Correntes e Bainhas

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Capítulo 9

Correntes e Bainhas

          A prefeitura não ficava muito longe. Logo o prefeito enfrentaria um dos três membros mais famosos da Estrela Morta e eu acabaria tendo que lidar com uma das crianças. Mas isso não era ruim. Um Amaldiçoado era um ótimo espécime para experimentos.

          A notícia de que seríamos atacado por outra guilda veio em um bom momento. O último dos antigos moradores da vila que havia sido entregue para mim como cobaia finalmente morreu. Bem, não que um ser desfigurado em coma como aquele pudesse ter sido de grande valia de qualquer forma.

          Estava tão animado para recomeçar meus experimentos que havia passado os últimos dias preparando minhas misturas. Ácidos, venenos, doenças e até afrodisíacos, já que, pelo que diziam, a Tigresa Caçadora era especialmente bonita. Talvez eu conseguisse tirar uma casca dela antes que o Duque a tomasse para si. Assim como havia feito com meus antigos pacientes enquanto eu ainda tinha que posar de médico. A vila havia sido um ótimo laboratório de estudos, mas a melhor parte era quando eu conseguia autorização para quebrar as pessoas. Dizer que elas haviam morrido e então passar meses a fio torturando-as no porão. Bons tempos, bons tempos. E eu estava prestes a revivê-los.

          — Hum, você tem um bom local aqui — disse uma voz feminina, vinda da entrada.

          Olhando para trás, vi uma mulher de cabelos castanhos e usando tanta roupa quanto uma das dançarinas de Alabia entrando no local. Não havia dúvidas, aquela deveria ser a Tigresa Caçadora. Seu corpo era especialmente delicioso, fazendo com que até mesmo um senhor de idade como eu sentisse suas calças apertando apenas em sua presença.

          — Oh, não esperava que um dos três grandes da guilda viesse me visitar pessoalmente.

          — Nosso batedor disse que havia um alquimista aqui. Eu achei que seria cortês de minha parte vir cumprimentá-lo pessoalmente, sendo uma alquimista também.

          Eu mal consegui escutar o que ela dizia, as imagens de como eu usaria seu corpo antes de entregá-la ao Duque já inundavam minha mente. Oh, as chances, as possibilidades. Eu só precisaria abrir uma tampa e a sala iria se encher com um gás anestésico que só eu possuo resistência contra. Depois disso, eu só precisaria imobilizá-la e...

          — Você é bem pervertido para um velho, não?

          A voz veio como um sussurro em minha orelha. Em algum momento, ela havia se movido da entrada para trás de mim, seus seios se pressionando em minhas costas, uma mão em minha ereção e outra deslizando pelo meu rosto.

          — Não que eu me importe — disse ela, com sua voz banhada em sensualidade.

          Ela então me arranhou com um dos seus dedos, nada muito profundo, e me soltou, andando lentamente para a entrada. A surpresa me fez ficar parado por um instante, mas logo recobrei meus sentidos. A idiota deveria ter me matado naquele momento. Agora sua punição seria ainda pior quando eu pusesse minhas mãos nela. Eu levei minha mão para a tampa do recipiente com o anestésico, mas ela parou no meio do caminho.

          Eu tentei mexê-la novamente, mas o máximo que consegui foi fazê-la tremer. Quando tentei me virar na direção da Amaldiçoada indo embora, percebi que o efeito havia se espalhado para o resto do meu corpo.

          — Ah, você percebeu — disse a Amaldiçoada. — Esse é um dos meus esmaltes favoritos, o verde combina bem com meus olhos. E é claro, a planta base é uma de minhas favoritas.

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