Estrela Morta

Desaparecidos

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          Agora com Alanis e Brennus sob vigia, nossos dias na escola haviam se tornado bem mais ocupados. As gêmeas frequentavam as aulas diariamente para ter certeza que o diretor não se aproximaria dos dois durante a prática enquanto eu passava as noites de olho no corredor que ligava os dormitórios para ter certeza que eles não sairiam durante a noite ou até mesmo alguém entraria para buscá-los.

          Como tinha certeza que Alanis seria a próxima vítima do diretor, pedi para que Alícia me informasse se a aluna decidisse sair da escola. Não contei para ela o motivo por precaução, embora fosse pouco provável que o diretor estivesse trabalhando com alguém, eu não conseguiria dizer qual seria a reação dela quando eu contasse sobre os experimentos. Principalmente sem nenhuma prova física.

          Tirando isso, a única coisa que havia mudado no nosso plano original era Carina. Desde quando nos conhecemos, ela tem passado mais e mais tempo com as gêmeas. Bem, perto delas. Coque era educada o suficiente para manter uma conversa, porém Cavala parecia se incomodar com a atitude dela.

          Pessoalmente, não tinha problemas com a maga, mas, considerando a nossa missão, eu desejava que ela não tentasse se aproximar muito de nós.

          Mas mesmo eu não podia negar que, entre todos os discursos dela, a maga havia nos dados informações preciosas sobre os sistemas de detecção da escola. Ela nunca explicou diretamente como as coisas funcionavam, mas descreveu tanto as várias teorias, que era possível ter uma ideia de como eles haviam escolhido montá-lo.

          — Dependendo de como se monta um sistema, é possível detectar vários tipos de presença. Alguns são feitos para detectar qualquer forma de vida e outros são mais direcionados, como os cristais detectores de Miasma. Para locais como a escola, que tem um fluxo grande de pessoas, é redundante manter um sistema apenas para indicar a presença de alguém. Normalmente lugares mais populosos possuem sistemas que alertam para tipos específicos. Como o efeito de escurecer de um cristal detector quando alguém absorve Miasma próximo dele.

          Foi preciso muita paciência e atenção, mas com o tempo, consegui deduzir que a escola não tinha nenhum sistema que monitorasse a presença de pessoas e a utilização de magia na escola. Todos os sistemas de detecção de Miasma que ela havia mencionado usavam cristais como reagentes principais, então era improvável que existisse algum desses sistemas na escola em si. Talvez na torre do diretor.

          Mas, informações a parte, Carina parecia ter se apagado bastante ao nosso grupo. Toda chance que tinha, ela acompanhava as gêmeas pelos corredores ou ficava conversando comigo enquanto esperava a aula acabar. Nós também tivemos que cancelar qualquer plano de fazer reuniões à noite, porque a pequena maga tinha ganhado o hábito de vir até o meu quarto toda noite para me falar alguma coisa sobre seus estudos.

          Talvez eu finalmente estivesse me acostumando à minha situação de Amaldiçoado, pois era estranho falar com alguém com as defesas tão baixas. Toda vez que ela estava por perto, parecia que Carina se deixava desprotegida de propósito, ela não conseguiria reagir a um peteleco se você tivesse a intenção de acertá-la.

          No começo, achei que era apenas o jeito dela, mas após pegá-la conversando com um dos professores da escola, pude perceber que a maga só ficava desprotegida daquele jeito quando estava conosco. Era estranho pensar que alguém poderia se sentir tão confortável com um grupo de pessoas que mal conhecia.

          — Aquela hamster está me dando nos nervos! O que vocês ficam falando toda noite afinal de contas?

          Cavala estava visivelmente irritada com a situação. Eu não a culpava. Normalmente, ela não fechava a matraca, mas dentro da escola, só podia falar livremente comigo, Coque e, estranhamente, Brennus. Ter tão poucas chances de falar deveria a estar deixando louca.