Parte 37 - Café da manhã

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Acordei com o sol batendo no meu rosto. Aquela cama era maravilhosa e as lembranças que ela me trazia eram melhores ainda. Eu estava morrendo de fome e provavelmente a Fátima já havia chegado, precisava tomar um café, porque acho que fazia um dia que eu não comia nada.

Desci até a cozinha e encontrei a Fátima colocando o café na mesa.

- Que bom que você acordou, eu ia lá te chamar. Você comeu alguma coisa ontem? O Senhor Santiago me disse que a senhora tem que se alimentar muito bem. – Ela disse enquanto ia até a cafeteira.

-E quando ele te disse isso? – Perguntei sentando-me na cadeira

-Hoje mesmo, ele acordou e veio me dizer que era para a Senhora tomar café, almoçar tudo regradinho. Ele parecer gostar muito da senhora. – Ela disse servindo café para mim numa xícara.

-Fátima! – Santiago chamou atenção dela pegando a xícara que estava na minha frente – A Helena não pode tomar café.

-Eu não posso tomar muito café, mas não quer dizer que eu não posso tomar um pouco – Rebati

-A senhora está grávida? – Fátima perguntou apavorada enquanto eu e o Santiago nos encarávamos.

-Eu não quero saber se você quer ou não, o meu filho você não vai colocar em risco com suas irresponsabilidades. – Ele gritou comigo.

-Irresponsabilidades? Você nem ao menos queria esse filho – Gritei com ele me levantando.

Começamos a brigar sem dar a mínima para a pergunta da Fátima e nem para o fato dela estar observando a nossa briga.

-Abaixa o tom para falar comigo – Ele me advertiu

-E porque você grita? – Perguntei gritando

Estava para nascer homem que ia me fazer calar a boca.

-Porque eu posso, estou na minha casa – Ele me respondeu gritando mais alto que eu batendo as duas mãos sobre a mesa.

-Não por isso, eu vou embora – Disse jogando a cadeira para trás.

Ele respirou fundo e segurou meu braço com força puxando a cadeira e me sentando nela com força.

-Você vai ficar aqui. Vai comer e ficar bem quietinha, porque você tem muito mais a perder do que eu – Revirei os olhos, ele estava extrapolando todos os limites.

Ele se sentou na ponta da mesa.

-E não revira os olhos. – Ele disse servindo o meu copo de suco.

Soltei uma risada.

-Eu posso respirar senhor? – Perguntei ironicamente.

-Deve afinal sem isso meu filho morre – Ele respondeu com um sorriso falso.

-Santiago você acha que eu vou aguentar quanto tempo? – Perguntei tomando um gole do suco com aquela gritaria toda acabei ficando com sede.

-Tempo suficiente para o meu filho nascer – Ele respondeu comendo a omelete que a Fátima acabará de servir.

-Tudo bem, eu agüento. Mas saiba que filho sempre ama mais a mãe, e como ele vai ter uma madrasta, provavelmente também vai ter um padrasto. Porque você sabe como eu sou tão vadia, que homem é o que não vai faltar – Respondi com um sorriso no rosto olhando para a Fátima que me olhava apavorada.

Santiago serrou os dentes com raiva.

-Helena, come e cala a boca – Yes! Ponto para mim.

Comecei a comer a omelete que a Fátima havia me servido. A cozinha tinha um silêncio absurdo conseguia somente ouvir o mastigar da comida.

Foi quando a campainha tocou.

E foi chegando a Maria.

Claro tinha que ser a Maria.

Demorou aquela vadia chegar aqui.

-O que ela faz aqui? – Ela gritou quando me viu.

Ótimo, mais um barraco para começar bem a manhã.

-Não contou para a sua noiva Santiago? – Perguntei ironicamente

Ele fechou os olhos com gesto de impaciência, só não sabia se era comigo ou com a Maria. Porque deveria ser um inferno aguentar aquela cobra.

-Maria, por favor, nós conversamos no caminho eu vou pegar as minhas coisas. – Ele respondeu se retirando da cozinha.

-Fátima, tem como nos deixar a gente a sós? – Perguntei enquanto Maria me fuzilava.

Ela concordou com a cabeça e se retirou.

Levantei-me da mesa e fiquei de frente para a Maria. Queria mostrar para ela que eu não tinha medo dela e queria olhar nos seus olhos quando eu fosse propor o meu plano.

-Eu estou grávida do Santiago e nós duas sabemos muito bem que é dele, então nem adianta duvidar disso – Disse enquanto a encarava.

-Ótimo plano enfermeirinha, não consigo entender como o Santiago não se cuidou ele é muito babaca mesmo – Ela disse cruzando os braços.

-É assim que você chama o homem da sua vida? – Perguntei sorrindo.

-Não importa. O que você quer? – Ela foi direto ao ponto.

Como o Santiago podia ser tão cego e não perceber que essa vadia não o amava?

Tentei não me focar nisto agora e ir direto ao ponto como ela antes que o Santiago voltasse.

-Eu sei que você não me quer aqui, eu também não quero ficar aqui. Quero saber se você está disposta a me ajudar a fugir? – Perguntei diretamente

Meu Deus ela tinha que dizer que sim, se não eu estava ferrada. Ela era a minha única chance.

-O que te faz pensar que eu não vou contar para o Santiago isso tudo? – Ela perguntou sorrindo, na verdade eu acho que ela estava tentando me intimidar de alguma forma.

-Porque você não quer um filho entre vocês dois e se você contar ele vai me prender aqui e esse filho sempre vai nos unir. Eu quero fugir para nunca mais incomodar vocês – Respondi aquilo tudo era verdade, menos a parte que eu não queria viver ao lado dele. Não pensa nisso Helena, seja forte e tenha esperança que ela vai aceitar.

Ela pensou um pouco antes de responder. Ela sabia que eu estava certa.

-Tudo bem – Ela disse respirando fundo.

Soltei o ar, aliviada.

-Preciso que você peça para o Alessandro vim me buscar hoje à tarde, aproveitar que o Santiago trabalha – Sussurrei

Ela concordou com a cabeça.

-Está bem, mas o Santiago não pode sonhar – Ela disse

-O que eu não posso sonhar? – Santiago perguntou surgindo atrás da Maria.

Mordi os lábios.

Meu Deus agora eu estava perdida.

Olhei para a Maria na esperança dela inventar alguma coisa.

-Ah Santiago você estragou a surpresa, estava combinando com a Helena de ela ir ao casamento, acho importante a presença do seu filho nele – Ela disse sorrindo e colocando o braço sobre o seu ombro.

-É verdade Helena? – Ele me perguntou desconfiado

-Se eu dizer que é verdade não vai adiantar nada, porque você não acredita em mim – Respondi passando pelos dois.

Ufa, eu tinha que sair de lá porque ver aquela vadia se esfregando no Santiago arrasava o meu coração.

Cheguei ao quarto e fui diretamente arrumar a minha mala que eu já tinha bagunçado toda.

Deitei na cama.

Agora era só esperar o Alessandro chegar e pedir ajuda a Deus para eu não me arrepender de voltar com ele e de contar com a ajuda da Maria.

A cura da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora