Capítulo 50 - Perspicaz?

1.1K 135 7
                                    




Gisele




O trânsito estava caótico. Tinha acontecido um acidente, na estrada e os carros estavam sendo conduzidos, um a um. Vi o Sidney,pela janela do meu carro. Ele estava concentrado em salvar aquelas vidas,que nem notou a presença de qualquer pessoa que tivesse passando por ali. Ele avaliava um dos feridos,ao lado de uns outros bombeiros. Eu senti o peso da distância que havia se instalado dentro da minha família. Fazia tanto tempo que eu não falava com a minha mãe. Ela saberia me aconselhar sobre tudo o que tô passando ultimamente. Até o velho tarado, teria bons conselhos pra esses momentos. Pensei em parar o carro e ir até ele,mas eu não podia mudar tudo o que o fiz passar,e me fazer ouvir. E eu não podia dizer :Oi lembra da maldita que te ferrou? Então, tô aqui pra pedir ajuda? Éramos turões de mais, pra dar uma trégua. Digo isso mais de mim,do que dele. Ele sempre tentou manter nossa casa a salvo dos problemas que eu levava pra Eles. Acelerei o carro assim que liberaram a minha passagem,e digitei no GPS o endereço da ladra de maridos. Faltava pouco pra eu chegar no local indicado no aparelho acoplado no meu painel. Liguei o rádio, assim que me aproximei. Eu queria uma distração daquela víbora morena, e dos meus pensamentos que me consumiam por eu lhe dar ouvidos. Liguei pro Nícolas assim que estacionei. Até que ela morava num local bonito. As pessoas tinham cara de quem tinham pedigree.

— Liga pra jararaca e avisa que cheguei. — Pedi,e abaixei o volume do rádio. Tocava uma música da Pity. Uma das antigas,que aliás era muito boa.

— Seja uma boa companhia Gi.
— Interviu, ele estava ficando preocupado.

— Vou tentar.

— Vai conseguir. — Afirmou-me.
— Tentar não é o suficiente.

— Nícolas, você já fez o que eu pedi?
— Esperei. O telefone ficou mudo.

— Já. Ela já vai te encontrar.

— Contou que eu iria acompanha-la?
— Ele riu.

— O que acha?

— Acho que vou me divertir. — Desliguei o telefone, e o deixei de lado. A víbora saiu na porta e buscou o carro do meu ruivo. Vi a frustação no rosto dela,assim que desci o vidro do carro e lhe dei um tchau. Ela ajeitou a bolsa no ombro,e veio sem pressa ao meu encontro. Notei que a barriga dela já estava saliente,e a invejei por isso. Ela carregava um pedaço do Nícolas, que seria o elo deles pro resto da vida.

— Cadê o Nícolas? Pensei que ele fosse vim? — Abri a porta do carro pra ela,por dentro do carro.

— Se acostume querida. Vai ser só você e eu. Como deve ser.

— Como você quer que seja,não é?
— Se sentou ao meu lado. E bateu com força a porta do meu carro. Filha da mãe, o carro era novo. E me custou um rim, para consequi-lo. — Quer que eu digite o endereço? — Dei de ombros,e ela digitou mesmo assim. Vi que era num local de acesso fácil. Arranquei com o carro,em direção a rua principal.




Nícolas




Os acionistas levantavam da mesa, da sala de reuniões indignados. Não estavam satisfeitos com o rumo em que a empresa estava encaminhando- se. Elas queriam o pulso firme do meu pai,mas ignoravam que ele estava debilitado demais pra pensar em negócios, já que sua saúde estava em primeiro lugar. Levantei com pressa,reunindo os papéis que eu tinha preparado para a reunião. O vice presidente tentou intervir,a todo custo. E os acionistas o respeitavam ,por isso me senti um peixe fora d'água naquela sala. O Artur tentou me ajudar, mas um deles riram na nossa cara. Nos chamaram de moleques e despreparados. Eu tive que me segurar para não explodir. Eu só conseguia pensar,que por causa deles meu pai iria se atrasar para quimioterapia.

Um Pedaço  De Mim ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora