Não tão ma

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Eloisa Narrando

Anteriormente:Se ela soubesse o tempo que não alimento minha loba não estaria falando assim.

O clima tenso e o olhar da irmã caçula para a irmã mais velha deixa tudo mais sombrio.
Num gesto rápido uma das irmãs que eu não sei o nome avança sobre mim sem dar chance para eu me defender. Sou lançada para o outro lado da sala caindo sobre o chão. Olho irritada para a vaca que me atacou e sem que eu consiga controlar minha loba aos poucos ela consegue tomar o controle.
Rosimeire tenta se aproximar talvez para me ajudar, mas minha loba não vê por esse lado.
Uno as poucas forças que me restam.
-Não se aproxime. -Digo lutando com minha loba pelo controle.
-Rubi! -Esbraveja Bernadete. Aos poucos consigo ficar tranquila e controlo minha loba.
Essa pirralha estava provocando minha loba com magia. Vaca. Me recupero e aceito a ajuda de Rosimeire desta vez.
-Belina estava certa! -Berra uma das irmã.
Fico em pé com a ajuda de Rosimeire. Olho irritada para Rubi. -Você prefere proteger monstros que mataram nossos pais do que proteger suas próprias irmãs! -Continua ela histérica.
Agora tá explicado o porque deste ódio. Elas querem vingança, mas na onde eu me encaixo nessa história se nem sequer participei na morte dos pais dela.
Um silêncio se instala enquanto Bernadete olha o quadro com borrões.
Mas que raios tem nesse quadro!
-Sabe qual o seu problema Rubi. -Fala Bernadete calmamente com um olhar sombrio direcionado para as três irmãs após olhar o quadro estranho. Sinto o aperto de Rosimeire em meu braço se tornar mais forte como se estivesse com medo da irmã. -Você não pensa nas consequências de suas atitudes. -Assim que Bernadete termina de falar Rubi cai ao chão se contorcendo. Aos poucos sua pele vai ficando sem vida, e quando percebo ela já está morta ao chão.
Fico espantada, como alguém pode matar a própria irmã assim?
Eu deveria fugir agora, ou ficar?
Antes a raiva que eu sentia pela a pirralha se muda para pena.
Pela Lua! Estou enlouquecendo, ter pena de alguém que queria me matar!
Continuo olhando Bernadete. Seus olhos castanhos estão com um brilho diferente. Em um piscar de olhos as outras duas irmãs desaparecem como duas covardes.
Fico imóvel ainda com a cena que acabei de ver.
Olho o corpo de Rubi no chão se tornar cinzas e com um assopro de Bernadete as cinzas da Rubi seguem até o quadro com borrões cinza.
Um no fica na minha garganta ao ver as cinzas entrarem no quadro como se fosse novos borrões.
Agora entendi o porque de tal apreciação do quadro estranho, devem ter diversas almas presas nele.
Permaneço calada. Bernadete se vira e me olha com seus olhos que agora estão castanhos.
-Depois eu me acerto com Adelina e Leonor. -Fala Bernadete calmamente nem parecendo que acabou de matar a irmã caçula. -Porque estão me olhando assim? -Pergunta ela fingindo estar incomodada.
Rosimeire solta meu braço como se estivesse mais tranquila.
-Você não vai me matar? -Pergunto indecisa.
-E porque eu mataria a descente da primeira loba suprema? -Pergunta ela rindo. Ela segue até o sofá onde instantes antes suas irmãs estavam sentadas, incluindo a que ela acabou de matar. Me pergunto como alguém consegue ser tão fria.
Novamente este assunto de suprema.
Primeira loba? Descente? O pela Lua!
Respiro fundo tentando me acalmar, mas de nada adianta.
-Bernadete. -Rosimeire chama a irmã. Bernadete olha para Rosimeire esperando ela falar.
-Havia me esquecido. -Fala Bernadete olhando suas longas unhas pretas. -Deve querer saber mais sobre a ligação sua e do vampiro. -Afirma ela.
Como ela sabe?
Isso está estranho, confio ou não confio nela?
Ainda em dúvida concordo um sim com a cabeça.
-Estava cansada de tanta guerra. -Começa ela a falar. -E apesar de já ter tido um caso com seu pai e com seu querido sogro eu queria brincar com os dois fazendo algo pelo qual os ligaria para toda imortalidade como uma família. -Fala ela tranquilamente.
Mas que po$&@! Ela já teve um caso com meu pai e o pai de Benjamin?
Isso não poderia ser pior.
-Continuando. -Fala Bernadete. -Apenas fiz que os primogênitos de ambos tivessem uma ligação e fim. -Conclui ela sorrindo como se tudo não passasse de um simples estralar de dedos.
Uma guerra dentro de mim se forma.
Fui prometida para um vampiro achando que fosse para selar um acordo de paz, depois descubro que sou companheira de um vampiro, e agora para fechar com chave de ouro descubro fatos passados.
Me apoio na mesa de Rosimeire e vejo o olhar dela de pena. Odeio que tenham pena de mim, mas agora não estou em um momento para brigas ou xingamentos.
-Eloisa. -Me chama Rosimeire. -Não veja as coisas pelo o lado negativo, volte para seu marido, seja a rainha dele. -Aconselha ela e tento me concentrar em suas palavras.
Talvez ela esteja certa.
Uma dúvida me vem à mente. Belina havia dito sobre que iria dar à luz a uma aberração, mas será possível eu ter um filho?
-Poderei ter uma família pelo menos? -Pergunto a Bernadete pois afinal de contas nunca ouvi relatos de um filho de vampiro e loba que sobreviveu. Na maioria dos casos a mãe morria com o feto híbrido no ventre causando a morte do feto também, ou a criança híbrida logo que nascia morria. Sinto um aperto angustiante no peito.
Bernadete me olha com um olhar diferente.
-Você é mais forte do que pensa lobinha, tenho certeza que terá diversos filhotes. -Fala ela de um jeito sincero fazendo eu ter uma esperança.
Como uma pessoa que mata a irmã de um jeito tão frio pode ser às vezes tão normal?
Decido que minhas buscas por respostas estão encerradas, deixarei de lado para descobrir sobre essa história de descente da loba suprema para outro momento.
Talvez eu siga o conselho de Rosimeire.
-Acho que já deu minha hora. -Digo ansiosa para voltar para o lado de Benjamin.
Agora sei que nada irá interromper nossa história.
-Se quiser uma carona. -Sugeri Rosimeire.
Olho em dúvida para ela.
-Que drama, aceita logo antes que eu faça você visitar o interior daquele quadro. -Ameaça Bernadete de um jeito brincalhão.
Olho para o quadro sombrio.
Não pode ser tão ruim ser teletransportada com uma feiticeira.
Rosimeire estende sua mão.
Um pouco em dúvida pego sua mão.
Ela fecha os olhos.
-Feche os olhos. -Pede ela. Fecho os olhos e sinto como se um vento passasse por mim. -Pode abrir. -Fala ela.
Abro os olhos vendo que estou na frente do castelo de Benjamin.
Uma alegria se manifesta em mim.
Olho para Rosimeire.
-Obrigada pela carona digo. -Agradeço. Solto a mão dela.
-Até a próxima. -Fala ela voltando a sua pose de séria e em um piscar de olhos desaparece.
Volto a olhar para o enorme castelo.
Enfim voltei.

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