Capítulo 3

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Carly me beijou, o que significava que ela realmente era apaixonada por mim. Mas por que? O que eu poderia ter de tão especial pra ela ter todo esse sentimento por mim?

Acordo dos meus devaneios quando percebo que preciso afasta-la pois não estou correspondendo ao seu beijo.

- Carly!! O que foi isso? - pergunto com uma expressão de duvida e surpresa.
- Será que você é tão burro a ponto de não perceber o quanto eu te amo?
- Carly eu tambem te amo mas o amor que eu tenho por você é de um irmão. Nada mais além disso! - respondo olhando em seus olhos.

Ela volta a chorar e eu fico sem saber o que dizer, entao faço a unica coisa que eu posso, que é abraça-la.

- Tenta se acalmar Carly, eu continuo aqui.
- E de que adianta se você não pode corresponder ao que sinto? - ela me abraça forte o suficiente pra me deixar sem ar.
- Olha, eu nunca deixei você de lado e não vai ser agora que eu vou fazer isso. Eu sei que nao posso correponde-la da forma que você quer, mas eu sou seu amigo desde a infancia, sempre cuidei de você, ate apanhei na escola por sua causa, lembra? - depois de ouvir isso ela consegue sorrir.

De fato eu ja havia apanhado por ela. Certa vez quando eramos mais novos, na escola, alguns moleques estavam incomodando ela por nada, isso mesmo por nada, e eu sai em defesa dela. Por consequencia acabei levando dois socos, um no nariz e outro na boca e não dei um soco sequer.

- Será que eu tenho alguma chance com você Harry?
- Essa é o tipo de pergunta que não deveria ser feita. - meu ar muda e eu me sinto pesado
- Por que?
- Porque eu não sinto por você o que você sente por mim. - ela sai do meu abraço como um furacão.
- Eu esperava que você sentisse por mim ao menos 1% do que sinto por você. - a expressão dela muda de tristeza pra raiva.
- Eu ja disse quais são os meus sentimentos por você!

Ela sai dali sem me dizer mais nada, apenas chorando e quando percebe que vou segui-la, ela começa a correr e eu percebo que é melhor deixa-la em paz por hora.

- E agora Senhor o que eu faço? Não posso engana-la muito menos magua-la. - minha conciencia ferve com esses pensamentos.
- No tempo certo direi o que deves fazer. - ouço uma voz calma e suave.

Não havia mais ninguem ali alem de mim e a natureza, entao percebo que era a voz de Deus e com um sorriso enorme no rosto, em pensamento eu o agradeço.

Caminhando pelo parque começo a lembrar da minha infancia, o quanto brinquei naquele lugar, o quanto vi meus pais sorrirem me vendo correr, mas ao mesmo tempo lembro que naquela epoca eu não fazia a menor ideia de que tudo aquilo era criação e permissão de Deus. Como um ser tão grandioso e magnifico como Ele poderia amar criaturas tão sujas e pecadoras como nós? A resposta esta no amor dEle. Deus nos ama de tal maneira que esse amor não pode ser explicado somente sentido, ninguem seria capaz de dar um filho pra morrer por alguem mas Deus nos amou de tal forma que enviou seu unico filho pra morrer de forma cruel pela humanidade e mesmo assim ainda existem pessoas que tratam Jesus como alguem sem valor, so se dirigem a Ele quando precisam de algo.

Enquanto eu caminhava pelo caminho de arvores do parque viajando em meus pensamentos, não percebi uma pessoa de bicicleta se aproximando.

- Onde ta indo Dr. Santidade?
- Ah oi Billy!

Billy é um dos caras que conheci na faculdade, somos amigos mas eu evito de andar muito com ele, ate porque ele tem o pessimo abito de fazer piadas com a minha forma de viver, felizmente ele sabe me respeitar e sabe a hora de parar com as brincadeiras, mas infelizmente ele é o tipo de pessoa que so procura Deus quando precisa.

- O que ta fazendo aqui? - ele pergunta.
- Nada, so pensando em umas coisas e caminhando um pouco - respondo - você sabe o quanto gosto daqui.
- Sei sim, mas você precisa de uma gata gostosa pra te acompanhar de vez em quando. - diz ele com um sorriso malicioso no rosto.
- Billy não to com cabeça pra isso agora. - digo me referindo a sua frase nada elegante.
- Ah cara você é certinho demais larga dessa vida!!
- Até mais! - digo revirando os olhos.

Depois que virei e sai, ainda consegui ouvir ele gargalhar. Billy é um cara legal, so não tem muito juizo quando o assunto é o evangelho.

Fui pra casa e passei o restante da manha lendo a biblia mas aquela atitude de Carly não saiu da minha cabeça. Quando me dei conta ja era 1:30 PM entao fui almoçar, depois que terminei de comer lavei a louça e fui ver um filme. A casa era grande demais quando estava vazia e isso era estranho, normalmente eu iria ver a Carly mas a situação nao é das melhores então fui fazer o que eu mais gostava, tocar guitarra, mas antes de subir, o terno do meu pai chega e eu tenho que receber, ao menos assim poderia me concentrar sem ter que me preocupar com o som alto.

Passei horas tocando e glorificando a Deus mas não vi nenhum minuto passar. Estar na presença do Senhor é inexplicavel, eu esquecia tudo e conseguia sorrir e me alegrar, alguns dos meus vizinhos dizem que eu sou louco mas eu nunca liguei pra isso.

A noite chegou e com ela um frio que eu sempre gostei, sai do quarto e tomei um banho morno e assim que acabei, meus pais chegaram, Kami me abraçou como se eles tivessem ficado dias fora de casa.

Aquele bendito beijo nao saia da minha cabeça, entao decidi conversar com meu pai, ele sempre sabe dar os melhores conselhos.

***

"De fato, eles me adoram todos os dias e dizem que querem saber qual é a minha vontade, como se fossem um povo que faz o que é direito e que nao desobedece as minhas leis. Pedem que eu lhes dê leis justas e estao sempre prontos para me adorar."
(Salmos 58.2)

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