Capítulo 71 - Gregos, delícias dos deuses .

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Algumas semanas depois



Gisele



Tudo tinha voltado ao normal. O Nícolas ajudou-me a levar todas as minhas coisas de volta pra nossa casa. O bolinha ficou mais animado, e a minha peluda feliz por ter ao seu lado seu velho amigo de quatro patas. Mudamos alguns móveis da casa, trocamos outros e melhoramos o quarto da Pérola. Trocamos a sua cama, e colocamos uma beliche pro caso do Miguel no futuro vim dormir aqui. Na Renome tudo ia relativamente bem. O Davi ainda cursava direito, e tentava conciliar seus horários. Ele já estava no terceiro encontro com a Lorena. Estava animado, e finalmente esquecendo a Mônica, e abrindo o coração para um novo relacionamento. Eu estava tão feliz por ele, e rezava para que dessa vez, ele também encontrasse o amor da vida dele. Meu primo me ligava mais, e eu mantinha contato nas redes sociais com a noiva dele. Eu visitava mais a minha mãe, e tirava sempre um tempinho para assistir tevê com o Sidney,óbvio que o bolo de cenoura era nossa companhia. Era bom ter um lar novamente. O Nícolas dava os últimos toques no restaurante. Eles ainda não tinham decidido que nome da-lo. Mais, a Verônica sempre arrumava umas opções que o Artur fazia questão de rejeitar. Eu continuei com a terapia com o doutor Marco, e emendei outra nos alcoólicos anônimos. Ele me fez entender que nem tudo tinha que ser determinado pela bebida. Ele me fez compreender, que eu usava desculpas para alimentar meu vício. Eu precisava de ajuda,e o Nícolas me apoiou. Ele queria ter vindo comigo,na minha primeira reunião, mais o Artur precisava dele,então pluguei a mulher compreensiva que tem dentro de mim, e o apoiei. Ele estava ajudando o Artur a realizar um sonho antigo,e ele foi humilde o suficiente para dividir o sonho com o melhor amigo dele. Isso me deixava tão orgulhosa dos homens que me rodeavam. Eu era sortuda por tê-los.

— Sejam bem vindos a nossa irmandade do A.A.— Nos disse um rapaz muito bem apessoado, nos indicando os nossos acentos. Cadeiras de ferro, num círculo. Tinha pelo menos umas vinte pessoas, a minha volta. — Estamos reunidos com a finalidade de ajudarmos, e sermos ajudados. Vejo alguns rostos antigos,e outros novos,e por isso gostaria de saber quem gostaria de ser o primeiro a se apresentar? — Todos nos entreolhamos. — Quero deixar claro que tudo o que é dito aqui, fica aqui. — Uma moça muito bonita se colocou de pé.
— Nos diga como se chama,e depois nos fale sobre as suas dúvidas, aflições, incertezas, preocupações, ansiedades. Seremos todos ouvidos, pra ouvir a sua história e o que mais quiser dividir conosco. — Sugeriu e a moça assentiu. — Esse é um espaço livre, diga-nos o que sentir vontade.

— Eu me chamo Muriel. — A moça estava visivelmente desconfortável.
— Comecei a beber desde muito nova.
— Todos estavam concentrados no que ela dizia.— Começou com uma garrafa de vez em quando. Depois foi pra uma por dia, depois várias até que tudo virou motivo pra beber. — Ela olhou pra trás, numa das cadeiras mais afastadas tinha uma menina, bem parecida com ela. A menina sorriu, e ela voltou a atenção ao grupo. — Minha filha, não estava mais aguentando me ver embriagada, e me fez prometer que eu iria buscar tratamento. E meu psiquiatra me indicou o grupo. E hoje é o meu Primero dia.

— E a quanto tempo está sóbria? — A moça envergonhou-se.

— A uma semana. — Comentou sem jeito.

— Você vai conseguir. Um dia por vez. O Primeiro passo você já deu. — Ela assentiu. — Alguém mais gostaria de dividir a sua história conosco? — Eu tomei coragem e me coloquei de pé.

— Me chamo Gisele, e até a algumas semanas atrás eu não diria que eu era alcoólatra. — Todos prestavam atenção em mim. — Eu sempre gostei de festas, e as bebidas eram a cereja delas. Se eu estava feliz,eu bebia. Se estava triste,eu bebia. Até que percebi que qualquer mudança no meu humor, me fazia querer beber. Era o Meu oxigênio pra sobreviver ao meu caos. Tudo começou com a perda do meu pai. Bebi pra esquecer a dor, e até hoje uso desse artifício pra fazer os meus problemas sumirem, nem que seja por algumas horas. — Como estava sendo bom dividir isso com eles. — Tudo foi piorando com o tempo, da cerveja eu fui pro whisky e destilados. Tudo servia. Uma garrafa não era mais suficiente, e eu anseava por me sentir embriagada. Eu podia ser o que eu quisesse ser, ninguém tinha coragem de me criticar ao ponto de me fazer parar,até que eu revi minha vida, e percebi que eu não queria ser mais assim. Eu tinha que mudar, eu tinha que se melhor do que eu estava sendo. O doutor Marco,meu terapeuta me ajudou. Ele me indicou o grupo, e eu sou grata por todo trabalho e paciência que ele está tendo comigo.
— Alguns sorriram de forma compreensiva. — Eu me orgulho de falar que estou um pouco mais de um mês sóbria. Confesso que é difícil, mais não impossível. — Me sentei.

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