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Katherine Willians

O botão acinzentado da minha costumeira calça jeans parecia ter triplicado de tamanho e todo o tecido encolhido. Talvez passar esses dias com os Harris tenha me engordado mais do que um ser humano poderia em apenas pouco tempo, aqui como as três refeições, passo o dia sem fazer nada – tirando quando consigo convencer algumas mulheres que trabalham na casa a me deixarem ajudar com a louça -, e recebo atenção grande parte do meu tempo.

Sinto mãos fortes agarrarem minha cintura, girando-me para o lado oposto.

- Christopher – seu nome saiu como um sussurro por entre meus lábios.

- Gosto de não sentir tanto os seus ossos, Katherine.

- Não sei se fico feliz com isso, mas obrigada. – Sorri, mesmo sabendo que ele não o veria.

Passamos um tempo lendo e agora... Bem, e agora estamos oficialmente voltando para a casa de minha mãe. Christopher passará alguns dias lá e só Deus sabe o quão demorada vai ser nossa estadia.



O jato particular já aguardava nossa chegada quando entramos na plataforma de embarque. Recebi sorrisos gentis do piloto e copiloto, e outro surpreso da aeromoça que nos acompanharia.

Puxo meus cabelos para trás quando entramos na aeronave, pegando um livro de dentro da bolsa ao sentar no banco próximo à janela.

- Estou feliz que as coisas estejam bem. – Disse Chris pouco tempo depois de repousar as costas no encosto. Sua mão tocou a minha e nossos dedos foram entrelaçados.

- Eu também, muito feliz.

Cabelos arrumados para o lado, lábios avermelhados entreabertos e um leve corar de bochechas por conta do frio. O que diabos fiz para merecer Christopher Harris? Já me fiz essa pergunta trilhões de vezes e a única conclusão que consigo chegar é a que não faço a menor ideia. Seus dedos gélidos pareciam mais magros e seu corpo tenso, porém o pequeno sorriso que se formava denunciava um pouco do sentimento de supostamente felicidade.

Mesmo depois de todos esses dias tranquilos, sem sairmos de perto um do outro sequer dois minutos, algo martelava em minha cabeça como pequenos garimpeiros gritando "Tem coisa aí!" enquanto arrancavam meus neurônios um por um. Caramba! Aquele telefonema que Meg recebeu de Chris não saia da minha cabeça nem se eu o pagasse meio milhão de dólares! E por que ela mentiu sobre quem era?

Quando menos esperei, as palavras saltaram para fora da minha boca como balas.

- Chris, o que estava fazendo quando eu e Meg saímos naquela hora? –  Percebi o músculo de sua mandíbula se contrair, denunciando que tocar no assunto talvez não tivesse sido uma das minhas melhores ideias.

- Estava resolvendo algo importante. – Seco, curto e grosso. O babaca-Christopher-Harris havia voltado.

- Quer conversar sobre isso? – Perguntei por um fio.

- Não agora, Katherine. Acho melhor dormirmos um pouco, não o fizemos durante a noite.

Balancei a cabeça em ato de confirmação. Talvez seja algo delicado demais para se abrir comigo por enquanto, começamos a tentar algo agora afinal, não o julgo.

Ele me puxou para mais perto, envolveu minha cintura e tudo o que eu tinha na cabeça desapareceu, as únicas coisas nas quais eu conseguia raciocinar era o quão Christopher Harris era cheiroso com seus perfumes franceses, e como nós nos encaixamos perfeitamente um no outro.

*

Acordei com a loira de hoje mais cedo cutucando meu braço com as unhas impecavelmente pintadas de vermelho-sangue, chamando "Senhorita Willians" em alto e bom tom. Suspirei, tentando sugar forças para sentar como faço toda manhã.

- Bom dia. Estamos pousando, trouxe-lhe uma xícara com café.

- Obrigada. – Sorri após agarrar o objeto com as duas mãos, aproveitando o momento para usufruir do calor transmitido.

Olho ao redor em busca de Christopher que logo aparece cambaleando no largo corredor entre as seis cadeiras, três de um lado e três do outro, divididas pelas fileiras A, B e C.

Uma sensação de tontura me golpeou, fazendo com o que eu fechasse meus olhos durante alguns segundos, tempo suficiente para o senhor Harris me alcançar.

- Já estamos chegando, acho melhor acordar, babe. – Um beijo casto foi depositado cuidadosamente na minha cabeça após uma rápida busca com os dedos. Christopher logo de afastou, sentando em outra poltrona e lendo algo numa revista especial com pequenas bolinhas em alto-relevo.

Ok, a tontura havia passado e grande parte do café na xícara silenciado meu estômago que gritava como uma sirene, agora apenas chegar em casa, tomar um banho e comer tudo que eu ver pela frente, mas principalmente um belo balde de pipoca coberta de chocolate... Hm... Sinto minhas glândulas salivares chorarem! Imagine só algo assim agora!

Esperamos mais alguns minutos e o jatinho pousou em uma pista plana, onde algumas pessoas usavam para tráfego aéreo já que minha cidade chega a ser um ovinho de codorna.

Ovos de codorna também seriam bem vindos...

Christopher puxou minha cintura para si como vem fazendo ultimamente, conduzindo-me para fora do lugar aberto. 

Sim, mesmo cego, ele parecia enxergar tudo com a ajuda apenas da bengala metálica.

Seu nariz reto e queixo perfeitamente esculpido pareciam brilhar com os raios solares. Alguns fios de cabelo escuros voavam por conta do vento forte, o que fazia a parte de trás do seu sobretudo levantar minimamente.

Ele é lindo. 

O cara mais bonito que já pude ver em toda minha vida, sem dúvidas!

- Consigo sentir seus olhos me perfurarem, Katherine.

- Oh, - minhas bochechas esquentaram relativamente – desculpe.

- Eu gosto disso, arlequim, gosto muito, não me importo tanto assim em ser admirado. – Um leve sorriso brincou em seus lábios, senti seu aperto levemente mais forte, levando meu corpo para mais perto do seu.

- Bom saber, senhor Harris.

- Babe, pare de me chamar assim, por favor, estou me sentindo meu pai, já basta todas aquelas pessoas falando "Senhor Harris", não acha?

Depositei um leve beijo molhado em sua bochecha quando a imagem de Christopher mais velho dançou em minha cabeça. Como seria seu pai? Nunca nem vi sua mãe pessoalmente...

A imagem de minha mãe quando mais jovem passou pela cabeça. Todos dizem o quão eu sou parecida com ela e, mesmo não achando tanto, tento disfarçar com um sorrisinho. Mamãe era bonita demais - e ainda é - para ser comparada comigo.

- Como são seus pais?

- Meu pais? – Riu amargurado, liberando todo o rancor preso no peito. – Não faço a mínima ideia por onde andam. Eles são uns fodidos, Katherine, não irá querer conhecê-los.

E mais uma dúvida se acumulava em minha pequena caixola repleta de questões sem respostas. Obrigada aos Harris que me fazem perder cabelo todos os dias com essas frases pouco explicativas. 


*-*-*-*-*

Hey! Bem vindos de volta! (mesmo eu sendo a sumida hahaha)

Comentem, por favor, e deixem sua estrelinha, é muito importante!

Desculpem se demorei, julho acabou e agosto vem como um chicote haha

Beijos e até o próximo, amores!

PS: Desculpem qualquer erro!


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