Capítulo 20

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Isabella With

Acho que dois meses se passaram desde que Ed se foi e levou minha alma junto, também acho que perdi o sentido da fala pois por mais que tente não sai nada. Ou talvez eu não tenha nada para dizer, a única pessoa com quem eu queria e precisava conversar se foi e nunca mais vai voltar. O que me resta são as lembranças, juntamente a música e a carta que mantenho em segurança. Acho que são as coisas que me impede de fazer alguma besteira.

Eu estou sentindo ser totalmente mentira a frase que Dra.Lisa me disse quando fui uma ultima vez ao seu consultório forçada por Jimmy eu acho, na verdade não me lembro muito mais de nomes ao certo.

 "Você aprende a ignorar a dor com o tempo" Essa é a maior merda dita no século.

Você não consegue ignorar a dor porque qualquer coisa que você faça lembra a pessoa, e faz doer mais o fato de que sua realidade vai caindo aos poucos e começa a perceber que realmente ela nunca vai voltar. Eu tentei fazer o que Ed me pediu, saí da clínica por um tempo, mas no momento em que me deparei com outras pessoas foi demais para mim. Lembrando de todas nossas conversas sobre o que elas tinham se tornado hoje em dia me fez ter medo e se encolher em um beco escuro até ser achada pelo meu pai.

Então voltei a clínica na estaca zero, pior do que quando cheguei a ela oito anos atrás. Em um momento meu, reli a carta e então uma súbita raiva e dor me atingiu por um bom tempo. Eu estava sentindo de novo, mas isso não era nada bom. Também não estava sozinha, eu tinha Jimmy e meu pai, então porque continuava a me sentir vazia e sozinha ?

Me encontrei xingando Ed de todos os tipos de nome por me deixar aqui nesse mundo medíocre, fiquei arrasada então só me lembro de ficar dopada por três dias porque acordava no meio da noite com a garganta doendo de tanto gritar. Som esse que eu nem escutava. Eu sinto que meu corpo e minha mente não está mais conseguindo suportar, e acabará cedendo ao inevitável em algum momento.

Ed me perguntou uma vez se eu sabia distinguir a diferença entre Paraíso e inferno, bom agora eu consigo, porque todo lugar parece um inferno sem ele. Eu só queria que o mesmo estivesse aqui e me envolvesse com seus braços reconfortantes e nunca mais me soltasse, as pequenas coisas que me alegravam antes agora são bobas e sem sentido. É como se tivesse dementadores sugando minha alma, pois toda a felicidade que ele me deu já não existe mais.

Eu fico olhando para a nossa fotografia juntos, e me pergunto todos as vezes como eu vou conseguir ficar aqui sem ele. E foi vendo ela que tive um surto, chorei a noite inteira porque a vida muitas vezes é injusta.

Me sentia doente a cada dia, mais leve por conta do baixo peso. Vomitava o que não tinha no estomago porque não conseguia comer e se tentava me alimentar colocava tudo para fora de novo.

Eu olho para Jimmy e meu pai parados no quarto conversando, e um sentimento de impotência me atinge. Como se estivesse sendo avisada que o meu fim estivesse chegando, algumas pessoas superam, outras ficam como a minha mãe, parece que eu não fui nenhuma delas.  

Só queria poder dizer que os amava muito e agradecer por terem feito de tudo para me ajudar, olhando para meu pai as únicas coisas que se passavam pela minha cabeça era de que a garotinha dele já não aguentava mais. E como se fosse um gatilho para o que restava, eu fechei os olhos e assim como Ed, dormi para sempre.

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