Oh, querida... Dean está chegando com algumas mercadorias, coloque-as na despensa, ok? Se precisar grite.

Deixo o pano perto do balcão e começo meu trajeto até os fundos, onde a maioria dos mantimentos são guardados.

Gina é uma mulher adorável, sempre se preocupa comigo, Lena e mamãe, e pedindo para que a chamássemos de Nonna – Lena e eu no caso. Passou grande parte dos seus dias cozinhando e embalando tortas dos mais diversos tipos. E nem precisa dizer que quando ela me entregou três fatias de Red Velvet eu faltei jogar tudo contra a parede. Uma recaída.

Foco, Kate, você é uma mulher adulta, claro que consegue superar o pé na bunda que levou do cara que você chegou a pensar que amava. Sim, só pensou.

Giro a chave na fechadura no exato momento que Dean aparece com suas enormes caixas personalizadas.

- Desculpe a demora, tive que deixar meu avô na clínica. – Ele coloca-as para dentro e bate as mãos uma na outra, dispersando a poeira que se acumulara.

- Tudo bem, acabei de chegar. – Sorri. – Ele está bem?

- Sim, graças a Deus. - Me deu um leve tapinha no ombro - Bom, preciso ir, Kate, cuidado que os sacos, estão mais pesados que o normal.

- Eu dou conta. Obrigada. Até mais. – Vejo os ombros largos de Dean caminhando de volta para o caminhãozinho.

Ok, agora sou só eu e as caixas, as caixas e eu.

Começo a empurrar cada uma com toda força que tenho. Sim, elas realmente estão mais pesadas. Puxo o canivete e removo toda a fita que mantinha os ingredientes presos, começando em seguida o que toda semana é necessário fazer.

Puxo uma saca e por um momento achei ter visto duas da estante á minha frente. Apenas umas vertigem... Elas já vem sendo constantes. Vai ficar tudo bem. Arrumo o pacote na prateleira, puxando outro e mais outros, sendo atingida novamente pela tontura irritante que me atormentava durante alguns dias.

Seguro-me nas paredes quando sinto uma queda de pressão. Droga, o que está acontecendo comigo?! Sem saber o que fazer, com a visão embasada, começo a chutar o armário de ferro que fora projetado perfeitamente para o cubículo da despensa, tentando chamar atenção.

Meus ouvidos zuniram e tudo que eu consegui ver e ouvir, antes de apagar foi Nonna correndo até mim chamando pelo marido.

* * *

O cheiro de curativos me deixava enjoada. Eu já havia estado nesse lugar antes, a muitos anos, quando consegui fazer com o que o gato da vizinha saísse de casa para passear.

- Mãe, ela acordou! – Pude ouvir o som da voz de Lena poucos segundo depois dos passos apressados. Para que tanta confusão?!

- O que aconteceu? – Esfreguei meus olhos, sentindo o corpo de minha irmã ocupando 99% da cama de hospital.

- Você passou mal, mas não se preocupe, já chamei o médico.

Assim que terminou de falar, um homem baixinho passou pela porta do quarto olhando para sua prancheta. Empurrou os óculos de grau pelo nariz e pediu para que todos se retirassem. Ok, aquilo não poderia ser boa coisa. Uma doença grave? Câncer em estágio terminal, talvez?

Não faço a menor ideia, só espero que não seja algo que me leve embora.

- Senhorita Willians, não pode pegar muito peso enquanto carrega uma criança no ventre. – "Criança no ventre"? - Minha garganta secou e senti meu coração se contrair.

- Perdão?

- Peso demais acarreta em problemas para o bebê.

- Bebê? Eu não tenho um bebê.

- Ah, querida, tenho certeza de que tem. Parabéns, nova mamãe. – Sou rosto enrugado parecia carregar anos de irritação e sarcasmo.

Parte do meu sangue foi diretamente direcionado ao chão, assim como a saliva que sumira de minha boca em poucos segundos.

Esse homem só pode estar ficando louco! Mãe? Eu? Se não tenho nem como sustentar minhas meninas, imagina um bebê... Um bebê... Um bebê!

Isso só pode ser brincadeira, uma tremenda pegadinha. Se eu nem fiz s...

Só existe essa possibilidade.

Não lembro exatamente quando foi, mas, por Deus, me ajude a aguentar isso.

Lena e mamãe entraram poucos instantes após o médico carrancudo se retirar e pareciam preocupadas com minha expressão. Choque talvez.

- O que ele te disse?

- Bebê... Mãe... Grávida... Estou...

- Do que está falando, querida? – Mamãe segurou minhas mãos.

- Eu estou grávida, mãe. Grávida de um filho de Christopher.


*-*-*-*

Olá!! Desculpem o sumiço, e os errinhos que pude vir a cometer.

Como havia dito antes, não vou deixar PS sem um final (Que tipo de ser humano eu seria, não é mesmo?! *snif sinf*)

Hahahaha Ok, chega de brincadeira.

Pretendo terminar de postar os próximos capítulos logo, não se preocupem.

Não esqueçam de deixar sua estrelinha e seu comentário! Assim vocês me incentivam a continuar <3


Obrigada por tudo!

Beijos e até o próximo.

Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora