Ataque

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Capítulo 8

Ataque

          Os dias seguintes se passaram com uma velocidade em que mais pareceram horas. Talvez fosse o desespero, mas meu treinamento havia avançado a uma velocidade bem maior do que a da primeira semana. E por avançar, eu quero dizer que eu estava conseguindo mover as pedras maiores agora. Porém, havia uma grande diferença entre empurrar pedras e lutar contra coisas vivas.


          Os nossos inimigos seriam outros Amaldiçoados, e com certeza mais experientes do que eu. Normalmente eu teria me dado ao conforto de pensar que Dragão me colocaria para lutar do lado de um dos membros mais experientes da guilda, mas a afirmação dele de que eu era uma "peça principal" me fazia sentir como se eu estivesse sendo jogado aos lobos.

          No mais, os outros membros da guilda pareciam bem confiantes. Eles haviam juntado os pertences que possuíam no antigo manicômio e estavam os levando para a Cidade Acorrentada. Isso queria dizer que eles estavam bem confiantes no resultado da batalha, ou que talvez nós todos morreríamos de qualquer forma se perdêssemos, então não fazia sentido fazer duas viagens. Boneca era a única que parecia preocupada com alguma coisa, no caso, eu. Desde manhã, ela tem me seguido para quase todo o lado e movimentado os braços como se estivesse me incentivando. Com o tempo, ficava mais fácil entender o que ela queria dizer, mas o fato de justo ela ser a pessoa mais gentil da guilda ainda me deixava um tanto desconfortável.

          Eu estava revisando mentalmente pela décima sétima vez as posições que eu havia passado sete anos repetindo na Escola do Divino. Considerando que o meu treinamento nas últimas semanas, desde a passagem pela área de Terra Morta, se resumiu a empurrar pedras, o básico era a única coisa que eu tinha para me manter vivo em uma luta. E então, assim como eu já esperava, minha espinha se gelou quando a tal Cidade Acorrentada apareceu no horizonte.

          Eu estava esperando um lugar mais decadente, com correntes penduradas para todo o lado, e uma aura de opressão. Mas eu só estava meio certo. O lugar realmente estava decadente e com uma aura, mas em vez de opressão, era abandono. E sem correntes a vista. Enquanto me decidia se aquilo era algum conforto, Dragão se posicionou a frente da guilda.

          — Nós vamos fazer como o de costume. Eles já sabem que nós estamos vindo, então devem ter se preparado.

          Espera aí, o quê!?

          — Eles sabem que nós estamos indo atacar eles!? — perguntei, visivelmente desesperado.

          — Sim, esse é o nosso procedimento padrão — respondeu Dragão.

          — Mas não faria mais sentido pegar eles de surpresa?

          Aparentemente minha pergunta foi mais engraçada do que eu pensava, pois Cavala estava tentando abafar risadinhas enquanto Sombra tinha um olhar que parecia misturar pena com desgosto no rosto.

          — Talvez isso funcionasse se nós pudéssemos terminar as lutas com rapidez. Mas não vai ser o caso — começou a explicar Dragão.

          — Eles são mais fortes do que nós? — perguntei, um tanto quanto nervoso.

          — Não mais, mas não o suficiente para isso ser uma luta fácil. E é por isso que você vai ser uma peça importante nessa luta.

          E aqui vamos nós. Que espécie de ordem suicida ele iria me dar agora?

          — Eu os avisei que estaríamos levando um novato sem experiência de combate para a luta. E também dei suas características para que eles possam reconhecê-lo.

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