Capítulo 62- Cobra sem veneno

1.2K 122 5
                                    




Gisele




Alguns meses depois





Eu me cansei de ficar no hotel e voltei pra casa da minha mãe. Fui muito bem recebida, e ganhei bolo de cenoura como boas vindas. A Pérola e o Miguel vieram passar algumas horas conosco na semana. Me aproximei das crianças, e dos pais. Fiz um empréstimo no banco, e consegui pagar oitenta por cento do dinheiro da compra da empresa, para a Lone. Agora éramos o Davi e eu, na Renome. Não tínhamos dinheiro para pagar mais ninguém. O Artur vinha nos visitar, e contava sobre as obras do restaurante. Ele andava tão empolgado,mas evitava falar do Nícolas. Apesar deu ter muita curiosidade pra saber o que ele tinha feito nesse tempo que estávamos afastados um do outro.

— Gi, vou arrumar uma grana pra gente reinaugurar a firma. Ela tá precisando de uma reforma. Umas portas de vidro. Uma cozinha nova. Um espaço para duas secretárias.

— Não temos dinheiro.
— Murmurei,enquanto terminava de assinar alguns documentos.

— Na verdade,temos sim. — Sorriu. Ele tinha aprontado.

— Eu conversei com o Lúcio Sarkozy, e ele aceitou os nossos serviços. E, nos deu um adiantamento por sermos seus novos advogados.

— Você não é advogado.

— Não ainda. — Puxou uma cadeira para se sentar. — Eu me matriculei na faculdade. Começo mês que vem.

— Parabéns Davi. — Sorri. — Agora, me diga uma coisa? — Ele assentiu.
— Porque fez isso sem me consultar?

— Porque precisamos de clientes,Gisele. A Lone levou quase todos. Vamos falir desse jeito.

— Mais logo o Lúcio Sarkozy?

— Ele te conhece. E gosta de você.
— Justificou-se. — Eu falei de onde era, e ele logo topou. As empresas dele, vai abrir nossas portas pra outros clientes que nos darão lucros.

— Eu sei, é que eu não queria ter contato com aquela família de novo.

— Engole o orgulho, e vamos a luta.
— Levantou-se.

— Você viu o Nícolas por lá? — Ele negou.

— Ele não trabalha mais lá. Ele foi afastado, a três meses atrás. — Abriu a porta. — Eu vou buscar nosso almoço.
— Eu assenti,e ele saiu.


Nícolas



Eu estava em casa, deitado na minha cama olhando pro meu teto. Tinha dias que eu não saia de casa. Ou ficava na cama,ou na frente da televisão. Meu pai estava melhorando. Fez a cirurgia, e graças a Deus, deu tudo certo. Era uma preocupação a menos. Sem trabalho, apesar do seu Lúcio me afirmar que logo, logo tudo iria voltar ao normal. Ele na empresa, e eu ao seu lado. Minha mãe estava ocupada com ele, e eu não queria dar mais trabalho. Me isolei. As vezes meu vizinho vinha pra cá, pra jogarmos uma partida de futebol no vídeo game que era do afilhado dele. A mulher dele o abandonou, e ele resolveu assumir a cunhada e o filho que não era dele. O Artur sempre me contava como andava as coisas no restaurante. As obras estavam quase sendo finalizadas,mas eu não queria lhe dar falsas esperanças,e pensar que eu iria me juntar a ele,naquele sonho que ele daria o sangue pra dar certo. O bolinha era o único que me fazia sair da cama. O pobre coitado não podia passar fome por minha causa.

Um Pedaço  De Mim ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora