Por favor

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Eloisa Narrando

Assim que fui atingida sinto algo entrar em minha pele, meus ossos começam a se mover causando uma dor horrível. Sinto como se cada osso do meu corpo estivesse sendo quebrando lentamente e eu não conseguisse me curar rápido. Algo me impede de me curar.
Olho Benjamin com muita dor apesar do seu toque me deixar de um jeito estranho a dor que sinto é maior do que nosso laço de companheiro.
-Benjamin. -Tento gritar por ajuda, mas apenas sai uma espécie de sussurro agonizante e aperta seu braço.
Rapidamente ele me pega no colo estilo noiva e me levo até um quarto em velocidade sobrenatural. Delicadamente ele me pousa sobre a cama.
Ele me olha desesperado e a dor a cada segundo que passa aumenta.
Sem controle pelo meu corpo começo a me contorcer e convulsionar.
Dentro de mim sinto minha loba querendo sair ao mesmo tempo que algo a impede fazendo me mexer de maneira descontrolada. Como numa prisão agonizante algo dentro de mim me arranha querendo sair.
Vejo Benjamin colocar as mãos na cabeça desesperado por não saber quem chamar. Lágrimas se formando em seus olhos. Se eu não estivesse com tanta dor poderia ficar surpresa por ver Benjamin assim.
A porta de vidro da sacada do quarto é quebrada. De canto de olho vejo Benjamin tentar atacar uma mulher flutuando que parece de outro século.
Seus cabelos castanhos estão em um penteado antigo e ela está usando um vestido negro do século passado um tanto empoeirado. Sua pele pálida denúncia à falta de luz solar.
  A dor aumenta a cada segundo fazendo eu perder a noção de tudo ao redor.
Sinto uma mão gelada em meu rosto e a dor parece ficar neutra, mas fico imóvel sem forças sobre meu corpo.
A vadia está ao meu lado!
Sua mão gelada não é como um toque de vampiro e pelo cheiro descubro que ela é uma feiticeira.
-Coitadinho. -Fala a mulher ao meu lado rindo.
Aos poucos sinto meu corpo numa paz e meus ossos se curam de maneira rápida. Então é ela que está jogando.
Uma raiva e irá me invada querendo matá-la.
Algo me afasta para longe, não consigo evitar de seguir a luz roxa com branco.
Quando estou perto o suficiente algo faz eu parar.
-Eloisaaa!! -Grita Benjamin desesperado. Volto a realidade. -Não! -Ele se revolta.
Pelo laço de companheiro consigo saber que ele está desesperado em me perder.
Continuo parada imóvel, apenas escutando e me sentindo uma inútil por não conseguir ajudar Benjamin.
-Calma, não a matei. -Fala a vadia do século passado se levantando do meu lado. -Ainda. -Afirma ela e olha Benjamin intensamente fazendo eu sentir uma pontada de ciúmes. Vadia!
-Diga o que quer! -Ordena Benjamin em fúria.
-Vou lhe contar uma história. -Fala ela e anda pelo enorme quarto. Seus saltos batem na madeira. Continuo imóvel como um defunto na cama e não consigo me mover e uma angústia e raiva me atinge em cheio. -Era uma vez uma feiticeira. -Começa ela a falar como se estivesse contando uma história para uma criança. Afs. Ela só pode tá brincando. -Um vampiro. -Ela aponta para Benjamin e logo em seguida para eu. -E uma loba. -Ela dá uma pausa e fica me olhando atentamente. Mas o que essa vaca vai fazer agora!
De um jeito estranho ela move os dedos calmamente.
Uma dor retorna e parece pior que as dores de antes.
-Aaaaaa!! -Grito e me contorço de dor.
Vou matá-la!
Meus ossos se partilham e se quebram e a cicatrizarão demora fazendo eu sentir cada detalhe.
Minha loba impaciente deseja sair e matar a vadia que está fazendo isso. 
-Continuando. -Fala a pessoa que mais desejo matar. -Ambos foram prometidos um para o outro. -Diz ela e me analisa. Seus olhos pretos me olham friamente. -Eis que surge algo para impedir a felicidade de ambos. -Ela dá uma risada. -Eu que fui acordada pelas minhas irmãs.
Pela Lua!
Que palhaçada é esta?
Acordada?
Para me matar?
Aos poucos sinto meu corpo se recupera e novamente fico imóvel.
Tento me mover, mas meu corpo não obedece minhas ordens.
-Vá ao ponto! -Exige Benjamin em alta voz um pouco mais controlado. Vejo que Benjamin está com um olhar sanguinário. Alguém vai morrer hoje.
-Sem interrupções. -Fala ela e arranha o pescoço de Benjamin fazendo eu sentir mais raiva. -Irei matá-los, sim eu irei. -Fala ela pensativa com uma mão no queixo.
-Não serei morto pelas mãos de uma feiticeira! -Afirma Benjamin tentando se mover. Ela olha Benjamin pelo visto um pouco irritada.
Que eu saiba é difícil matar um dos descentes do primeiro vampiro, ou seja quase impossível pois ele vem de uma linhagem de real vampírica. Ele não é como os outros vampiros comuns.
-Você talvez eu tenha mais dificuldade. -Afirma ela apontando para Benjamin. -Mas ela. -Agora ela aponta para eu o desespero toma conta do olhar de Benjamin. Não suportaria viver sem Benjamin, e sei que ele pensa da mesma forma.
Continuo quieta parada pensando em algo, mas nada me veem a mente no momento.
Nem falar algo eu consigo, essa vadia com mau gosto pra roupa está me controlando com algo.
Merda! Eu deixei passar algo.
Tento me concentrar.
-Porque está fazendo isso? -Pergunta Benjamin descontrolado.
-Será que não percebem! -Fala ela um pouco alterada. -Estou fazendo um favor. -Afirma ela e sorri diabolicamente. -Se vocês consagrarem esse casamento irá surgir um ser monstruoso, uma aberração que jamais deveria existir! -Afirma ela.
Mas quem essa vaca pensa que é para falar assim?
Meu filho não seria uma aberração!
Não que eu pense em já ter filhos com Benjamin, afinal de contas ele é um vampiro.
Será que ?
Se eu tivesse um filho de Benjamin ele seria um vampiro ou um lobo?
Um híbrido nunca existiu, nunca houve relatos de uma loba que engravidou de um vampiro ou vice versa na qual a criança que nascesse sobrevivesse. Sempre acabam morrendo.
Meu coração se aperta.
-Isso não seria uma aberração! -Grita Benjamin em fúria para a feiticeira fazendo eu sair de meu transe.
-Você é muito burro para um rei! -Grita ela. -A vaca da minha irmã fez vocês serem destinados um para o outro para gerarem um monstrinho para desequilibrar as raças! -Grita ela novamente.
Pera! Perdi algo.
Ela é irmã da feiticeira que fez tudo isso.
Não entendo.
Será que tudo isso faz parte de algum plano?
Rapidamente sinto uma luz entrar em meu corpo e arrancar algo negro de dentro de mim. 
Renovada e podendo me mover não penso duas vezes e em velocidade sobrenatural me levanto da cama e corro até a vadia e a jogo para o outro lado do quarto. A pego pelo pescoço antes dela se levanta e a ergo a tirando do chão. Ela me olha surpresa sem entender.
Minha loba deseja sair e sei que meus olhos estão vermelhos.
Benjamin faz questão de se aproximar e olho brava para ele. Eu irei matá-la.
Minha loba deseja ansiosamente arrancar a cabeça da feiticeira de seu corpo.
Sinto as garras tomarem o lugar de minhas unhas e luto com minha loba para manter o controle. 
Olho sombriamente a feiticeira nos olhos.
-Não... Não me mate. Po... Posso te ajudar. -Implora a feiticeira dificilmente tentando se soltar.
Como assim ajudar?
Sinto minha loba novamente querendo sair e sem perceber aos poucos vou colocando a feiticeira no chão. Minha loba está descontrolada.
Essa guerra interna faz eu sentir uma dor insuportável 
Com um piscar de olhos vejo Benjamin parado atrás da feiticeira com o coração dela em mãos.
Solto o corpo sem vida da feiticeira e ele cai ao chão como um nada.
  Olho para Benjamin chocada ao ver que ele ainda segura o coração da feiticeira.
Sinto que ele quer um abraço, que ele quer me tocar e eu sei tudo isso porque também o quero.
As palavras da feiticeira ecoam pela minha mente como um disco repetitivo.
Sei que vou me arrepender do que vou fazer, mas não tenho outra escolha.
Tudo isso é para nosso bem.
Preciso descobrir o porquê dessa feiticeira querer matar a mim e a Benjamin.
Talvez eu possa ter uma família com Benjamin.
Tenho que encontra as respostas para tantas perguntas infinitas.
Começarei pelo começo, tenho que encontra essas "irmãs" que a feiticeira falou que acordou ela.
Tenho uma impressão que ela não foi acordada para esse propósito.
A lua me chama ditando detalhadamente para minha loba o que fazer.
-Eloisa. -Benjamin me chama e estende sua mão para eu pegar.
O olho por um tempo sabendo que irei magoa-lo.
-Eu voltarei meu companheiro. -Falo e logo em seguida corro até a sacada do castelo.
Vejo que será uma longa descida.
Antes de pular vejo o olhar de Benjamin em duvida e magoado.
Uma pontada de tristeza me atinge ao vê-lo assim, mas isso é preciso.
Pulo da sacada e me transformo em loba no ar.
Assim que chego no chão corro em direção a floresta que fica atrás do castelo.
As patas de minha loba tocam o chão rapidamente.
Entro na floresta e apenas a lua ilumina meu caminho.
 

 Sigo o caminho que a lua manda eu seguir

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Sigo o caminho que a lua manda eu seguir.
Preciso de informações e já sei onde encontrar.

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