Parte 12 - Amantes

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Cheguei à sala de enfermagem e fiquei surpresa com o que eu vi. Era um senhor conversando com a Rebeca, na verdade ela parecia estar em uma discussão calorosa. Eu não queria interromper, mas na verdade eu já estava atrasada. Então dei uma tossida e fui abrindo a porta.

- Toda licença, não quero incomodar - disse envergonhada.

Então Rebeca limpou as lágrimas que corriam do seu olho e o Senhor que não me era muito estranho olhou para mim da cabeça aos pés, na verdade ele me deu um pouco de nojo.

- Desculpa Helena, o Senhor Humberto já estava indo. – Disse, indicando a porta para o Senhor que estava na frente dela. Senhor Humberto, Meu Deus! Era o pai do Santiago, meu sogro. Eu ri internamente em pensar que ele era meu sogro.

-Com licença – Ele disse, enquanto passava por mim e fuzilando com os olhos. Senti-me um objetivo sendo secada numa vitrine. Tipo aquela roupa que eu olhava e olhava, mas não tinha dinheiro para comprar. Enquanto eu calculava com os meus botões a Rebeca desmoronava na cadeira e começou a chorar compulsivamente. Eu me ajoelhei a sua frente e tirei suas mãos do seu rosto e as segurei.

-Amiga! O que aconteceu? O que aquele homem te falou para te deixar assim? – Perguntei, apavorada com o estado em que a minha amiga se encontrava.

-Eu não posso falar – Disse, negando com a cabeça diversas vezes.

-Rebeca, por favor, pode confiar em mim – Disse, segurando sua cabeça e limpando suas lágrimas.

-Você promete que não vai contar para ninguém, nem mesmo para o Santiago? – Disse, olhando no fundo dos meus olhos. Como eu poderia prometer alguma coisa assim, o Santiago e eu estávamos começando um relacionamento e se eu não podia contar para ele, é que coisa boa não era. Mas eu não a podia deixar depois de tudo que ela havia feito por mim.

-Eu prometo – Aquelas palavras saíram com dor da minha boca.

-Eu fui amante do pai dele – Disse, abaixando a cabeça e chorando compulsivamente. Ai Meu Deus! Coitada da Dona Conceição. Coitado do Santiago quando descobrir que seu pai traiu a mãe dele. Foi quando eu lembrei que a Maria tinha a chamado de amante algum dias desses. Comecei a ficar apavorada.

-Por favor, me diz que a Maria não sabe de nada?

-Sabe! – Ela começou a chorar mais ainda – Ela nós pegou faz algum tempo aqui no hospital, quando ele ainda trabalhava aqui.

-Meu Deus! – Disse, botando a mão na boca – Você sabe o que isso quer dizer? Que qualquer momento ela pode contar para o Santiago.

-Eu sei, por isso você tem que fingir que não sabe de nada, porque ela pode dizer que você sabia de tudo e o Santiago pode ficar uma fera com você. Ele ama a mãe dele demais e seu pai também, ele não conhece as coisas que aquele homem faz e diz. Ele é nojento, Helena. – Disse, limpando as lágrimas e se acalmando – No começo eu não queria, mas cedi, porque eu sou fraca e ele começou a me dar presentes. Eu praticamente me vendi, depois eu queria parar e ele me forçava, me agarrava em qualquer lugar e me ameaçava dizendo que ia me demitir.

-Porque você não o denuncia, por assédio sexual?

-E o que isso ia resolver, ele é dono do hospital. A única coisa que eu queria ganhar era uma demissão e uma possível mancha no meu currículo, possivelmente nunca mais iria trabalhar. –Disse, levantando e caminhando até a porta. – Vou voltar ao serviço antes que o Pedro venha aqui e brigue com nós. Tem alguns procedimentos ai para realizar a Mercedes deixou anotado.

Então ela saiu, tentando transparecer que nada havia ocorrido. Eu deveria contar para o Santiago, mas possivelmente eu botaria a Rebeca em uma encrenca e como eu poderia saber que o Santiago ia acreditar em mim, afinal ele me conhecia há pouco tempo. Ah, eu não queria saber disso, porque agora eu não sei o que fazer. Fiquei o resto da manhã matutando tudo aquilo.

A cura da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora