Capítulo VIII - Borboletas

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Carol foi indo na frente de Ana, falando sobre sua empolgação com a ideia de colocar realmente dreadlocks no cabelo, e como isso poderia ser divertido. Ana apenas concordava e sorria, deixando seu nervosismo um pouco exposto para a linda chacheada que ia na sua frente. Ana viu Pedro parado à alguns metros de distância, embaixo de uma das árvores que havia no pátio da escola, e quando olhou para o garoto do lado dele sentiu os olhos de Pedro nela, queimando suas bochechas que já estavam rosadas.

Carolina sabia que eles precisariam conversar, então, apenas se afastou da amiga deixando um beijo no rosto e um aceno para Pedro, que sorria de volta e acenou também fazendo o menino que estava com ele ir ao encontro de uma outra garota.

Pedro e Ana se entreolharam quando já estavam frente a frente, e sabiam que vinha pela frente uma conversa séria, talvez uma discussão.

- Bem... então... - diz Pedro, coçando nervosamente a nuca e fazendo seu pomo-de-adão subir e descer e Ana corar por reparar nos pelinhos da barba que ameaçava tomar conta de seu queixo e contorno das bochechas.

- Desculpa por ter sumido desde sábado, eu precisava de um tempo para pensar depois de tudo... o que aconteceu - Diz a garota engolindo em seco -. Você me conhece melhor do que muita gente, e isso você sabe - e o menino concorda de leve com a cabeça - e mesmo nos conhecendo a tanto tempo... Eu nunca pensei em você desse jeito, pra ser sincera. - Ana diz, apertando as mãos nervosa.

- Você nunca pensou na possibilidade de se apaixonar por mim? - Pedro fazia uma cara que ela não conseguia saber se era de curiosidade ou raiva, o que a deixava mais nervosa ainda.

- Não é isso, mas eu nunca realmente considerei ela ser verdadeira, eu nunca pensei em ter meu primeiro beijo com você! Mas não quer dizer necessariamente que eu não tenha gostado. - ela diz, corando na mesma hora, e fazendo o garoto segurar sua mão enquanto ouvia os gritos dos adolescentes ao seu redor trazendo lentamente sua atenção de volta a onde estavam.

- Eu preciso te dizer algo, Ana. Você pode me odiar depois disso, ou até se afastar, mas eu não aguento mais guardar isso comigo. Eu amo você Ana. Desde quando éramos pequenos e o seu sorriso tímido iluminar aquela sala enquanto a Carol já pulava em mim e o tanto que você escondia de todo mundo. Mas você sabe que a gente vive em um mundo onde é cada um por si, e você, surpreendentemente pensa mais nos outros do que em você às vezes -o garoto diz, apenas para arrancar um sorriso da menina -. E é por isso que eu te amo, porque você é única pra mim, e sempre foi.

E então Pedro começa a afagar carinhosamente a mão da menina que sem palavras para descrever a situação apenas o abraça carinhosamente.

E assim eles ficam perdidos em pensamentos durante os minutos que restavam do intervalo, e quando o sinal bate eles apenas trocam olhares simbólicos que carregam em si mais de mil palavras e partem caminhando de mãos dadas e sorrisos complexos até a porta da sala de Ana, onde ela se despede com um beijo rápido na bochecha do garoto e entra, com os olhos ainda marejados e se senta apenas para tentar acalmar as borboletas que tentavam perfurar o seu estômago.

- Então.... como foi o seu intervalo? Pelo que eu vi, eu estava certa denovo. - diz Carol, com um olhar curioso e um sorriso completo.

- Eu não sei o que foi aquilo, só aconteceu e foi fenomenal. - Ana fala, soltando um suspiro aliviado como se finalmente pudesse respirar depois de minutos sem ar.

- Parece que alguém me deve um sorvete de flocos. - O que faz Carolina levantar os braços em sinal de vitória.

- Bom, eu não ligo pro seu sorvete de flocos agora, eu estou tão... extasiada com tudo isso. - e a garota rabisca no canto do caderno algumas letras, para aliviar a pressão e o nervosismo que atacava seu estômago com tiros de canhão.

- Mas eu ligo, sabe? E é bom ver você finalmente feliz, miga. E é bom que saiba logo que eu vou ser a madrinha do casamento, viu? - e Carol solta uma risada alta, fazendo a sala se virar para ver do que a menina estava rindo mas foi quando Ana começa a rir junto que todos ficam realmente curiosos. E até o momento em que o professor entra na sala as meninas não param de rir e conversam sobre qualquer coisa que conseguisse segurar a ansiedade forte da garota loira que insistia em continuar rabiscando aleatoriamente uma folha do caderno, tentando aliviar o nervosismo que estava invadindo seu corpo. O sentimento que estava correndo por suas veias era agora desconhecido, não sabia se era amor, se era felicidade, nervosismo, ou até mesmo medo porque a única coisa que ela sabia é que no momento seu maior desejo era selar seus lábios com os do garoto novamente e por um tempo bem mais longo do que os anteriores.

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Por Um FioOnde histórias criam vida. Descubra agora