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Katherine Willians

Estava tudo tão... escuro. O céu mantinha o tom cinzento dos olhos de Christopher e isso me fez questionar seus poderes sobre o tempo. Ridícula. Estou ridícula a ponto de me agarrar no homem para quem trabalho quando ele passa por nós. Seu rosto está repleto dos mais variados tons de roxo, e por mais que isso não me faça bem, também não causa sentimentos ruins.

Confusa. Irritada. Indignada. Envergonhada.

Provavelmente não caberiam todos os adjetivos que quero citar para me definir agora, parece missão impossível.

-Você está bem? - Christopher perguntou ao meu lado, aparentemente tenso na cadeira do avião.

-Estou. Obrigada, de verdade, e desculpe por estragar seu natal.

-Você me fez um favor, acredite.

O resto da viagem até Londres foi em completo silêncio. Christopher desfrutando da água que pedira e eu... Bom, e eu nada.

Como havia feito na noite anterior, recaptulei o plano: Pedir demissão e fugir para casa, tentar uma vida nova, ou pelo menos erguer aquela que deixei para trás a alguns anos.

A casa dos Harris estava exatamente como haviamos deixado. Limpa, organizada e brilhante. O homem ao meu lado colocou a bengala metálica em um porta-guarda-chuvas, mostrando o quão familiarizado estava em relação a casa.

Tudo bem, Kate, seu último dia aqui.

-Precisa de alguma coisa?

Sabe o que é mais irônico? Quando passei pelas mesmas portas da frente, quem fizera aquela mesma pergunta a ele fora eu, recebendo mil e uma grosseirias.

Um leve sorriso deu sinal de vida em meus lábios e a vontade de o abraçar tomou de conta, então eu o fiz.

-Você é muito esquisito, Senhor Harris.

-Oh, devo levar isto como um elogio, Senhorita Willians? - Christopher enterrou o nariz em meus cabelos.

-Entenda como quiser. - E lá estavam nossos lábios grudados novamente, com toda aquela delicadeza de um casal apaixonado, coisa que não somos e nunca seremos. Pessoas diferentes, vivem e convivem com pessoas do mesmo tipo. Se ele é rico, casará com uma modelo mundialmente famosa ou algo assim.

Uma angústia me corroeu, mas só consegui fechar os olhos e expirar o máximo de seu cheiro que conseguia.

-Tudo bem, o que está escondendo?

-Nada. - E era verdade. Eu não disse nada sobre aquilo, pois ele nunca perguntou. Mas se questionasse, eu seria obviamente honesta. - Quer comer algo?

-Não, e você?

-Sem apetite. - Sorri, colando nossos lábios por uma última vez.

*

Meg invadiu a sala e foi direto ao meu encontro, agarrando os dois lados do meu corpo e o envolvendo em um abraço.

-Você está bem? Por favor, desculpe por aquele...

-Estou bem. - A cortei, não querendo mais tocar no assunto.

-Fico feliz! Recebi sua mensagem, o que precisava falar comigo? - Kate preencheu um copo com água e a engoliu em poucos goles.

Seria agora. Sim, seria agora.

-Eu... Não posso continuar. - Assim que pronunciei tais palavras, o copo, antes inteiro, se transformou em uma porção de cacos brilhantes espalhados pelo chão. - Ah!

-Você o quê? Desculpe, acho que não ouvi bem.

-Preciso ir para casa, mudar de vida... - E tentar não gostar do seu irmão mais ainda. - Sabe, não posso continuar assim.

-Espera, está pedindo para ir embora? Mas, Kate, Christopher é mais feliz quando você está aqui! Ele acorda cedo para te ouvir chegar e até me perguntou sobre ti! Kate, por favor, não nos deixe agora, você foi a melhor coisa que nos aconteceu desde o acidente!

-Eu... Eu... Meg...

-É o salário? Esse é o problema? Eu duplico! Não... triplico! Sim, você vai receber três vezes mais! - Tentador...

-Não posso, me desculpe.

Passamos alguns segundos paradas, encarando uma a outra, até Meg balançar a cabeça e desmoronar o sorriso desesperado do rosto.

-Tudo bem, eu não posso te prender aqui... Desculpe pelas coisas que essa família te fez passar. Fique bem, por favor. E me diga seu paradeiro. - Nos abraçamos novamente.

Lágrimas finas escorregaram para fora de meus olhos e a única coisa que se passou na minha cabeça foi em nunca mais ver Christopher Harris vestindo seu terno elegante, sentado na poltrona na biblioteca desfrutando um livro de época.

-Eu vou... Pegar minhas coisas e sair. Obrigada por cuidadar de mim até hoje.

-Eu que agradeço por aguentar todos. Você é bem-vinda aqui.

-Obrigada.

Subi as escadas e parei em frente ao quarto do homem que tento tirar da cabeça desdo primeiro dia que estive aqui.

-Katherine? É você? - Adentrei no cômodo, o encontrando de pé, vindo em minha direção. - Está bem? Ficou relembrando aquel... - O interrompi com um beijo, não apenas pelo fato de não aguentar mais ouvir sobre aquele inferno que passei, mas para guardar cada lugarzinho, sabor e textura do seu beijo aveludado.

-Me desculpe, ok?

-Por que está se desculpando? - O abracei forte, saindo dali o mais tardar que conseguia.

-Me desculpe.

-Katherine? Katherine? Arlequim?

A cada passo que eu dava para fora da casa dos Harris, o barulho dos resmungos mal educados de Christopher ecoavam pelo lugar, seguido pelo chamar do meu nome.

Eu não presto. Sou uma covarde que nem dizer ao homem que tenho sentimentos estranhos o que se passa, consigo.

Quando já estava a alguns quarteirões de distância, permiti que as lágrimas de decepção se libertassem.

Não importa o quão pouco tempo passei com os Harris, cada momento bom ou ruim estará marcado no meu corpo.

*•*•*•*
...
Bom, não tenho nada a declarar.
Domingo demorou!
Desculpem pelo capítulo minúsculo, vou aumentar eles apartir do próximo. Comentem e deixem a estrelinha, por favor, isso me dar animo para escrever Até próximo domingo, beijos!
(Se der, posto antes por causa do tamanho desse)

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