QUARENTA

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Castiel não se lembra de muitas coisas do que aconteceu após acordar.

Ele lembra de ainda estar abraçando o corpo de Gabe, lembra de Dick o separando a força dele e o levar para fora.

Foi como se tirassem uma parte dele, doeu tanto que pareciam estar cortando seu braço fora enquanto puxavam o pequeno para fora da sala. Porque Dick era um canalha que não sabia como tratar pessoas muito menos os mortos.

Não que já houvesse entrado na cabeça dele que seu irmão não ia mais abrir os olhos e voltar. Comer doces e chorar por ter quebrado seu carregador. Isso não era justo. Se ele pudesse voltar no tempo e abraçar Gabe tão apertado ele iria.

Sem sombra de dúvidas.

E Cas estava cotando se perder nas próprias lembranças. Estava cotando a apertar no botão chamado mundo e desligá-lo, mas havia algo lá que o prendia.

Além dos seus sonhos de ser um artista.

Era Dean.

O sorriso dele, os seus toques, o cheiro dele quando o imprensava contra uma parede - carvalho molhado após chuva no campo - ou em como seus dedos se perdiam em seus cabelos que precisavam ser cortados.

Naquelas vibrações na boca do estômago quando o garoto beijava seu pescoço e o chamava de apelidos carinhosos.

Ele tentou ignorar quando Dick veio e retirou as amarras de suas pernas o jogando embaixo de um chuveiro de água congelante totalmente despido.

Ignorou a comida que lhe foi servida e as roupas novas. Lhe direcionou o olhar mais degradante que podia quando Dick cismou em acariciar sua cabeça como se ele fosse algum tipo de cachorro que fosse seguir suas ordens e não falar o que de acordo com ele eram "bobagens".

Mas ainda faltava algo que Dick não tinha. Cas não havia dito sim. Até Dick tentar arrancar dele pelo que parecia a décima vez.

Ele puxou o cabelo de Cas erguendo seu rosto e se ajoelhou a sua frente.

Ambos de joelhos um de frente ao outro.

— Sem joguinhos. Sem brincadeiras. Só eu e você, bebê.

As olheiras nos olhos de Cas faziam-no aparentar estar doente. O fato era que a realidade que ele estava vivendo o fazia doente. Não estava mais aguentando. Se não fosse por sempre ver Dean quando cerrava os olhos, já teria arriscado sua vida um bilhão de vezes em todas as oportunidades traiçoeiras que apareciam ali.

Ele nem ligava mais se fosse morrer.

Mas tudo que restava de seguro era implorar, mas mal para isso ele tinha forças.

— Vai ser um sim para mim ou um sim para a morte?

Dick o abraçou beijando o lado de seu rosto e Cas olhou para a mesa onde estava o prato de sua comida e bem do lado um garfo.

Ele se imaginou furando as costas de Dick. Se imaginou correndo pelos corredores e passando pela porta da saída.

Mas ele estava preso pelos pés. E a chave não estava ali.

— Por favor me deixe ir Dick. O quê você vai ganhar fazendo isso?

Dick revirou os olhos bufando.

— Eu só estou tentando te transformar em alguém melhor.

— Me ameaçando? Me dando a merda de um banho? Me dando falsos carinhos... Você é retardado?

Ele riu se levantando.

— Você como sempre é audaz.

— Eu quero falar com Jonas e Frederick. Sozinho. – O outro tentou.

You can be my cure (Destiel) || CORREÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora