Parte 9 - Primeiro encontro

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Eu gostaria de saber de onde ela surge. Pensei umas dez vezes antes de desistir de jogar o suco da Vanusa na cara dela, mas provavelmente eu perderia meu emprego e talvez fosse isso que ela queria.

-Então, eu não sei do que você está falando. Sinto muito! – Falei, levantando-me da cadeira e apoiando as duas mãos sobre a mesa. Senti-me uma interrogadora afrontando um bandido. No caso eu estava muito mais para a bandida com medo.

-Só não diz que eu não avisei, você não o conhece como eu conheço. Com toda licença – Então ela saiu, dando as costas para nós três, naquele salto quinze com o ar de que "eu nunca sofrerei com amor ou dinheiro", definitivamente eu a odiava.

-O que foi isso? – Perguntou Rebeca, me olhando pasma. Enquanto Vanusa não largava seu sanduíche com mostarda.

-Na verdade você é que tem que me explicar essa história de amante, o que ela quis dizer com isso? – Eu falei sentando novamente na cadeira.

-Se você soubesse, provavelmente não seria mais minha amiga – Falou baixando a cabeça.

-Eu sei e sou sua amiga Rebeca – Falou Vanusa na maior inocência do mundo, tentando dar apoio a Rebeca colocando sua mão sobre a dela.

-Ok.  Outro dia te conto – Falou Rebeca, quando um garçom entregou a ela um café com dois pães de queijo.

-Tudo bem, eu preciso da ajuda de vocês duas. Tenho um encontro hoje e eu queria um vestido emprestado – falei cochichando.

-Eu tenho alguns – Gritou Vanusa. Eu não queria dizer não, mas acho que o meu perfil e da Vanusa não combinava muito, mas que outra solução eu tinha, os vestidos da Rebeca eram muito sensuais e eu já tinha estragado um sapato dela.

-Pode ser – A Rebeca me olhou com uma cara, quase cuspindo o café que tomava. Eu poderia estar ficando louca, mas acho que não seriam tão mal assim os vestidos dela.

-Que bom, então vamos lá para casa para vocês verem – Falou Vanusa, já se levantando da cadeira – Isso é tão legal, amigas na minha casa.

Vanusa morava num prédio muito bonito e o apartamento era a sua cara. Era pintado de um rosa fraco, com flores e quadros por toda a casa. Na verdade por algum momento lembrou o casa da minha vó, que descanse em paz.

-Então, eu acho que tenho o vestido perfeito para você, na verdade fui eu que fiz sabe, ele é lindo – Ela falou, enquanto largava a bolsa rosa Pink dela na poltrona azul.

-Você é louca – Cochichou Rebeca para mim, enquanto nós seguíamos a Vanusa.

Vanusa estava em um ateliê, era todo branco as paredes, a mesa de desenho. Tinha dois manequins um sem vestido e outro com um vestido branco divino. Ele era largo, ia até o joelho. Na cintura tinha um cinto dourado fino e a alça do vestido combinava com a do cinto. Na verdade me surpreendi como a Vanusa era boa naquilo.

-Então, eu não o acho bonito, porque eu gosto de cores vibrantes, mas foi para um trabalho de história da moda e eu fui sorteada para fazer da história da Grécia. Tenho certeza que ele vai ficar perfeito em você. –Ela falou, já retirando o vestido do manequim. Quando ela me entregou, eu olhei para Rebeca e sua cara era pior que a minha, acho que nós duas não acreditávamos no que víamos.

-Obrigada Vanusa, não sei como agradecer. Vou lá vesti. – Entrei numa espécie de provador que tinha dentro do ateliê, enquanto eu tirava a roupa. Ouvi a Rebeca brigando com a Vanusa.

-Ela não pode saber você entendeu?

-Tudo bem desculpa.

-Isso arruinaria o romance dela com o Dr. Santiago.

Foi quando as duas pararam de cochichar ou eu não consegui ouvi mais nada. Quando me olhei no espelho, eu me amava naquele vestido. Definitivamente, um dia eu o compraria da Vanusa. Foi quando sai do provador e dei uma voltinha para as minhas novas amigas.

-Você ficou linda! É hoje que esse homem pira na sua – Gritou Rebeca – Acho justo eu e a Vanusa ser madrinhas de casamento um dia. – Vanusa só ria.

-Rebeca, para. – Então me guie até a Vanusa - Vanusa eu não sei como te agradecer por me emprestar esse vestido – Eu falei enquanto pegava em suas mãos.

-Imagina, amigas são para essas coisas – Ela falou rindo. Vanusa vivia rindo, ela era tão querida, tão sem maldade.

-Tudo bem, agora tira esse vestido que vamos te levar em casa e vamos te maquiar para você ficar divina para aquele homem – Falou Rebeca, me empurrando de volta para provador.

Quando chegamos à minha casa, minha mãe estava na varanda.

-Mãe, a Rebeca está aqui – Falei, enquanto largava no sofá o vestido, o sapato e a minha bolsa.

-Oi minha filha, você já almoçou? – Perguntou enquanto beijava meu rosto.

-Tomei um café mãe, não se preocupe. E você almoçou?

-Almocei. Você vai sair?

-Vou, na verdade eu tenho um encontro. Tem algum problema ficar sozinha hoje à noite? – Perguntei preocupada, porque ultimamente estava deixando minha mãe muito sozinha e ela era a coisa mais importante da minha vida.

-Claro que não minha filha.

Enquanto a Rebeca e a minha mãe conversavam na sala eu fui tomar um banho, foi quando começou a me dar um frio na barriga. O que será que me esperava hoje à noite?

Saí do banho e vesti o vestido, o único problema daquele vestido é que não dava para usar sutiã com ele e isso era um sério problema, afinal meus seios eram grandes demais.

-Rebeca – Eu gritei, enquanto saia do banheiro.

-Que foi? – Ela respondeu enquanto vinha correndo.

-Não ficou feio? Meus seios não ficaram caídos? – Eu estava tão insegura, na verdade eu era insegura. Acho que eu queria ter a segurança que a Maria tinha, talvez fosse aquela confiança que o Santiago gostava.

-Amiga! O que vai cair é o queixo dele quando te ver neste vestido – Ela falou, enquanto me puxava para sentar na cama. – Agora você fica aí quietinha, que eu vou te arrumar.

Já eram quase oito horas quando a Rebeca tinha conseguido me deixar linda novamente. Estava calçando o sapato que ele havia me dado quando a campainha tocou.

-Deve ser ele, eu vou descendo. – Falei enquanto dava um beijo no rosto da minha mãe e depois na Rebeca. – Me desejem boa sorte.

Quando cheguei à entrada do prédio, lá estava ele. Era a primeira vez que eu o via sem terno, ele estava com uma bermuda bege e uma camiseta pólo branco. Estava totalmente casual. Ótimo eu tinha me produzido demais será?

-Você está incrível! – Ele falou enquanto vinha até a mim, pegando a minha mão e me rodando. –Provavelmente a mulher mais linda que já vi.

-E você provavelmente é o homem mais mentiroso que já vi – Falei sorrindo.

Então ele chegou mais perto de mim e colou seu corpo no meu e começou a caricia meu rosto com seus dedos eu fechei os olhos para sentir aquele carinho.

-Então, pronta para ir para praia?

- Praia? – Eu falei, abrindo os olhos com o susto.

A cura da paixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora