Capítulo 11

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Depois

O acidente me tirou uma perna, e muito provavelmente, a mulher que eu amava, Deus havia me poupado e eu poderia estar com a minha familia novamente. Mas o que eu iria dizer para os pais da Nat? Como encara-los e dizer que sinto muito? Tudo era tao vago... tao incompleto... tao escuro! Podia ouvir a voz da Nat cantando para mim, mas nao conseguia saber de onde vinha, nao conseguia me mexer, muito menos ver, mas hora sim, hora nao eu a ouvia cantar e dizer que me amava. Estaria eu ficando louco? O acidente teria tirado tambem metade do meu cerebro me deixando apenas com problemas mentais?

Acordei numa cama de hospital, minha visão embassada, meus ouvidos so captavam bipes de aparelhos ao meu lado, nao tinha forças para me mexer, meu corpo estava pesado e eu me sentia impotente diante daquilo. Uma enfermeira apareceu na porta com uma prancheta na mão, olhou para mim e se assustando deixou a prancheta cair e voltou correndo dizendo algo que eu nao pude entender.

Um homem de jaleco entrou e começou a me examinar. Otimo tinha um cara desconhecido me cutucando. Pensei. Era so um medico.

- Como você se sente meu rapaz?

Nao consegui responder entao so pisquei os olhos, eu nao tinha forças nem para falar, me sentia uma criança recem nascida dependente dos outros.

O medico saiu e voltou acompanhado de um homem e uma mulher que reconheci segundos depois. Eram meus pais. Eles choravam tao intensamente que pareciam que a qualquer momento iriam inundar todo o quarto.

- Gloria a Deus! - gritava meu pai - obrigado Senhor.

Minha mae nao tinha condiçoes de falar entao se ajoelhou ao lado da cama e continou a chorar. Alguns minutos depois de agradecimentos eles levantaram e me abraçaram minha mae beijou meu rosto, um beijo molhado de lagrimas e um sorriso enorme.

- Bem vindo de volta meu filho. -disse ela.
- Oramos tanto por você meu garoto! Nós sabiamos que o milagre aconteceria - acrescentou meu pai - Deus nunca nos abandonou!

Eu fazia força para falar mas minha voz nao saia.

- Ele precisa descansar agora - disse a enfermeira.

Eles assentiram e sairam do quarto. A enfermeira verificou os aparelhos e depois saiu. Fiquei me perguntando o motivo de meu pai ter dito "Bem vindo de volta" eu nao havia morrido e voltado, talvez ele estivesse se referindo ao "Nascer de novo" que as pessoas usam para se referir a alguem que sofreu um grave acidente. Consegui forças para olhar em volta e pude ver um jarro com flores que eu nao conhecia, um violao ao lado de uma poltrona reclinavel, e uma biblia. Olhei para o teto e ouvi uma voz vinda de todos os lados:

Te dei uma nova chance meu filho, coisas grandes irei fazer na sua vida. Fui Eu que te tirei daquele carro e fui Eu que mantive você vivo. Seja mais do nunca boca minha na terra, espalhe ao mundo o que Eu fiz na sua vida, e diga o quanto o mundo precisa de mim.

- Obrigado Senhor por tudo que tens feito por mim. Obrigado pela tua poderosa mão me salvar. Farei conforme a Tua vontade.

Agora eu conseguia falar! Peguei no sono gradativamente, talvez por causa do efeito dos remedios.

Durante uma semana os medicos me examinaram, eu ainda nao conseguia me mexer sozinho, estava magro e sem forças principalmente na perna que havia sobrado. Minha enfermeira me explicou que minha perna foi decepada na explosao por um pedaço de aço que se soltou do carro, eles tentaram recoloca-la mas muitas areas, tanto da parte decepada quanto da parte que havia sobrado presa ao meu corpo, ficaram muito danificadas e não podiam ser unidas outra vez. Mas o que mais me surpreendeu foi o que minha mãe me contou depois.

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