A cura da paixão

Parte 7 - A confissão

                  

Quando entrei em seu carro, instintivamente me veio a lembrança que novamente eu estava lá, toda molhada. Foi impossível não rir.

-Posso saber do que você está rindo? – Ele perguntou, dando partida no carro.

-Nada, só acho engraçado, eu estar molhada dentro do seu carro novamente – Falei sorrindo, só não entendia porque eu ainda sorria para aquele homem.

-Você preferia estar molhada no meu quarto? – Falou, olhando intensamente para mim. Senti o ar escapando, será que isso foi uma indireta, mas que tipo de molhada nos estávamos falando? Por que eu realmente estava ficando molhada em outros lugares, meu deus! Eu estava pensando isso? Não, não com ele.

Então abri o vidro do carro. Ele soltou um sorriso.

-Então, quero te levar para um lugar onde podemos conversar. Pode ser? – Ele falou não tirando os olhos de mim.

-Eu teria escolha? - respondi olhando para a rua tentando pegar o máximo de vento no meu rosto.

-Você sempre tem escolha Helena. – Ele falou, pegando na minha mão. –Mas, eu realmente queria que sua resposta fosse sim.

Seu toque me incendiou por dentro e o vento que entrava pela janela já não fazia efeito sobre mim, meu deus o que aquele homem tinha? Não tinha condições de responder, então só balancei a cabeça concordando.

A viagem foi curta e para minha felicidade era em uma praia, ele andou um pouco por uma rua deserta, e por qualquer motivo idiota eu não consegui sentir medo de estar indo para um lugar desconhecido com um estranho, na verdade com ele eu me sentia segura. Foi quando ele entrou em uma casa gigantesca, bem na beira da praia. A casa estava toda escura, como se não morasse ninguém lá, mas por algum motivo eu sabia de quem era aquela casa, só poderia ser dele.

-Então você mora aqui? – perguntei quando ele saiu do carro e abria a porta para mim.

-Na verdade não, essa casa é dos meus pais, nós costumávamos a fazer festas de verão, mas faz algum tempo que não venho aqui. – Falou, enquanto me dava as mãos para me levar até a porta da casa. Foi aí que comecei a entender as coisas, aquela era a casa de praia que Pedro me falou uma vez, na qual ele pegou os dois juntos. Meu coração ficou apertado e pela primeira vez desde que eu conheci o Santiago, eu fiquei com dó dele.

-Então, o que eu faço aqui? – Perguntei, enquanto passávamos pela porta. Por algum motivo estranho ele não soltava minha mão, como se precisava da minha força para entrar naquela casa, mas o que ele mal sabia é que eu não tinha força nenhuma para oferecer a ele.

-Eu quero te levar a um lugar – Ele disse, enquanto subíamos a escada, logo em seguida entramos num quarto, ele acendeu a luz. Era um quarto lindíssimo, naqueles que eu sou tinha visto em novela, e para falar a verdade em uma qualidade muito ruim porque a televisão da minha mãe era muito pequena. No quarto tinha uma janela do tamanho da parede toda de vidro que dava de frente para praia, as paredes eram de um azul bebê, a cama branca dava um toque de calma do quarto.

-Aqui – Ele disse, sentando na cama – Foi aqui, que eu peguei o Pedro e a Maria juntos. Era uma festa de réveillon, todo mundo bebendo, se divertindo, minha família e a dela aqui. Foi quando ela sumiu, eu achei estranho porque ela não saia nunca de perto de mim. Foi quando eu entrei nesse quarto e nessa mesma cama, ele estava fazendo amor. Você sabe o que é abrir uma porta e dentro dela está o fim do mundo? – Ele falou chorando, colocando as mãos sobre os olhos.

Eu não sabia o que fazer, eu não sabia se chorava junto ou se eu tentava dizer alguma coisa. Que os dois não mereciam ele, que eles eram cachorros, que não sabiam o que era amor. Mas no fundo, alguma coisa me dizia que ele a amava e por algum motivo essas palavras já haviam sido ditas a ele.

Então me ajoelhei na sua frente, coloquei minhas mãos sobre os joelhos dele.

-Olha, eu não sei o que dizer. Eu poderia dizer que eles são pessoas horríveis, mas acho que isso não melhoraria a sua dor. Eu sinto muito – Então ele ergueu a cabeça e colocou suas mãos sobre as minhas.

-Eu comecei a procurar em outras mulheres, o que eu sentia por ela, mas eu não achava. Então um dia eu resolvi procurá-la, tentar uma reconciliação, uma explicação, mas eu a peguei conversando a mãe dela, sobre como seria vantajoso casar comigo, pelo dinheiro. – Ele passou a mão no meu rosto e começou a chorar novamente – Eu teria dado todo dinheiro do mundo pelo amor dela.

Aquilo por algum motivo me feria, por um segundo eu invejei a Maria, eu queria ser ela para ser amada daquele jeito que ele a amava.

-Então eu fico com as mulheres só para cada noite tentar esquecer ela, em cada corpo, cada beijo. Eu tento tirar ela da memória com cada mulher que eu pego. Essa paixão que sinto, essa obsessão, me fez virar no que sou hoje. Eu te juro que não era assim, eu era carinhoso, amoroso, eu era feliz.  – Eu baixei o rosto enquanto ele falava, eu não conseguia ver um homem tão forte e poderoso num momento tão frágil, por uma mulher que não merecia ele. Foi quando ele ergueu meu rosto para cima.

-Foi quando você apareceu. – Meus olhos arregalaram com suas palavras – Quando eu esbarrei em você na entrada do hospital, eu te achei linda, depois da entrevista eu vi em você uma menina frágil, inocente e desde esse dia eu não consigo parar de pensar em ti. Eu to tentando te deixar longe, porque eu não acredito que eu possa olhar para alguma mulher com outros olhos se não for interesse físico.
Eu não estava entendo nada, mas eu queria ser essa mulher, mesmo que por interesse físico. Na verdade eu sentia que ele poderia esquecer ela. Foi quando eu agi por impulso, e com as duas mãos puxei seu rosto contra o meu e o beijei, puxei seu lábio inferior, eu achei que ele ia recusar, mas ele aceito meu beijo, ele me beijou intensamente, envolvendo sua língua na minha, me puxando para cima dele com as suas mãos em minhas costas, quando eu percebi já estava em cima dele, o beijando e sentia sua ereção contra o meu ventre. Ele se desvinculou do meu beijo, e começou a beijar meu pescoço, minha respiração começou a ficar acelerada. Foi quando eu percebi o que eu estava fazendo, e sai de cima dele em pulo.

-Eu não posso – Eu falando, enquanto segurava meus cabelos com força.

-Você pode sim, quando eu te beijo eu não penso nela. –Ele falou se levantando e indo até mim. Foi quando ele passou uma de sua mão sobre o meu rosto. Eu fechei os olhos a sentir seu toque.

-Mas eu não posso. Na verdade eu não quero, isso não é justo comigo, na verdade não é justo com nenhum de nós dois, você me quer para esquecer alguém – Falei desviando o olhar para baixo e virando de costa para ele.

Ele chegou perto de mim e me envolveu minha cintura as suas mãos fortes e ele me puxou para perto do corpo dele. Eu senti novamente sua ereção sobre a minha bunda.

- Vamos nos amar – Ele sussurrou no meu ouvido.

-Primeiro que você ama outra mulher e eu bem que podia te ajudar a esquecer, mas você é meu chefe e eu não sou assim, não durmo com ninguém sem gostar da pessoa e eu não quero me machucar.

- Uma chance? É isso que eu estou te pedindo, depois que eu te beijei, eu não quero mas ficar sem esse beijo, sem o teu cheiro, e se for por eu ser ter chefe eu te demito, agora mesmo! – Ele falou me virando para sua frente e apertando meu corpo contra o seu.

-Não!! Você está ficando louco? Você não pode me demitir, eu preciso muito desse emprego. – Falei apavorada, colocando minhas mãos sobre o seu tórax malhado. Por que ele tinha que ser tão absurdamente gostoso.

-Então, eu sou chefe e você não quer perder o emprego. Eu mereço pelo menos um jantar. – Ele falou com um sorriso de lado. Eu deveria ficar braba, mas fui obrigada a fraquejar.

-Isso não é muito legal, mas se eu aceitar, você promete não me demitir? – Eu falei olhando para fundo dos seus olhos. Por algum motivo estranho eu estava feliz e ter aquele homem ainda estar agarrado na minha cintura.

-Uma jantar, uma chance e um beijo. – Então ele segurou pela nuca, e me beijou profundamente, entrelaçando sua língua na minha e me envolvendo mais ainda em seu beijo.

*************************************
REVISADO