Parte 8 - O sapato

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Mesmo sabendo que seria difícil um dia ele a esquecer, eu estava feliz quando chegamos à frente do meu apartamento, eu tinha ficado com um homem bonito. Errado? Sim, errado. Mas eu desejava ele, não sei onde tudo isso iria levar, mas eu estava disposta a arriscar.

-Então você mora nesse barraco? – Ele perguntou com uma cara de nojo.

-Moro sim, algum problema? – questionei, agora ele quer me chamar de pobre? Que novidade, sou mesmo, mas não vai me ofender não.

-Desculpa, mas acho que uma mulher como você não poderia morar num lugar como esse, Afinal você não ganha tão mal – Ele falou puxando uma das minhas mãos.

-Problema é que eu não ganhei ainda e eu não quero falar disso. Eu preciso entrar – Falei abrindo a porta do carro.

-Você mora sozinha? – Ele me perguntou com uma cara de curiosidade e puxou a minha mão que estava segurando, num gesto talvez para que eu ficasse mais.

-Não, eu moro com a minha mãe. – Eu falei olhando para nossas mãos. Por algum motivo eu não estava pronta para contar tudo sobre a minha vida, eu tinha medo de sofrer novamente por homem e infelizmente ele era um homem potencialmente problemático que poderia me ferir. – Acho melhor eu entrar, ela deve estar preocupada. – Eu não sabia se saia ou se dava um beijo nele, foi quando senti seus lábios sobre o meu, ele estava me dando um beijo delicado. Quando abri os olhos e encontrei os dele, eu senti que talvez pudesse dar certo ou estava tentando me iludir. Saí do carro, fechando a porta e vendo-o partir.

Quando entrei na minha casa, acabei me jogando no sofá talvez em uma forma de refugio para poder pensar e recapitular os últimos acontecimentos. Santiago era inconstante, uma hora ele era grosso e em outras falava e fazia coisas amáveis, eu estava com medo de tudo que poderia estar por vim, mas ao mesmo tempo, estava feliz em pensar que poderia dar certo e que eu iria recomeçar a minha vida. De uma coisa eu estava certa, eu tinha que viver intensamente, preferia me arrepender de fazer alguma coisa, do que não fazer.

Acordei no outro dia, do mesmo jeito que havia deitado no sofá com a minha mãe me chamando, eram 6h. Droga, bem no dia em que eu queria ir linda para o hospital, eu ia horrível, tomei um banho e me arrumei em vinte minutos e fui caminhando para o hospital. Chegando à UTI dei de cara com a Rebeca me esperando na porta da sala de enfermagem.

-Posso saber a onde a Senhorita passou a noite, ou melhor, com quem você passou a noite, porque você foi embora sem mim? – Ela começou a jogar as perguntas enquanto vinha atrás de mim até eu sentar.

-Meu deus! Calma. Passei a noite em casa, fui embora com o Santiago. Longa História. – Falei abrindo o livro de passagem de plantão. A Rebeca não tirava os olhos de cima de mim.

-Você está diferente- Ela falou enquanto passado o dedo no queixo.

-Sim, eu estou sem maquiagem porque acordei atrasada. – Eu falei enquanto me levantava para pegar meu jaleco atrás da porta.

-Então a noite foi longa – Ele me perguntou me seguindo até a porta. Quando alguém bateu na porta da sala. Eu empurrei um pouco a porta para trás e era alguma das meninas da recepção.

-Senhor Santiago mandou entregar isso – Ela me entregou com uma cara de nojo, virando as coisas sem nem me dar à oportunidade de falar obrigada.

-Acho que ela não ganhou essa noite – Falou Rebeca me seguindo até a minha mesa, a onde eu me sentava com uma caixa cinza com um laço enorme preto. – O que será que tem aí? – Perguntou Rebeca enquanto colocava a mão sobre o laço na intenção de abrir o presente. Eu dei um tapinha na sua mão.

-Ei, eu vou abrir – Falei desfazendo o laço. E quando eu abri não poderia ter sido mais fofo o que ele havia feito. Eram sapatos bege iguais ao que eu usava na noite anterior, quando Rebeca me tirou do meu momento.

-É os meus sapatos, o que aconteceu na noite anterior? – Ela falou me fuzilando com os olhos.

-Na verdade não são os seus sapatos, porque os seus eu perdi na piscina da casa dele, mas esses são seus sim. Desculpa ia te contar, mas com tudo que aconteceu ontem eu acabei esquecendo. – Eu falei enquanto entregava a caixa para ela.

Rebeca começou a balançar a cabeça e disse:

-Não mesmo, esses são os seus sapatos, ele te deu e eu tenho diversos outros sapatos. Acho que você precisa muito mais que eu, ainda mais que agora ele vai querer que você use esses sapatos com ele – ela falou enquanto cutucava meu ombro com o dela. Eu comecei a rir.

O dia transcorreu normalmente, um dos nossos pacientes foi liberado para o quarto. Depois que terminou nosso plantão, eu e a Rebeca fomos à praça de alimentação tomar o nosso santo café. Quando cheguei lá, vi o homem mais lindo do mundo sentando em uma das mesas sozinho, eu não sabia se ia até lá ou fingia que não tínhamos nada, mas espera aí eu nem sabia ao certo se nós tínhamos alguma coisa. Foi quando a Rebeca falou:

-Você não vai lá falar com seu Doutorgostoso.com? – Ela começou a rir e eu não consegui me segurar tive que rir também.

-Eu vou lá, agradecer os sapatos – Falei dando um piscadinha para ela.

Quando eu estava chegando perto da mesa, ele levantou com seu ar de superioridade, na verdade não parecia nada com o homem fraco que fez diversas confissões para mim na noite anterior. Ele estava com o terno cinza escuro, camisa branca e uma gravata preta, absurdamente sexy.

Quando cheguei até ele, ele me puxou pela mão e me deu um beijo no rosto. Senti-me um pouco triste por ele não me dar um selinho, mas na verdade eu não queria que ninguém soubesse disso tudo.

-Então, vim agradecer o sapato. – Falei sorrindo, enquanto ele puxava a cadeira para eu sentar e ia sentando na minha frente.

-Imagina, acho que era o mínimo que eu poderia fazer. Normalmente é o que eu faria com uma mulher que quero conquistar e que perdeu os sapatos – Ele falou, enquanto colocava sua mão sobre a minha que estava apoiada em cima da mesa. Ele não deveria ser tão lindo e romântico ao mesmo tempo, porque fazer eu me apaixonar por ele seria muito fácil.

-Então, estilo cinderela? – Falei, piscando para ele.

-Você parece realmente uma princesa – Ele cariciando a minha mão. – Então, o jantar pode ser hoje? – Eu sinceramente não esperava que fosse hoje, mas eu tinha tanta vontade de ficar com ele.

-Pode sim, sem problemas. – Eu falei, devolvendo as caricias que ele fazia em minha mão.

-Te pego as oito. Agora eu tenho ir, tenho uma reunião. Qual é o número do seu celular? – Ele me perguntou enquanto pegava o seu. Por um segundo pensei em diversas mentiras para explicar o fato de eu não ter um celular, mas como explicar ao um homem que você não tem celular porque o único que você tinha o seu ex- namorado quebrou e você não tem dinheiro para comprar outro.

-Então, eu não tenho. – Resolvi falar a verdade, quer dizer, meia verdade, enquanto falava eu desviei do olhar dele.

-Ok, eu resolvo esse problema, te pego as oito. – Ele se levantou, abotôo o botão do seu blazer e me deu um beijo na testa. Fiquei por alguns minutos com os olhos fechados saboreando aquele singelo beijo, quando Rebeca e Vanusa sentaram-se na mesma a onde estávamos.

-Meu Deus! Você precisa contar tudo – Falou Vanusa, enquanto segurava um sanduíche e limpava o canto da boca sujo por mostarda.

-Também estou a fim de saber – Falou Maria num tom de deboche, cruzando os braços. – Afinal, a "feia", a "amante" e não sei como te nomear Helena. Que tal "estou sendo a nova usada pelo Santiago"? – Sua cara era de satisfação, talvez por saber que conseguirá atingir pelo menos eu e a Vanusa, porque realmente a Rebeca não se abalava com nenhum comentário, eu só não conseguia entender, o porquê a nomear de amante, vai ver eu precisa conhecer ela melhor, mas o que importava naquele momento era eu ser a "nova usada por ele".

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A cura da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora