23. E então, ela desapareceu...

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23 de janeiro, terça-feira

Eu estava cansada de tudo. Cansada do Callum e tudo o que ele estava fazendo. Cansada de perder tantas pessoas. Cansada de coisas acontecerem em datas que deveriam ser especiais para mim. Formatura, Natal, Ano-novo, e bem, meu Aniversário de 15 anos.

Um vazio enorme me invadiu quando soube que Nicole havia sido levada. Um vazio no peito, uma vontade de me derramar em prantos, mas eu não aguentava mais uma lágrima.

O dia amanhecia. Minhas colegas de quarto já haviam saído. Nenhuma queria olhar na minha cara. Em cima de meu criado-mudo, um bilhete, escrito à mão, por uma letra excepcional.

Feliz Aniversário! Desejo força nas próximas batalhas, Dolman!

Calorosamente,

Dáfne Louvain.

A assinatura era de Dáfne Louvain. Era uma das famosas Veux, e apesar de conversar mais com a Bella, gostava das outras. Dáfne tinha longas madeixas coloridas em rosa, e eram encaracoladas até o último fio. Estávamos no mesmo dormitório, e apesar de não termos trocado muitas palavras, ela era uma pessoa dócil, com poderes definidos com o elemento Ar, assim como eu.

Isabelle Champoundry, a líder de cabelos azuis e lisos, era minha conselheira, vez ou outra. Seus poderes eram de Água e sempre conversávamos pelos jardins da escola. Ela é ótima com palavras, e incrivelmente, é a única pessoa que eu conheço que consegue fazer com que eu me sinta calma, como se todos os problemas que eu tenho, ela soubesse que posso resolvê-los.

Geralmente eu via nos jardins. Ela apreciava contato com qualquer tipo de natureza, e eu gostava de estar no meio das flores.

Isabella ainda expressava o desejo de que eu me juntasse à elas, e sei que as quatro Veux conheciam minha origem.

As outras duas do grupo, eu não costumava ver tanto.

Simone Roux, que era a rockeira de estilo completamente fantástico. Cabelos verdes e encaracolados, não era tão sociável como as outras. Ela é mais fechada e centrada em si mesma.

E por último, tem a Louise Chevalier, invejo sua inteligente. Ela faz cálculos mentais que deixam qualquer calculadora científica no chinelo. Cabelos lisos e roxos. Somos das mesmas aulas. Mas eu raramente apareço nas salas.

Gostava delas. Apesar de saberem demais sobre minha vida, e que eu era uma Dolman.

Boatos do tipo já estavam correndo pela MDS, de que eu era a herdeira da Sociedade de guerreiras mais famosa.

Coisa de destin desocupado!

Guardei o bilhete de Dáfne com carinho dentro da primeira gaveta. A tatuagem em meus braços ainda permaneciam, e incomodavam de forma apreensiva. Anna estava escondendo a verdade de mim. No fundo, sabia disso.

Desci o tobogã, minha cabeça à mil, e o medo de que Nicole pudesse sofrer uma violência me assolava. Eu tenho que arranjar alguma forma de impedir que qualquer coisa possa acontecer, e vou agir rápido.

Empurrei a porta da sala, e alguns olhares se voltaram em minha direção.

Vi que ao lado de Ellen tinha um lugar livre. Bem, costumava ser o lugar de Nic.

- Posso sentar aqui? - perguntei, sussurrando em seu ouvido.

Ela assentiu afirmativamente com a cabeça, enquanto tomei posse do banco. Seus olhos apresentavam duas olheiras enormes de uma noite muito mal dormida.

- Você acha que ela vai ficar bem? - Ellen sussurrou de volta, soltando o ar de seus pulmões.

- Vai sim. - respondi, com convicção. - Eu vou atrás dela, e manterei Nic viva, nem que seja a última coisa que eu faça.

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