UM

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Haviam duas coisas que Castiel sabia muito bem. Uma era que ele queria ser o melhor corredor dentre os alunos de sua escola e outra é que ele tinha uma paixão por pintura e desenho.

Quando seus pés não estavam correndo até parecerem levitar no ar, estavam andando de um lado para o outro em seu quarto pensando na próxima arte que inundaria os papéis com sua imaginação.

E naquela manhã em especial, com o relógio marcando cinco horas, eles faziam a primeira opção. Castiel se forçava a correr, mesmo que seus pulmões e diafragma reclamassem de dor, ele não ia parar, não até bater seu recorde. Ele precisava vencer a corrida este mês para ser denominado o mais rápido do ensino médio.

Pôs as mãos nos joelhos respirando profundamente quando chegou em frente a sua casa. Uma pequena habitação de madeira com um grande jardim e uma estufa. Seu pai plantava vegetais orgânicos para vender como renda extra para a família - só o salário dele do trabalho não podia cobrir as despesas de seus cinco filhos, então sempre após a data da colheita ele juntava o que dava e saia cedo para vender. Eram tempos difíceis e Castiel sabia muito bem, melhor que seus irmãos, quando o pai estava passando por eles.

— Castiel está fedendo! – exclamou Miguel tampando o nariz com a ponta dos dedos, assim que seu irmão se sentou a mesa para tomar café da manhã. Leite com cereal e mel, ao menos Castiel podia se dar ao luxo de ter mel caseiro, os do supermercado estavam caros demais e ele amava mel. Chuck que dava comida para Rafael, seu outro irmão de apenas um ano, olhou na direção dele, mas logo voltou ao que estava fazendo.

— Você é tão fresco. Nem parece que tem dezessete. – retrucou Lúcifer virando uma jarra de suco em seu copo, derramando um pouco sobre a mesa ao puxar a força da mão de Miguel – Por que tampa o nariz desse jeito, não consegue ser mais gay?

— Já disse. Cas está cheirando mal! E cala a boca idiota, o único gay aqui é você. – Miguel abanou a mão na frente do rosto olhando irritado para Cas que respirava pesadamente sobre a mesa ainda cansado pelo treino.

Seus olhos vagando por ela. Haviam seis pessoas contando com ele, mas pareciam haver sessenta de tão barulhento que estava.

As vezes tudo que ele queria era silenciar todo mundo como naqueles filmes mudos, menos o pai. Ele já parecia estar com o mudo ligado há milênios, de vez em quando avançava no tempo e falava alguma coisa... Rara eram essas vezes.

— Vá se limpar antes da aula. – foi uma delas, por exemplo. A única coisa que Chuck disse antes de pegar Rafael no colo e sair da cozinha. Cas engoliu rapidamente o café, levou a tigela a pia e lavou a sua louça e a de seus irmãos também que só jogaram na pia e correram.

Todos pestes.

Ele precisava realmente de um banho antes de ir para aula. Tirou toda a roupa e pôs na máquina de lavar que ficava próximo ao chuveiro – ela já estava bem desgastada, com marcas de ferrugem próximas do chão e dos lados, era de se imaginar devido a umidade do local. – Ele entrou logo depois. A água mal saia e ainda por cima estava abrasante, a tubulação tinha esquentado devido ao calor do sol.

Seria perfeito para o inverno, mas nesse momento estava quente demais para um tomar banho escaldante. Ele deu alguns pulos antes de sua pele se acostumar com o ardor. Uma música preencheu o ambiente. Havia um rádio antigo na beirada exterior de um basculante acima de sua cabeça. Ela poderia ser até um pouco profunda para uma manhã ensolarada, mas Cas gostava de músicas deste estilo, na verdade ele era do tipo eclético, escutava de tudo um pouco. E essa em si contava uma história.

Chuck tinha o mesmo gosto musical de Cas, inclusive cantava nesse momento, ao menos assim ele conseguia ter uma conexão com seu pai. Através de notas e melodias.

You can be my cure (Destiel) || CORREÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora